13/04/2010

Almada sem frente ribeirinha

Almada cresceu explosivamente desde que, em 1966, foi construída a ponte 25 de Abril.

Paulatinamente, tirando partido de terrenos mais baratos e da "desregulação" que resultou de Abril de 74, a cidade expandiu-se para todos os lados e, tem hoje, para cima de 165 mil habitantes. Atraiu sobretudo migrantes de Lisboa e do Alentejo e de África e, mais recentemente, do Brasil e do Leste europeu.

Para além da cidade propriamente dita, a mancha urbana espalha-se por vastas áreas do norte do distrito de Setúbal, em geral, de forma caótica e sob a batuta de "patos-bravos". Sob este ponto de vista, a área em redor de Almada, é um desastre urbanístico e ecológico.

Sendo verdade que os últimos 30 anos foram de grande renovação da malha económica do distrito de Setúbal - desindustrialização -, também é certo que a área é politicamente "vermelha" e, até por isso, reproduz um modelo perpétuo que assegura um capital político de descontamento - transportes, acessos e desemprego - e um urbanismo pobre, retrógado e caótico. Para mostrar oposição, a autarquia planta obras "soviéticas" para fazer juz à máxima que com a CDU é "Trabalho - Honestidade - Competência", a falácia mais repetida em Portugal.

Mas voltemos ao que interessa!
Almada fica na margem esquerda do rio Tejo e tem uma vista fabulosa sobre Lisboa. Com alguma felicidade, os terrenos ao longo do rio ainda não foram engolidos pelo betão. Todavia, estão ocupados por relíquias industriais, ruínas, sucata e lixo.

A ausência de uma estratégia inteligente que tire partido do Tejo e da sua frente ribeirinha é proporcional às vistas que se podem ter sobre a ponte, a capital e o rio, a partir da (1) Pousada da Juventude, (2) do Cristo-Rei, ele próprio (3) vigiando a capital.