Concretizada a manobra de censura, terminou hoje o programa «As escolhas de Marcelo» na RTP.
(fotografia de «Público»)
28/02/2010
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Magalhães para todos - Introdução à Informática.
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Tecnologia
Eduardo Mondlane - Um Homem a Abater
José Manuel Duarte de Jesus, diplomata reformado e doutor em História das Relações Internacionais pela Universidade Nova de Lisboa, lançou um interessante livro sobre Eduardo Mondlane (editora Almedina).
O livro é apresentado da seguinte forma: «Moçambicano, académico americano, funcionário da ONU, primeiro presidente da FRELIMO, amigo de Adriano Moreira, casado com uma americana branca, procurou com insistência a independência pela negociação. Portugal recusou. Recorreu à guerra. Ouvido na Administração Kennedy, influenciou a estratégia americana em África. Foi líder considerado na Europa, em Moscovo e em Pequim. Procurou que Moçambique não caísse na dependência das potências da guerra-fria. Veio a pagar com a vida a sua independência. Encontra-se nesta obra, entre outros inéditos, o strategy paper entregue por Mondlane aos americanos em 1961, e outro do mesmo ano que um grupo de portugueses da área do regime fez chegar a Salazar pela mão de Franco Nogueira, sugerindo uma nova política externa e ultramarina».
O livro é apresentado da seguinte forma: «Moçambicano, académico americano, funcionário da ONU, primeiro presidente da FRELIMO, amigo de Adriano Moreira, casado com uma americana branca, procurou com insistência a independência pela negociação. Portugal recusou. Recorreu à guerra. Ouvido na Administração Kennedy, influenciou a estratégia americana em África. Foi líder considerado na Europa, em Moscovo e em Pequim. Procurou que Moçambique não caísse na dependência das potências da guerra-fria. Veio a pagar com a vida a sua independência. Encontra-se nesta obra, entre outros inéditos, o strategy paper entregue por Mondlane aos americanos em 1961, e outro do mesmo ano que um grupo de portugueses da área do regime fez chegar a Salazar pela mão de Franco Nogueira, sugerindo uma nova política externa e ultramarina».
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Ditador, terrorista e palhaço
Muammar Khadafi, o ditador terrorista que há 41 anos dirige a Líbia e que, na cena internacional é useiro na figura de palhaço, lançou uma jihad sobre a Suiça, na sequência dos problemas abertos pelo filho Hannibal, em 2008, com as autoridades helvéticas.
«Qualquer muçulmano em todo o mundo que esteja trabalhando com a Suíça é um apóstata, é contra Maomé, contra Deus e contra o Alcorão", disse Kadafi durante um evento de comemoração do nascimento do profeta, realizado na cidade líbia de Benghazi. Ele afirmou que a Suíça é um "Estado infiel e obsceno, que está destruindo mesquitas", referindo-se à proibição de construir minaretes, determinada por um referendo suíço», diz o ditador.
A União Europeia e as Nações Unidas já consideraram as declarações como inaceitáveis.
Enfim, o homem voltou a ter uma recaída.
«Qualquer muçulmano em todo o mundo que esteja trabalhando com a Suíça é um apóstata, é contra Maomé, contra Deus e contra o Alcorão", disse Kadafi durante um evento de comemoração do nascimento do profeta, realizado na cidade líbia de Benghazi. Ele afirmou que a Suíça é um "Estado infiel e obsceno, que está destruindo mesquitas", referindo-se à proibição de construir minaretes, determinada por um referendo suíço», diz o ditador.
A União Europeia e as Nações Unidas já consideraram as declarações como inaceitáveis.
Enfim, o homem voltou a ter uma recaída.
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Terrorismo
26/02/2010
Socretinices: virtude ou a falta dela
António Costa entende que discutir o caráter dos políticos é "baixa política". Até o repetiu na Quadratura do Círculo. Também não se calam os que fazem coro com José Sócrates e se queixam daquilo que designam como um "assassinato de caráter" - algo que, subentende-se, seria interdito em política.
Não têm razão: os políticos são figuras públicas que, numa democracia, não podem liderar apenas pela imposição da sua vontade, mas pela inspiração do seu exemplo. Sendo que numa democracia os fins, justos ou injustos, não justificam os meios. Por isso, quando falamos de ética republicana, não falamos apenas do estrito cumprimento da lei (ou da aparência do cumprimento da lei), mas de um nível mais elevado de exigência. E de exigência moral.
Os que se sentam na cadeira do poder não são apenas julgados pelos eleitores ou, em casos limite, pelos tribunais: também respondem perante a opinião pública. Por outro lado, se nalgumas democracias o escrutínio das figuras públicas vai até à sua vida íntima, o que não recomendo, é consensual que ao exercício do poder corresponde uma compressão da área de reserva da vida privada, pois os cidadãos querem conhecer as virtudes e os defeitos dos que elegem.
Sócrates não pode pois escapar a um julgamento de caráter - não por alguém sentir que tem especial autoridade moral para o fazer, mas porque os seus defeitos de caráter se tornaram tão evidentes que se transformaram num problema político central.
O primeiro-ministro começa por ter um problema na relação com a verdade e a mentira, parecendo incapaz de as distinguir. As suas declarações sobre o que sabia ou não sabia do negócio PT/TVI há muito que perderam toda a credibilidade e se transformaram num jogo de palavras destinado apenas a criar uma ilusão nos que estão menos informados. Contudo este episódio é apenas o mais recente de uma longa série de meias verdades ou de mentiras que pontuam "um percurso de opacidades", para utilizar uma expressão de Maria Filomena Mónica.
E que opacidades. Nenhum político português deixou atrás de si um rasto tão longo e tão desagradável de casos "mal explicados". Como a memória é curta, recordemos os mais relevantes:
- A forma como assinou dezenas de projetos de arquitectura e engenharia no concelho da Guarda no tempo em que era técnico da Câmara da Covilhã;
- A sua associação, por um ano, à Sovenco, uma empresa de importação de pneus em que um dos sócios era Armando Vara;
- As nunca investigadas conversas intercetadas durante a investigação a Luís Monterroso em que intercede por empresas amigas junto de autarcas;
- As condições de relativa facilidade de que beneficiou para concluir a licenciatura na Independente;
- A controvérsia da atribuição de um generoso subsídio à Deco, acima do previsto legalmente;
- O envolvimento de figuras que lhe são muito próximas no chamado "processo da Cova da Beira", que levou anos a ser investigado;
- A diferença entre o preço que pagou pelo seu apartamento na Rua Castilho, em Lisboa, e o preço pago por alguns moradores;
- O papel que desempenhou como pivot da negociação com Daniel Campelo e que permitiu a aprovação do "orçamento do queijo limiano";
- As dúvidas sobre a forma e a celeridade do licenciamento final do Freeport, a maior parte delas levantada na imprensa ainda antes da denúncia anónima e, sobretudo, da carta vinda do Reino Unido;
- O aparecimento, no Parlamento, por alturas do "caso da Independente", de duas fichas diferentes de deputado, uma delas rasurada, indiciando uma possível falsificação que nunca ninguém investigou;
Não é pois preciso lembrar a sua relação doentia com os jornalistas ou a sua obsessão com a imagem, e ainda menos de apurar o que se passou no processo de compra da TVI, para perceber que um tal "rasto" de dúvidas e casos seria notícia em qualquer parte do mundo. Ao contrário do que José Sócrates tem repetido, não houve tentativas de "assassinato de caráter": houve e haverá dezenas de notícias que existem porque alguma coisa no caráter do político não permite que olhemos para elas como casos isolados, antes formando um padrão coerente. Para mal de todos nós.
Nenhuma das situações citadas, mesmo as que foram investigadas pelas autoridades judiciais, fizeram sentar Sócrates no banco dos réus. Só que o padrão evidenciado não é um problema judicial, é um problema político. E o que está em causa é a confiança dos cidadãos e dos outros agentes políticos num primeiro-ministro de que não se sabe quando está a ser sincero e cujo comportamento, por demasiadas vezes, suscitou dúvidas.
Mais: nasce-se na família em que se nasce, mas os amigos escolhem-se. E se José Sócrates pode facilmente demarcar-se do primo e do tio que invocaram o seu nome no "caso Freeport", é mais difícil manter-se fiel a Armando Vara (para não falar dos administradores nomeados pelo Governo para a PT, nomeadamente do extraordinário Rui Pedro Soares); ou não se ter distanciado de um dos réus do "caso da Cova da Beira", António José Morais, que lhe ministrou três das cinco cadeiras que frequentou na Universidade Independente; ou não se ter pronunciado pelo afastamento imediato de Lopes da Mota do Eurojust quando se levantaram as suspeitas, confirmadas, de que este pressionara os colegas encarregues da investigação do "caso Freeport"; e...
Cícero, o grande tribuno romano, costumava dizer que a virtude dos Estados dependia da virtude nos homens. Para todos os que pensam que o Estado, em Portugal, ainda não é unipessoal, antes serve todos os portugueses, a virtude e o caráter dos políticos não é um assunto para deixar fora do debate público. Sobretudo quando se adensa um sentimento coletivo de impotência e vergonha.
José Manuel Fernandes, Jornalista
in «Público», 26.02.2010
Não têm razão: os políticos são figuras públicas que, numa democracia, não podem liderar apenas pela imposição da sua vontade, mas pela inspiração do seu exemplo. Sendo que numa democracia os fins, justos ou injustos, não justificam os meios. Por isso, quando falamos de ética republicana, não falamos apenas do estrito cumprimento da lei (ou da aparência do cumprimento da lei), mas de um nível mais elevado de exigência. E de exigência moral.
Os que se sentam na cadeira do poder não são apenas julgados pelos eleitores ou, em casos limite, pelos tribunais: também respondem perante a opinião pública. Por outro lado, se nalgumas democracias o escrutínio das figuras públicas vai até à sua vida íntima, o que não recomendo, é consensual que ao exercício do poder corresponde uma compressão da área de reserva da vida privada, pois os cidadãos querem conhecer as virtudes e os defeitos dos que elegem.
Sócrates não pode pois escapar a um julgamento de caráter - não por alguém sentir que tem especial autoridade moral para o fazer, mas porque os seus defeitos de caráter se tornaram tão evidentes que se transformaram num problema político central.
O primeiro-ministro começa por ter um problema na relação com a verdade e a mentira, parecendo incapaz de as distinguir. As suas declarações sobre o que sabia ou não sabia do negócio PT/TVI há muito que perderam toda a credibilidade e se transformaram num jogo de palavras destinado apenas a criar uma ilusão nos que estão menos informados. Contudo este episódio é apenas o mais recente de uma longa série de meias verdades ou de mentiras que pontuam "um percurso de opacidades", para utilizar uma expressão de Maria Filomena Mónica.
E que opacidades. Nenhum político português deixou atrás de si um rasto tão longo e tão desagradável de casos "mal explicados". Como a memória é curta, recordemos os mais relevantes:
- A forma como assinou dezenas de projetos de arquitectura e engenharia no concelho da Guarda no tempo em que era técnico da Câmara da Covilhã;
- A sua associação, por um ano, à Sovenco, uma empresa de importação de pneus em que um dos sócios era Armando Vara;
- As nunca investigadas conversas intercetadas durante a investigação a Luís Monterroso em que intercede por empresas amigas junto de autarcas;
- As condições de relativa facilidade de que beneficiou para concluir a licenciatura na Independente;
- A controvérsia da atribuição de um generoso subsídio à Deco, acima do previsto legalmente;
- O envolvimento de figuras que lhe são muito próximas no chamado "processo da Cova da Beira", que levou anos a ser investigado;
- A diferença entre o preço que pagou pelo seu apartamento na Rua Castilho, em Lisboa, e o preço pago por alguns moradores;
- O papel que desempenhou como pivot da negociação com Daniel Campelo e que permitiu a aprovação do "orçamento do queijo limiano";
- As dúvidas sobre a forma e a celeridade do licenciamento final do Freeport, a maior parte delas levantada na imprensa ainda antes da denúncia anónima e, sobretudo, da carta vinda do Reino Unido;
- O aparecimento, no Parlamento, por alturas do "caso da Independente", de duas fichas diferentes de deputado, uma delas rasurada, indiciando uma possível falsificação que nunca ninguém investigou;
Não é pois preciso lembrar a sua relação doentia com os jornalistas ou a sua obsessão com a imagem, e ainda menos de apurar o que se passou no processo de compra da TVI, para perceber que um tal "rasto" de dúvidas e casos seria notícia em qualquer parte do mundo. Ao contrário do que José Sócrates tem repetido, não houve tentativas de "assassinato de caráter": houve e haverá dezenas de notícias que existem porque alguma coisa no caráter do político não permite que olhemos para elas como casos isolados, antes formando um padrão coerente. Para mal de todos nós.
Nenhuma das situações citadas, mesmo as que foram investigadas pelas autoridades judiciais, fizeram sentar Sócrates no banco dos réus. Só que o padrão evidenciado não é um problema judicial, é um problema político. E o que está em causa é a confiança dos cidadãos e dos outros agentes políticos num primeiro-ministro de que não se sabe quando está a ser sincero e cujo comportamento, por demasiadas vezes, suscitou dúvidas.
Mais: nasce-se na família em que se nasce, mas os amigos escolhem-se. E se José Sócrates pode facilmente demarcar-se do primo e do tio que invocaram o seu nome no "caso Freeport", é mais difícil manter-se fiel a Armando Vara (para não falar dos administradores nomeados pelo Governo para a PT, nomeadamente do extraordinário Rui Pedro Soares); ou não se ter distanciado de um dos réus do "caso da Cova da Beira", António José Morais, que lhe ministrou três das cinco cadeiras que frequentou na Universidade Independente; ou não se ter pronunciado pelo afastamento imediato de Lopes da Mota do Eurojust quando se levantaram as suspeitas, confirmadas, de que este pressionara os colegas encarregues da investigação do "caso Freeport"; e...
Cícero, o grande tribuno romano, costumava dizer que a virtude dos Estados dependia da virtude nos homens. Para todos os que pensam que o Estado, em Portugal, ainda não é unipessoal, antes serve todos os portugueses, a virtude e o caráter dos políticos não é um assunto para deixar fora do debate público. Sobretudo quando se adensa um sentimento coletivo de impotência e vergonha.
José Manuel Fernandes, Jornalista
in «Público», 26.02.2010
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25/02/2010
O eloquente advogado de Sócrates
António de Almeida Santos, advogado eloquente de Lourenço Marques, Moçambique, e actual presidente do PS português, é o estratega jurídico da defesa de José Sócrates.
Na verdade, à medida que se vão cavando novas minhocas (Casas da Covilhã, Universidade Independente, Cova da Beira, PT-TVI, etc.) e se aperta o cerco ao chefe do governo de Portugal, a linha de defesa tem sido a sistemática negação dos indícios, a total ausência de esclarecimentos sobre as matérias, as respostas vagas, a reafirmação de desconhecimento de acontecimentos envolvendo gente próxima (familiares, amigos, jovens JS, etc.) - não esclarecer, negar, confundiar, distrair, ignorar.
E, todavia, a chave para explicar a defesa orientada pelo seu camarada é muito simples, um autêntico ovo-de-colombo: em Direito, é à acusação que cabe provar a culpa.
E, a despeito das escutas, sem cadáver não se prova o crime.
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O naufrágio
Na semana passada li na imprensa uma frase terrível. A frase era de um pescador sobrevivente do naufrágio da traineira Delfim, ao largo da Costa da Caparica, num destes dias de mau tempo que têm marcado um Inverno especialmente rigoroso. Uma onda gigantesca foi ao encontro da embarcação, esta virou-se, os pescadores ficaram debaixo, um desapareceu logo, outros dois deram as mãos.
Um destes, de nome Pedro, tinha 25 anos; o outro, 62.
Ao fim de uma hora e tal, o mais velho morreu. E sobre o que depois se passou, Pedro disse a seguinte frase:
– Senti que ele estava morto mas não lhe larguei a mão, para não ficar sozinho.
Esta frase ficou a matraquear-me o espírito. «Não lhe larguei a mão para não ficar sozinho». Para aquele homem perdido no mar, a companhia de um morto era preferível à solidão.
Lembrei-me então de uma história igualmente terrível contada há anos por Clara Pinto Correia. Escrevia ela que, quando trabalhava numa instituição científica nos Estados Unidos, uma colega que ia fazer uma experiência qualquer com um cadáver lhe disse:
– Ao menos vou tocar em pessoas.
A ideia arrepia. Em certas profissões, as pessoas atingem um tal ponto de solidão que a dissecação de um morto se pode transformar num momento agradável porque permite o contacto com a natureza humana.
Em certo sentido, esta história é uma metáfora. Nas sociedades contemporâneas, o problema da solidão tornou-se uma questão central. A solidão das pessoas sozinhas – e a solidão, mais profunda, das pessoas acompanhadas.
A civilização tem evoluído no sentido da desumanização da sociedade, do individualismo, da diminuição das relações entre os humanos em benefício das relações com as máquinas – e isso está a provocar distúrbios sociais de dimensão incalculável.
O meu pai nunca teve televisão. Ou melhor, só admitiu uma televisão em casa mesmo no fim da vida, porque dizia que o televisor era um aparelho diabólico que impedia as conversas em família ou sabotava as reuniões de amigos. E dava exemplos: recebera o convite para ir jantar a casa de alguém, tinham-se posto todos a olhar para a televisão, a páginas tantas começaram a levantar-se, despediram-se – e o ‘encontro’ acabou assim.
Na primeira vez que veio a Portugal depois de um longo exílio na Europa passámos férias juntos numa casa na serra da Gardunha – uma casa alugada a um guarda-florestal – onde no centro da sala havia uma lareira. Como estava frio, acendíamo-la todas as noites. E ficávamos a conversar, olhando para as chamas, que faziam desenhos sempre diferentes.
Um dia ele disse:
– A lareira é a nossa televisão.
E era. O fogo proporcionava imagens fascinantes, de uma grande variedade. Mas entre a lareira e a televisão existia um abismo: a lareira favorecia a conversa, a presença da lareira estimulava o espírito, enquanto a televisão monopoliza a atenção, mata as conversas, quebra a afectividade, gera a solidão. A televisão estabelece uma relação unívoca entre o espectador e o aparelho. Que seca tudo à sua volta.
O meu pai viveu a era da televisão – à qual resistiu sempre, como disse – mas já não viveu a era dos computadores. Ora, esta potenciou brutalmente a solidão introduzida nas sociedades modernas pela TV.
É que, enquanto a televisão ainda pode ser vista em família, em ambiente familiar, o computador é um objecto eminentemente pessoal. Na televisão as pessoas podem ver juntas um filme, um telejornal, uma reportagem – e podem ir comentando o que vão vendo. Embora a regra geral seja o silêncio, de vez em quando aquilo que passa no ecrã provoca uma observação, um comentário.
Mas com a entrada dos computadores na vida das pessoas, nem isso sobreviveu. O computador é de utilização individual, não se usa em grupo. Nos serões familiares, é hoje vulgar ver-se cada um dos membros da família agarrado ao seu computador, mergulhado na sua particular solidão, relacionando-se com um aparelho, mexendo em teclas de plástico.
O computador afastou ainda mais as pessoas umas das outras – criando o homem-objecto ligado à máquina, que serve para tudo: para trabalhar, para conversar com outras pessoas, para jogar, para encomendar compras no supermercado, para movimentar a conta bancária, para fazer sexo (virtual, claro).
No limite, o ser humano tornar-_-se-á um robô que não anda, não fala com ninguém, não vai à rua – e passa 24 horas agarrado ao computador, com os dedos martelando no teclado e os olhos pregados no ecrã.
A mim, isto assusta-me. Mas é certamente um problema meu. Porque as novas gerações nem sequer percebem o problema. Acham normal passar o dia presos ao computador. E, quando não estão no computador, estão a ver televisão, a jogar playstation ou então ao telemóvel, enviando e recebendo mensagens.
E muitos adultos também já estão infantilizados. Há uns meses fui com uns colegas ao estrangeiro. Quando chegámos ao hotel, já noite alta, convidei-os para uma bebida no bar. Tinha sido uma viagem longa de avião e apetecia-me descontrair com uma boa conversa à frente de um copo de whisky – bebida que aliás só me sabe bem em condições especiais.
Sentámo-nos. Encomendámos três whiskies com água e gelo, o empregado pousou os copos na mesa e eu preparei-me para começar a conversa. Disse duas palavras para o ar mas não obtive resposta. Olhei então melhor para os meus companheiros de viagem. Um estava completamente absorto a fazer um jogo no telemóvel, com os olhos vidrados no pequeno ecrã, o outro, também de telemóvel em punho, carregava febrilmente nas pequenas teclas, possivelmente respondendo a mensagens que tinham chegado durante a viagem.
Desisti da conversa. Sozinho, lembrei-me do meu pai e dos serões à lareira, que era «a nossa televisão». Como estamos já tão longe deste tempo! Como nos tornámos tão tristemente solitários, cada um no seu cantinho com o seu telemóvel ou o seu computador – ‘computador pessoal’, como ele próprio se intitula.
Estamos a construir uma sociedade monstruosa, desumanizada, destituída de alma, onde as relações humanas são cada vez mais ténues e utilitárias.
Adquirimos a última maravilha tecnológica convencidos de que, com isso, vamos tornar-nos mais felizes. Mas vamo-nos tornando apenas mais sós. Deixámos de ter vida colectiva. A sociedade é um somatório de milhões de existências individualizadas. Não percebemos a importância da presença humana.
Ou melhor, só a entendemos nos momentos de desespero – em que a companhia de um cadáver pode ser bastante para não nos sentirmos sozinhos.
José António Saraiva
in «Sol», 19.02.2010
Um destes, de nome Pedro, tinha 25 anos; o outro, 62.
Ao fim de uma hora e tal, o mais velho morreu. E sobre o que depois se passou, Pedro disse a seguinte frase:
– Senti que ele estava morto mas não lhe larguei a mão, para não ficar sozinho.
Esta frase ficou a matraquear-me o espírito. «Não lhe larguei a mão para não ficar sozinho». Para aquele homem perdido no mar, a companhia de um morto era preferível à solidão.
Lembrei-me então de uma história igualmente terrível contada há anos por Clara Pinto Correia. Escrevia ela que, quando trabalhava numa instituição científica nos Estados Unidos, uma colega que ia fazer uma experiência qualquer com um cadáver lhe disse:
– Ao menos vou tocar em pessoas.
A ideia arrepia. Em certas profissões, as pessoas atingem um tal ponto de solidão que a dissecação de um morto se pode transformar num momento agradável porque permite o contacto com a natureza humana.
Em certo sentido, esta história é uma metáfora. Nas sociedades contemporâneas, o problema da solidão tornou-se uma questão central. A solidão das pessoas sozinhas – e a solidão, mais profunda, das pessoas acompanhadas.
A civilização tem evoluído no sentido da desumanização da sociedade, do individualismo, da diminuição das relações entre os humanos em benefício das relações com as máquinas – e isso está a provocar distúrbios sociais de dimensão incalculável.
O meu pai nunca teve televisão. Ou melhor, só admitiu uma televisão em casa mesmo no fim da vida, porque dizia que o televisor era um aparelho diabólico que impedia as conversas em família ou sabotava as reuniões de amigos. E dava exemplos: recebera o convite para ir jantar a casa de alguém, tinham-se posto todos a olhar para a televisão, a páginas tantas começaram a levantar-se, despediram-se – e o ‘encontro’ acabou assim.
Na primeira vez que veio a Portugal depois de um longo exílio na Europa passámos férias juntos numa casa na serra da Gardunha – uma casa alugada a um guarda-florestal – onde no centro da sala havia uma lareira. Como estava frio, acendíamo-la todas as noites. E ficávamos a conversar, olhando para as chamas, que faziam desenhos sempre diferentes.
Um dia ele disse:
– A lareira é a nossa televisão.
E era. O fogo proporcionava imagens fascinantes, de uma grande variedade. Mas entre a lareira e a televisão existia um abismo: a lareira favorecia a conversa, a presença da lareira estimulava o espírito, enquanto a televisão monopoliza a atenção, mata as conversas, quebra a afectividade, gera a solidão. A televisão estabelece uma relação unívoca entre o espectador e o aparelho. Que seca tudo à sua volta.
O meu pai viveu a era da televisão – à qual resistiu sempre, como disse – mas já não viveu a era dos computadores. Ora, esta potenciou brutalmente a solidão introduzida nas sociedades modernas pela TV.
É que, enquanto a televisão ainda pode ser vista em família, em ambiente familiar, o computador é um objecto eminentemente pessoal. Na televisão as pessoas podem ver juntas um filme, um telejornal, uma reportagem – e podem ir comentando o que vão vendo. Embora a regra geral seja o silêncio, de vez em quando aquilo que passa no ecrã provoca uma observação, um comentário.
Mas com a entrada dos computadores na vida das pessoas, nem isso sobreviveu. O computador é de utilização individual, não se usa em grupo. Nos serões familiares, é hoje vulgar ver-se cada um dos membros da família agarrado ao seu computador, mergulhado na sua particular solidão, relacionando-se com um aparelho, mexendo em teclas de plástico.
O computador afastou ainda mais as pessoas umas das outras – criando o homem-objecto ligado à máquina, que serve para tudo: para trabalhar, para conversar com outras pessoas, para jogar, para encomendar compras no supermercado, para movimentar a conta bancária, para fazer sexo (virtual, claro).
No limite, o ser humano tornar-_-se-á um robô que não anda, não fala com ninguém, não vai à rua – e passa 24 horas agarrado ao computador, com os dedos martelando no teclado e os olhos pregados no ecrã.
A mim, isto assusta-me. Mas é certamente um problema meu. Porque as novas gerações nem sequer percebem o problema. Acham normal passar o dia presos ao computador. E, quando não estão no computador, estão a ver televisão, a jogar playstation ou então ao telemóvel, enviando e recebendo mensagens.
E muitos adultos também já estão infantilizados. Há uns meses fui com uns colegas ao estrangeiro. Quando chegámos ao hotel, já noite alta, convidei-os para uma bebida no bar. Tinha sido uma viagem longa de avião e apetecia-me descontrair com uma boa conversa à frente de um copo de whisky – bebida que aliás só me sabe bem em condições especiais.
Sentámo-nos. Encomendámos três whiskies com água e gelo, o empregado pousou os copos na mesa e eu preparei-me para começar a conversa. Disse duas palavras para o ar mas não obtive resposta. Olhei então melhor para os meus companheiros de viagem. Um estava completamente absorto a fazer um jogo no telemóvel, com os olhos vidrados no pequeno ecrã, o outro, também de telemóvel em punho, carregava febrilmente nas pequenas teclas, possivelmente respondendo a mensagens que tinham chegado durante a viagem.
Desisti da conversa. Sozinho, lembrei-me do meu pai e dos serões à lareira, que era «a nossa televisão». Como estamos já tão longe deste tempo! Como nos tornámos tão tristemente solitários, cada um no seu cantinho com o seu telemóvel ou o seu computador – ‘computador pessoal’, como ele próprio se intitula.
Estamos a construir uma sociedade monstruosa, desumanizada, destituída de alma, onde as relações humanas são cada vez mais ténues e utilitárias.
Adquirimos a última maravilha tecnológica convencidos de que, com isso, vamos tornar-nos mais felizes. Mas vamo-nos tornando apenas mais sós. Deixámos de ter vida colectiva. A sociedade é um somatório de milhões de existências individualizadas. Não percebemos a importância da presença humana.
Ou melhor, só a entendemos nos momentos de desespero – em que a companhia de um cadáver pode ser bastante para não nos sentirmos sozinhos.
José António Saraiva
in «Sol», 19.02.2010
A ETA e o Último Tango em Paris
Há 37 anos, os franceses viam O Último Tango em Paris.
Os portugueses tiveram de esperar por Agosto de 1974. Já os espanhóis, pelo menos os que residiam no Norte, tiravam proveito da sua localização geográfica e aos fins-de-semana metiam-se no carro, passavam os Pirenéus, faziam compras nos supermercados franceses (nesses tempos pretéritos o comércio regia-se pelos princípios daquele cartaz d’Os Verdes que nos manda comer produtos nacionais: um supermercado francês tinha as prateleiras cheias de coisas francesas difíceis de encontrar em Espanha) e davam animação às salas de cinema gaulesas onde podiam ver aquilo que literalmente a censura espanhola lhes tirava da frente dos olhos. O Último Tango em Paris terá mesmo gerado uma espécie de excursionismo cinéfilo.
Foi precisamente o desejo de ver o que em Espanha não se podia ver que nesse ano de 1973 levou José Humberto Fouz Escobero, de 29 anos, Jorge Juan García Carneiro, de 23, e Fernando Quiroga Veiga, de 25, a vestir fato e gravata e atravessar a fronteira de Irún. Uma ida a uma discoteca em França também fazia parte dos seus planos. Foi na discoteca que um comando da ETA os viu.
Fosse por estarem de fato ou por serem novos e bem constituídos, a verdade é que os homens da ETA se convenceram que estavam perante polícias espanhóis à paisana. Do que sucedeu daí em diante só se sabe seguramente que os três jovens galegos nunca mais foram vistos. O restante, que é tenebroso, tem sido reconstituído a partir das declarações soltas de etarras e fala de torturas inimagináveis até que aos algozes se tornou evidente que estavam apenas perante três rapazes que tinham ido ver O Último Tango em Paris. A ETA, que então passava por antifascista e gozava de largas simpatias nos sectores democráticos, ocultou estes cadáveres que testemunhavam a sua barbárie.
Há algum tempo que tinha pensado escrever sobre José Humberto Fouz Escobero, Jorge Juan García Carneiro e Fernando Quiroga Veiga. Talvez a data mais apropriada fosse na semana de 23 de Março, dia em que desapareceram. Mas antecipei essa decisão ao ouvir na rádio as declarações de Teletxea Maia sobre a tortura que a polícia espanhola exerce sobre os acusados de pertencerem à ETA. Não é segredo para ninguém que foi usada tortura no interrogatório a etarras na ditadura e também na democracia, e é esta última que para o caso interessa. Mas não só esse procedimento foi e é condenado com veemência pelos responsáveis espanhóis como foram feitos inquéritos e houve condenações, nomeadamente a do ex-general Galindo.
O que até agora nunca se ouviu foi um pedido de desculpa por parte da ETA. Nem sequer, ao fim destes 37 anos, os seus membros entenderam ser já tempo de deixar as armas ou, pelo menos, de dizer onde está o que resta dos corpos desses três rapazes que puseram fato domingueiro para irem ver O Último Tango em Paris.
Helena Matos
in «Público», 25.02.2010
Os portugueses tiveram de esperar por Agosto de 1974. Já os espanhóis, pelo menos os que residiam no Norte, tiravam proveito da sua localização geográfica e aos fins-de-semana metiam-se no carro, passavam os Pirenéus, faziam compras nos supermercados franceses (nesses tempos pretéritos o comércio regia-se pelos princípios daquele cartaz d’Os Verdes que nos manda comer produtos nacionais: um supermercado francês tinha as prateleiras cheias de coisas francesas difíceis de encontrar em Espanha) e davam animação às salas de cinema gaulesas onde podiam ver aquilo que literalmente a censura espanhola lhes tirava da frente dos olhos. O Último Tango em Paris terá mesmo gerado uma espécie de excursionismo cinéfilo.
Foi precisamente o desejo de ver o que em Espanha não se podia ver que nesse ano de 1973 levou José Humberto Fouz Escobero, de 29 anos, Jorge Juan García Carneiro, de 23, e Fernando Quiroga Veiga, de 25, a vestir fato e gravata e atravessar a fronteira de Irún. Uma ida a uma discoteca em França também fazia parte dos seus planos. Foi na discoteca que um comando da ETA os viu.
Fosse por estarem de fato ou por serem novos e bem constituídos, a verdade é que os homens da ETA se convenceram que estavam perante polícias espanhóis à paisana. Do que sucedeu daí em diante só se sabe seguramente que os três jovens galegos nunca mais foram vistos. O restante, que é tenebroso, tem sido reconstituído a partir das declarações soltas de etarras e fala de torturas inimagináveis até que aos algozes se tornou evidente que estavam apenas perante três rapazes que tinham ido ver O Último Tango em Paris. A ETA, que então passava por antifascista e gozava de largas simpatias nos sectores democráticos, ocultou estes cadáveres que testemunhavam a sua barbárie.
Há algum tempo que tinha pensado escrever sobre José Humberto Fouz Escobero, Jorge Juan García Carneiro e Fernando Quiroga Veiga. Talvez a data mais apropriada fosse na semana de 23 de Março, dia em que desapareceram. Mas antecipei essa decisão ao ouvir na rádio as declarações de Teletxea Maia sobre a tortura que a polícia espanhola exerce sobre os acusados de pertencerem à ETA. Não é segredo para ninguém que foi usada tortura no interrogatório a etarras na ditadura e também na democracia, e é esta última que para o caso interessa. Mas não só esse procedimento foi e é condenado com veemência pelos responsáveis espanhóis como foram feitos inquéritos e houve condenações, nomeadamente a do ex-general Galindo.
O que até agora nunca se ouviu foi um pedido de desculpa por parte da ETA. Nem sequer, ao fim destes 37 anos, os seus membros entenderam ser já tempo de deixar as armas ou, pelo menos, de dizer onde está o que resta dos corpos desses três rapazes que puseram fato domingueiro para irem ver O Último Tango em Paris.
Helena Matos
in «Público», 25.02.2010
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24/02/2010
Cuba: Assassinato! Orlando Zapata Tamayo
Após uma greve de fome de 85 dias, o preso político cubano Orlando Zapata Tamayo, de 42 anos, faleceu no hospital de Havana. Trinta outros opositores foram detidos para impedir que participem no funeral.
É o socialismo castrista na sua verdadeira face: assassínio puro por delito de ideias.
Esperam-se declarações da Embaixada da Ditadura à Rua Soeiro Pereira Gomes em Lisboa, Portugal.
É o socialismo castrista na sua verdadeira face: assassínio puro por delito de ideias.
Esperam-se declarações da Embaixada da Ditadura à Rua Soeiro Pereira Gomes em Lisboa, Portugal.
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Comunismo
23/02/2010
Coisas positivas
Não é surpresa! Já se sabia que a família Soares dos Santos tinha constituído a Fundação Francisco Manuel dos Santos como forma de promover o conhecimento da realidade portuguesa, o reforço dos direitos dos cidadãos e a melhoria das instituições públicas.
O seu fundador convidou António Barreto, sociólogo, para presidir à administração da instituição e levar a cabo os objetivos traçados.
Hoje, a Fundação deu a conhecer a PORDATA, a base de dados de Portugal Contemporâneo.
É um excelente trabalho de uma excelente iniciativa:
O seu fundador convidou António Barreto, sociólogo, para presidir à administração da instituição e levar a cabo os objetivos traçados.
Hoje, a Fundação deu a conhecer a PORDATA, a base de dados de Portugal Contemporâneo.
É um excelente trabalho de uma excelente iniciativa:
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Opinião
22/02/2010
Somos todos madeirenses
A catástrofe que se abateu sobre a Ilha da Madeira tornou evidente como tantas vezes se perde tempo com mesquinhices e insignificâncias. Ainda há dias, parecia importante discutir o "orçamento das regiões" e, finalmente, somos levados a perceber como era uma poeira para os olhos e as mentes.
Alberto João Jardim, que tem obra feita na Região, perante o drama, mostra mais uma vez que não baixa os braços, que tem capacidade de mobilizar meios e vontades para salvar os vivos e homenagear os mortos. Sem dúvida, é o herói do momento!
Importa, por uma vez, reconhecer que o governo de Portugal reagiu com prontidão e responsabilidade.
Bem ficaria que fizesse aprovar um imposto especial de apoio ao povo madeirense - qualquer coisa como +1% de IRS em Março (em 1990, na Alemanha, foi aprovado um imposto de apoio ao Leste). Ainda que a solidariedade não seja obrigatória, era um enorme e merecido sinal de que todos os portugueses estão com os seus compatriotas da Madeira.
Alberto João Jardim, que tem obra feita na Região, perante o drama, mostra mais uma vez que não baixa os braços, que tem capacidade de mobilizar meios e vontades para salvar os vivos e homenagear os mortos. Sem dúvida, é o herói do momento!
Importa, por uma vez, reconhecer que o governo de Portugal reagiu com prontidão e responsabilidade.
Bem ficaria que fizesse aprovar um imposto especial de apoio ao povo madeirense - qualquer coisa como +1% de IRS em Março (em 1990, na Alemanha, foi aprovado um imposto de apoio ao Leste). Ainda que a solidariedade não seja obrigatória, era um enorme e merecido sinal de que todos os portugueses estão com os seus compatriotas da Madeira.
21/02/2010
Grande Hotel da Incompetência
Símbolo da megalomania de um empresário colonial, 35 anos de independência não foram suficientes para um governo da Frelimo - um qualquer deles - encontrar uma solução para o escandaloso "zoo" em que está transformado o mais famoso edifício da cidade da Beira (Moçambique) e que é um verdadeiro monumento à sua incompetência.
(fotos: Revista Pública, 27.12.2009)
(fotos: Revista Pública, 27.12.2009)
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Lapsos de memória
A história tem destas coisas: a arqueologia encontra documentos notáveis sobre importantes acontecimentos do passado - neste caso, o novo militante inscreve-se no Partido Social Democrata que ainda não tinha esse nome!
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Poligamia
20/02/2010
Apoio ao José
Manifestação de apoio a José Sócrates, realizada na tarde do dia 20 de Fevereiro.
Imagens directas do local - Alameda Dom Afonso Henriques, Lisboa - com os apoiantes ao fundo, do lado esquerdo:
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Socialismo
Burrada
A burrada continua! Depois de uma "imprevidência cautelar", depois de reais buscas policiais, o garoto socialista abre a boca e inventa a curiosa e oportuna eliminação do «Jornal de Sexta» da TVI.
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Socialismo
19/02/2010
737 mil desempregados
Segundo o INE (*), no último trimestre de 2009, o desemprego em Portugal atingiu 563,3 mil indivíduos a que corresponderia uma taxa de desemprego de 10,1 por cento.
Mas, se a esse número adicionarmos o subemprego visível (67,2 mil), mais os inativos disponíveis (73,5 mil) e os inativos desencorajados (33 mil), estaremos a falar de 737 mil indivíduos realmente desempregados e de uma taxa de desemprego de 12,9 por cento no último trimestre de 2009.
É a realidade nua e crua. Uma realidade que, segundo o INE e quando comparamos os valores médios de 2009 e 2010, viu desaparecer num ano 143,7 mil empregos. Quase todos eles empregos a tempo inteiro, já que a população a tempo parcial se manteve praticamente inalterável.
Hoje, 11,6 por cento da população empregada trabalha a tempo parcial. 848,9 mil indivíduos têm contrato a termo ou outro e representam já 22 por cento dos trabalhadores por conta de outrem.
A tudo isto some-se os baixos salários praticados em Portugal e tente imaginar-se o resultado de uma política económica que escolheu, como via para ultrapassar a crise, a redução dos salários, a precariedade e o aumento do desemprego
in «http://abrasivo.blogs.sapo.pt», 17.02.2010
(*) sabe-se lá se os números não são a la grega
Mas, se a esse número adicionarmos o subemprego visível (67,2 mil), mais os inativos disponíveis (73,5 mil) e os inativos desencorajados (33 mil), estaremos a falar de 737 mil indivíduos realmente desempregados e de uma taxa de desemprego de 12,9 por cento no último trimestre de 2009.
É a realidade nua e crua. Uma realidade que, segundo o INE e quando comparamos os valores médios de 2009 e 2010, viu desaparecer num ano 143,7 mil empregos. Quase todos eles empregos a tempo inteiro, já que a população a tempo parcial se manteve praticamente inalterável.
Hoje, 11,6 por cento da população empregada trabalha a tempo parcial. 848,9 mil indivíduos têm contrato a termo ou outro e representam já 22 por cento dos trabalhadores por conta de outrem.
A tudo isto some-se os baixos salários praticados em Portugal e tente imaginar-se o resultado de uma política económica que escolheu, como via para ultrapassar a crise, a redução dos salários, a precariedade e o aumento do desemprego
in «http://abrasivo.blogs.sapo.pt», 17.02.2010
(*) sabe-se lá se os números não são a la grega
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Socialismo
O Polvo
Uma interessante entrevista de Mário Crespo ao «Correio da Manhã»: o PS devia afastar o José!
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17/02/2010
Previsões em 2008
Sócrates e a liberdade
EM CONSEQUÊNCIA DA REVOLUÇÃO DE 1974, criou raízes entre nós a ideia de que qualquer forma de autoridade era fascista. Nem mais, nem menos. Um professor na escola exigia silêncio e cumprimento dos deveres? Fascista! Um engenheiro dava instruções precisas aos trabalhadores no estaleiro? Fascista! Um médico determinava procedimentos específicos no bloco operatório? Fascista! Até os pais que exerciam as suas funções educativas em casa eram tratados de fascistas.
Pode parecer caricatura, mas essas tontices tiveram uma vida longa e inspiraram decisões, legislação e comportamentos públicos. Durante anos, sob a designação de diálogo democrático, a hesitação e o adiamento foram sendo cultivados, enquanto a autoridade ia sendo posta em causa. Na escola, muito especialmente, a autoridade do professor foi quase totalmente destruída.
EM TRAÇO GROSSO, esta moda tinha como princípio a liberdade. Os denunciadores dos “fascistas” faziam-no por causa da liberdade. Os demolidores da autoridade agiam em nome da liberdade. Sabemos que isso era aparência: muitos condenavam a autoridade dos outros, nunca a sua própria; ou defendiam a sua liberdade, jamais a dos outros. Mas enfim, a liberdade foi o santo e a senha da nova sociedade e das novas culturas. Como é costume com os excessos, toda a gente deixou de prestar atenção aos que, uma vez por outra, apareciam a defender a liberdade ou a denunciar formas abusivas de autoridade. A tal ponto que os candidatos a déspota começaram a sentir que era fácil atentar, aqui e ali, contra a liberdade: a capacidade de reacção da população estava no mais baixo.
POR ISSO SINTO INCÓMODO em vir discutir, em 2008, a questão da liberdade. Mas a verdade é que os últimos tempos têm revelado factos e tendências já mais do que simplesmente preocupantes. As causas desta evolução estão, umas, na vida internacional, outras na Europa, mas a maior parte residem no nosso país. Foram tomadas medidas e decisões que limitam injustificadamente a liberdade dos indivíduos. A expressão de opiniões e de crenças está hoje mais limitada do que há dez anos. A vigilância do Estado sobre os cidadãos é colossal e reforça-se. A acumulação, nas mãos do Estado, de informações sobre as pessoas e a vida privada cresce e organiza-se. O registo e o exame dos telefonemas, da correspondência e da navegação na Internet são legais e ilimitados. Por causa do fisco, do controlo pessoal e das despesas com a saúde, condiciona-se a vida de toda a população e tornam-se obrigatórios padrões de comportamento individual.
O CATÁLOGO É ENORME. De fora, chegam ameaças sem conta e que reduzem efectivamente as liberdades e os direitos dos indivíduos. A Al Qaeda, por exemplo, acaba de condicionar a vida de parte do continente africano, de uma organização europeia, de milhares de desportistas e de centenas de milhares de adeptos. Por causa das regulações do tráfego aéreo, as viagens de avião transformaram-se em rituais de humilhação e desconforto atentatórios da dignidade humana. Da União Europeia chegam, todos os dias, centenas de páginas de novas regulações e directivas que, sob a capa das melhores intenções do mundo, interferem com a vida privada e limitam as liberdades. Também da Europa nos veio esta extraordinária conspiração dos governos com o fim de evitar os referendos nacionais ao novo tratado da União.
MAS NEM É PRECISO IR LÁ FORA. A vida portuguesa oferece exemplos todos os dias. A nova lei de controlo do tráfego telefónico permite escutar e guardar os dados técnicos (origem e destino) de todos os telefonemas durante pelo menos um ano. Os novos modelos de bilhete de identidade e de carta de condução, com acumulação de dados pessoais e registos históricos, são meios intrusivos. A videovigilância, sem limites de situações, de espaços e de tempo, é um claro abuso. A repressão e as represálias exercidas sobre funcionários são já publicamente conhecidas e geralmente temidas. A politização dos serviços de informação e a sua dependência directa da Presidência do Conselho de Ministros revela as intenções e os apetites do Primeiro-ministro. A interdição de partidos com menos de 5.000 militantes inscritos e a necessidade de os partidos enviarem ao Estado a lista nominal dos seus membros é um acto de prepotência. A pesada mão do governo agiu na Caixa Geral de Depósitos e no Banco Comercial Português com intuitos evidentes de submeter essas empresas e de, através delas, condicionar os capitalistas, obrigando-os a gestos amistosos. A retirada dos nomes dos santos de centenas de escolas (e quem sabe se também, depois, de instituições, cidades e localidades) é um acto ridículo de fundamentalismo intolerante. As interferências do governo nos serviços de rádio e televisão, públicos ou privados, assim como na “comunicação social” em geral, sucedem-se. A legislação sobre a segurança alimentar e a actuação da ASAE ultrapassaram todos os limites imagináveis da decência e do respeito pelas pessoas. A lei contra o tabaco está destituída de qualquer equilíbrio e reduz a liberdade.
NÃO SEI SE SÓCRATES É FASCISTA. Não me parece, mas, sinceramente, não sei. De qualquer modo, o importante não está aí. O que ele não suporta é a independência dos outros, das pessoas, das organizações, das empresas ou das instituições. Não tolera ser contrariado, nem admite que se pense de modo diferente daquele que organizou com as suas poderosas agências de intoxicação a que chama de comunicação. No seu ideal de vida, todos seriam submetidos ao Regime Disciplinar da Função Pública, revisto e reforçado pelo seu governo. O Primeiro-ministro José Sócrates é a mais séria ameaça contra a liberdade, contra autonomia das iniciativas privadas e contra a independência pessoal que Portugal conheceu nas últimas três décadas.
TEMOS DE RECONHECER: tão inquietante quanto esta tendência insaciável para o despotismo e a concentração de poder é a falta de reacção dos cidadãos. A passividade de tanta gente. Será anestesia? Resignação? Acordo? Só se for medo...
António Barreto
in «Público», "Retrato da Semana", 06.01.2008
EM CONSEQUÊNCIA DA REVOLUÇÃO DE 1974, criou raízes entre nós a ideia de que qualquer forma de autoridade era fascista. Nem mais, nem menos. Um professor na escola exigia silêncio e cumprimento dos deveres? Fascista! Um engenheiro dava instruções precisas aos trabalhadores no estaleiro? Fascista! Um médico determinava procedimentos específicos no bloco operatório? Fascista! Até os pais que exerciam as suas funções educativas em casa eram tratados de fascistas.
Pode parecer caricatura, mas essas tontices tiveram uma vida longa e inspiraram decisões, legislação e comportamentos públicos. Durante anos, sob a designação de diálogo democrático, a hesitação e o adiamento foram sendo cultivados, enquanto a autoridade ia sendo posta em causa. Na escola, muito especialmente, a autoridade do professor foi quase totalmente destruída.
EM TRAÇO GROSSO, esta moda tinha como princípio a liberdade. Os denunciadores dos “fascistas” faziam-no por causa da liberdade. Os demolidores da autoridade agiam em nome da liberdade. Sabemos que isso era aparência: muitos condenavam a autoridade dos outros, nunca a sua própria; ou defendiam a sua liberdade, jamais a dos outros. Mas enfim, a liberdade foi o santo e a senha da nova sociedade e das novas culturas. Como é costume com os excessos, toda a gente deixou de prestar atenção aos que, uma vez por outra, apareciam a defender a liberdade ou a denunciar formas abusivas de autoridade. A tal ponto que os candidatos a déspota começaram a sentir que era fácil atentar, aqui e ali, contra a liberdade: a capacidade de reacção da população estava no mais baixo.
POR ISSO SINTO INCÓMODO em vir discutir, em 2008, a questão da liberdade. Mas a verdade é que os últimos tempos têm revelado factos e tendências já mais do que simplesmente preocupantes. As causas desta evolução estão, umas, na vida internacional, outras na Europa, mas a maior parte residem no nosso país. Foram tomadas medidas e decisões que limitam injustificadamente a liberdade dos indivíduos. A expressão de opiniões e de crenças está hoje mais limitada do que há dez anos. A vigilância do Estado sobre os cidadãos é colossal e reforça-se. A acumulação, nas mãos do Estado, de informações sobre as pessoas e a vida privada cresce e organiza-se. O registo e o exame dos telefonemas, da correspondência e da navegação na Internet são legais e ilimitados. Por causa do fisco, do controlo pessoal e das despesas com a saúde, condiciona-se a vida de toda a população e tornam-se obrigatórios padrões de comportamento individual.
O CATÁLOGO É ENORME. De fora, chegam ameaças sem conta e que reduzem efectivamente as liberdades e os direitos dos indivíduos. A Al Qaeda, por exemplo, acaba de condicionar a vida de parte do continente africano, de uma organização europeia, de milhares de desportistas e de centenas de milhares de adeptos. Por causa das regulações do tráfego aéreo, as viagens de avião transformaram-se em rituais de humilhação e desconforto atentatórios da dignidade humana. Da União Europeia chegam, todos os dias, centenas de páginas de novas regulações e directivas que, sob a capa das melhores intenções do mundo, interferem com a vida privada e limitam as liberdades. Também da Europa nos veio esta extraordinária conspiração dos governos com o fim de evitar os referendos nacionais ao novo tratado da União.
MAS NEM É PRECISO IR LÁ FORA. A vida portuguesa oferece exemplos todos os dias. A nova lei de controlo do tráfego telefónico permite escutar e guardar os dados técnicos (origem e destino) de todos os telefonemas durante pelo menos um ano. Os novos modelos de bilhete de identidade e de carta de condução, com acumulação de dados pessoais e registos históricos, são meios intrusivos. A videovigilância, sem limites de situações, de espaços e de tempo, é um claro abuso. A repressão e as represálias exercidas sobre funcionários são já publicamente conhecidas e geralmente temidas. A politização dos serviços de informação e a sua dependência directa da Presidência do Conselho de Ministros revela as intenções e os apetites do Primeiro-ministro. A interdição de partidos com menos de 5.000 militantes inscritos e a necessidade de os partidos enviarem ao Estado a lista nominal dos seus membros é um acto de prepotência. A pesada mão do governo agiu na Caixa Geral de Depósitos e no Banco Comercial Português com intuitos evidentes de submeter essas empresas e de, através delas, condicionar os capitalistas, obrigando-os a gestos amistosos. A retirada dos nomes dos santos de centenas de escolas (e quem sabe se também, depois, de instituições, cidades e localidades) é um acto ridículo de fundamentalismo intolerante. As interferências do governo nos serviços de rádio e televisão, públicos ou privados, assim como na “comunicação social” em geral, sucedem-se. A legislação sobre a segurança alimentar e a actuação da ASAE ultrapassaram todos os limites imagináveis da decência e do respeito pelas pessoas. A lei contra o tabaco está destituída de qualquer equilíbrio e reduz a liberdade.
NÃO SEI SE SÓCRATES É FASCISTA. Não me parece, mas, sinceramente, não sei. De qualquer modo, o importante não está aí. O que ele não suporta é a independência dos outros, das pessoas, das organizações, das empresas ou das instituições. Não tolera ser contrariado, nem admite que se pense de modo diferente daquele que organizou com as suas poderosas agências de intoxicação a que chama de comunicação. No seu ideal de vida, todos seriam submetidos ao Regime Disciplinar da Função Pública, revisto e reforçado pelo seu governo. O Primeiro-ministro José Sócrates é a mais séria ameaça contra a liberdade, contra autonomia das iniciativas privadas e contra a independência pessoal que Portugal conheceu nas últimas três décadas.
TEMOS DE RECONHECER: tão inquietante quanto esta tendência insaciável para o despotismo e a concentração de poder é a falta de reacção dos cidadãos. A passividade de tanta gente. Será anestesia? Resignação? Acordo? Só se for medo...
António Barreto
in «Público», "Retrato da Semana", 06.01.2008
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Maputo a ferro e fogo
Os negócios da droga continuam a fazer vítimas em Maputo: dois agentes da Polícia de Investigação Criminal foram atraídos para emboscadas montadas por quadrilhas ligadas ao tráfico de droga e roubo de viaturas. Terminaram assassinados a rajadas de Kalashnikov.Há suspeitas de informação passada de dentro da PIC para elementos a soldo dos meliantes.
Segundo o «Notícias» de Maputo, dois agentes da Polícia de Investigação Criminal (PIC), na cidade de Maputo, foram, em menos de 48 horas, baleados brutalmente por indivíduos ainda desconhecidos e a monte.
O primeiro caso registou-se na noite do sábado 13, junto ao Jardim 28 de Maio ou Jardim dos "Madjermane", no Alto Maé, e o segundo aconteceu pouco depois das 15 horas de da segunda 15, em plena Avenida Marginal, na zona do Clube Naval.
No segundo assassinato, ao que o «Notícias» apurou de fontes policiais, encontrou a morte o agente Ricardo Mondlane, que se fazia transportar numa viatura Toyota Hilux, que momentos antes da sua morte teria sido contatado, via telefone, por um conhecido seu, para resolver um assunto. O local combinado foi a zona do Clube Naval, próximo das bombas da BP, uma área concorrida por muita gente em busca de momentos de lazer, em dias de altas temperaturas.
Mondlane terá sido o primeiro a chegar, tendo se mantido no interior da sua viatura à espera dos indivíduos que o teriam contactado. Momentos depois terá chegado ao ponto combinado um mini-bus Toyota Coaster, de matrícula não apurada, de onde desceram três indivíduos fortemente armados. Usando três armas do tipo AKM, os atiradores dispararam contra o agente da PIC que perdeu a vida de imediato após ser atingido por vários tiros em diversas regiões da sua cabeça.
Dias Balate, director da PIC na cidade de Maputo, que esteve no local momentos depois do crime, disse ser prematuro avançar com qualquer pormenor sobre o que teria acontecido, reservando para um outro momento esclarecimentos sobre o assunto. Contudo, indicou que a corporação estava chocada com o que aconteceu e que tudo será feito para que os autores do crime sejam encontrados e que possam responder em juízo.
O corpo da vítima permaneceu dentro da viatura por mais de 45 minutos, isto após a realização de exames periciais por parte dos colegas. Por causa disso, o trânsito na zona da Marginal ficou condicionado.
Entretanto, o assassinato de sábado, no qual foi morto um outro agente da PIC, identificado pelo nome de Mahoze, as autoridades policiais confirmaram, também, tratar-se de uma emboscada movida por meliantes ainda a monte. A vítima aparentava 25 anos e foi surpreendida por criminosos que dispararam, primeiro, vários tiros sobre os pneus da sua viatura e, uma vez imobilizada, trataram de atirar contra ele, sucumbindo a caminho do hospital.
Tal como no outro caso, a Polícia diz estar a trabalhar com todas as informações disponíveis para se chegar aos autores do crime, não descartando a possibilidade de os dois homicídios estarem interligados, sobretudo quando se olha para o intervalo de tempo em que ocorreram e as caraterísticas brutais que os rodearam.
in «Jornal Notícias», Maputo, 16.02.2010
Segundo o «Notícias» de Maputo, dois agentes da Polícia de Investigação Criminal (PIC), na cidade de Maputo, foram, em menos de 48 horas, baleados brutalmente por indivíduos ainda desconhecidos e a monte.
O primeiro caso registou-se na noite do sábado 13, junto ao Jardim 28 de Maio ou Jardim dos "Madjermane", no Alto Maé, e o segundo aconteceu pouco depois das 15 horas de da segunda 15, em plena Avenida Marginal, na zona do Clube Naval.
No segundo assassinato, ao que o «Notícias» apurou de fontes policiais, encontrou a morte o agente Ricardo Mondlane, que se fazia transportar numa viatura Toyota Hilux, que momentos antes da sua morte teria sido contatado, via telefone, por um conhecido seu, para resolver um assunto. O local combinado foi a zona do Clube Naval, próximo das bombas da BP, uma área concorrida por muita gente em busca de momentos de lazer, em dias de altas temperaturas.
Mondlane terá sido o primeiro a chegar, tendo se mantido no interior da sua viatura à espera dos indivíduos que o teriam contactado. Momentos depois terá chegado ao ponto combinado um mini-bus Toyota Coaster, de matrícula não apurada, de onde desceram três indivíduos fortemente armados. Usando três armas do tipo AKM, os atiradores dispararam contra o agente da PIC que perdeu a vida de imediato após ser atingido por vários tiros em diversas regiões da sua cabeça.
Dias Balate, director da PIC na cidade de Maputo, que esteve no local momentos depois do crime, disse ser prematuro avançar com qualquer pormenor sobre o que teria acontecido, reservando para um outro momento esclarecimentos sobre o assunto. Contudo, indicou que a corporação estava chocada com o que aconteceu e que tudo será feito para que os autores do crime sejam encontrados e que possam responder em juízo.
O corpo da vítima permaneceu dentro da viatura por mais de 45 minutos, isto após a realização de exames periciais por parte dos colegas. Por causa disso, o trânsito na zona da Marginal ficou condicionado.
Entretanto, o assassinato de sábado, no qual foi morto um outro agente da PIC, identificado pelo nome de Mahoze, as autoridades policiais confirmaram, também, tratar-se de uma emboscada movida por meliantes ainda a monte. A vítima aparentava 25 anos e foi surpreendida por criminosos que dispararam, primeiro, vários tiros sobre os pneus da sua viatura e, uma vez imobilizada, trataram de atirar contra ele, sucumbindo a caminho do hospital.
Tal como no outro caso, a Polícia diz estar a trabalhar com todas as informações disponíveis para se chegar aos autores do crime, não descartando a possibilidade de os dois homicídios estarem interligados, sobretudo quando se olha para o intervalo de tempo em que ocorreram e as caraterísticas brutais que os rodearam.
in «Jornal Notícias», Maputo, 16.02.2010
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16/02/2010
Plano \nclinado
Esta edição do «Plano Inclinado» é uma viva denúncia do engano a que os portugueses estão sujeitos: a manipulação da opinião pública, a falsificacação de estatísticas, a inversão da realidade, a anestesia da democracia pela ação das 'agências de comunicação', a camuflagem da lenta agonia do país, dirigido por políticos maioritariamente incompetentes (urgente ver):
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15/02/2010
Novo governador do Banco de Portugal
O novo governador do Banco de Portugal, que vem substituir Vítor Constâncio - eleito vice-governador do Banco Central Europeu, é uma figura independente e bem conhecida dos portugueses:
(créditos fotográficos de http://wehavekaosinthegarden.blogspot.com)
(créditos fotográficos de http://wehavekaosinthegarden.blogspot.com)
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Socialismo
Sōkrátēs e Sócrates
Há comparações que vale a pena fazer:
Sōkrátēs buscava o Conhecimento. O seu método para o alcançar era o diálogo e a humildade em formular todas as perguntas.
Sócrates prefere o Desconhecimento. O seu método para o alcançar é o monólogo e a arrogância de calar todas as perguntas.
Um pensamento de Sōkrátēs - Quatro caraterísticas deve ter um juiz: ouvir cortesmente, responder sabiamente, ponderar prudentemente e decidir imparcialmente.
Um pensamento de Sócrates - Quatro caraterísticas deve ter um juiz: não ouvir escutas, responder obedientemente, ponderar nos riscos que corre e decidir se quer continuar a ter emprego.
Sōkrátēs provocou uma ruptura sem precendentes na Filosofia grega.
Sócrates provocou uma ruptura sem precendentes na auto-estima dos portugueses.
Sōkrátēs tinha um lema: Só sei que nada sei.
Sócrates tem um lema: Eu é que sei.
Sōkrátēs auto- intitulava-se "um homem pacífico"
Sócrates auto-intitula-se "um animal feroz".
Sōkrátēs foi condenado à morte por cicuta.
Sócrates foi condenado pelas escutas.
Sōkrátēs deixou incontáveis dádivas.
Sócrates deixa incontáveis dívidas.
Sōkrátēs buscava o Conhecimento. O seu método para o alcançar era o diálogo e a humildade em formular todas as perguntas.
Sócrates prefere o Desconhecimento. O seu método para o alcançar é o monólogo e a arrogância de calar todas as perguntas.
Um pensamento de Sōkrátēs - Quatro caraterísticas deve ter um juiz: ouvir cortesmente, responder sabiamente, ponderar prudentemente e decidir imparcialmente.
Um pensamento de Sócrates - Quatro caraterísticas deve ter um juiz: não ouvir escutas, responder obedientemente, ponderar nos riscos que corre e decidir se quer continuar a ter emprego.
Sōkrátēs provocou uma ruptura sem precendentes na Filosofia grega.
Sócrates provocou uma ruptura sem precendentes na auto-estima dos portugueses.
Sōkrátēs tinha um lema: Só sei que nada sei.
Sócrates tem um lema: Eu é que sei.
Sōkrátēs auto- intitulava-se "um homem pacífico"
Sócrates auto-intitula-se "um animal feroz".
Sōkrátēs foi condenado à morte por cicuta.
Sócrates foi condenado pelas escutas.
Sōkrátēs deixou incontáveis dádivas.
Sócrates deixa incontáveis dívidas.
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Opinião
A crise na Educação
Hannah Arendt (*) (1906—1975) escreveu «A crise na Educação», em 1957, antecipando as razões da crise que adivinhava para o sistema educacional norte-americano e que, receava, se estenderia ao resto do mundo:
- a separação do mundo adulto e mundo infantil;
- a pedagogia "progressista" que mistura coisas com sentido com idiotices;
- a infatilização dos alunos, o substituir, tanto quanto possível, o aprender pelo fazer.
A função da escola é ensinar às crianças como o Mundo é e não instruí-las na arte de viver.
(*) Em 1941, Hannah Arendt passou por Lisboa, como refugiada, a caminho dos Estados Unidos.
- a separação do mundo adulto e mundo infantil;
- a pedagogia "progressista" que mistura coisas com sentido com idiotices;
- a infatilização dos alunos, o substituir, tanto quanto possível, o aprender pelo fazer.
A função da escola é ensinar às crianças como o Mundo é e não instruí-las na arte de viver.
(*) Em 1941, Hannah Arendt passou por Lisboa, como refugiada, a caminho dos Estados Unidos.
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Opinião
Simples declaração num simples parágrafo
Teoricamente, resta uma opção a Sócrates. Diz-se num parágrafo:
“Caros concidadãos: sem prejuízo da presunção de inocência das pessoas em concreto, quero repudiar aqui — no caso de se confirmar — a utilização do meu nome para quaisquer tentativas de compra ou controlo de grupos de media. Nunca dei, pessoalmente — sublinho, pessoalmente, já para não dizer política ou institucionalmente —, quaisquer indicações nesse sentido a Armando Vara, Paulo Penedos ou Rui Pedro Soares. Quaisquer diligências que eles possam ter feito com esse objetivo são gravíssimas e ilegítimas.”
Se Sócrates não pode dizer isto — ou se em consciência sabe que não pode dizê-lo, o que deveria ir dar ao mesmo —, deve começar a preparar-se para não afundar consigo o seu partido, o seu Governo e o seu país.
Rui Tavares, Historiador, deputado independente ao Parlamento Europeu pelo Bloco de Esquerda
in «Público», 15.02.2010
“Caros concidadãos: sem prejuízo da presunção de inocência das pessoas em concreto, quero repudiar aqui — no caso de se confirmar — a utilização do meu nome para quaisquer tentativas de compra ou controlo de grupos de media. Nunca dei, pessoalmente — sublinho, pessoalmente, já para não dizer política ou institucionalmente —, quaisquer indicações nesse sentido a Armando Vara, Paulo Penedos ou Rui Pedro Soares. Quaisquer diligências que eles possam ter feito com esse objetivo são gravíssimas e ilegítimas.”
Se Sócrates não pode dizer isto — ou se em consciência sabe que não pode dizê-lo, o que deveria ir dar ao mesmo —, deve começar a preparar-se para não afundar consigo o seu partido, o seu Governo e o seu país.
Rui Tavares, Historiador, deputado independente ao Parlamento Europeu pelo Bloco de Esquerda
in «Público», 15.02.2010
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Opinião
14/02/2010
É urgente e patriótico desratizar Portugal
Portugal tem, agora, uma oportunidade única de se livrar da pata socialista que o pisa há 12 anos.
É uma questão de salvação nacional!
O país vê o governo cozer em lume brando.
O país degrada-se velozmente, a miséria é o futuro que o espera.
O país está a ser enganado e anestesiado para que não veja o abismo que tem à sua frente.
O país está a ser endividado, espoliado, destruído, aprisionado, amordaçado, desacreditado.
O PSD, como principal partido português e capaz de fazer reformas profundas de que o país precisa, não pode, por razões de lógica tribal ou pessoal, repetir o erro de escolher um líder que não corresponde ao sentir do país.
Errou em 1995, abrindo a porta à catástrofe Guterres.
Errou em 2004, abrindo a porta à mentira Socretina.
Portugal precisa de um PSD responsável.
É urgente e patriótico desratizar Portugal!
Essa evidência é apontada pelo presidente do Instituto Francisco Sá Carneiro, Alexandre Relvas, que apelou hoje aos candidatos à liderança do PSD Paulo Rangel e a José Pedro Aguiar-Branco para que ultrapassem eventuais divergências e se juntem numa única candidatura (*).
"Apoio a candidatura de José Pedro Aguiar-Branco, mas neste momento não posso deixar de apelar para que quer ele, quer Paulo Rangel estejam à altura do momento histórico que vivemos, colocando o interesse nacional acima dos interesses pessoais e consigam um entendimento que permita ao PSD apresentar-se ao país unido, com um líder forte e com a credibilidade necessária para ser uma alternativa de esperança", declarou Alexandre Relvas à agência Lusa.
O ex-secretário de Estado do Turismo e ex-diretor da campanha presidencial de Cavaco Silva argumentou que "seguramente não há diferenças significativas entre os respectivos programas".
"Ninguém perceberá - os militantes do PSD e os portugueses - que, num momento em que é fundamental para o país um PSD unido", Rangel e Aguiar-Branco "não consigam ultrapassar eventuais divergências, estabelecendo um acordo que será inquestionavelmente uma prova do valor que atribuem ao interesse público", considerou o empresário.
Segundo Alexandre Relvas, "a crise económica, a incapacidade do Governo, o desprestígio crescente do primeiro-ministro, que perdeu totalmente a confiança do país, colocam hoje o PSD perante uma enorme responsabilidade".
"É decisivo que o próximo líder do PSD tenha capacidade para ser primeiro-ministro e para apresentar um programa político que renove a esperança", acrescentou o conselheiro nacional social-democrata.
No entender de Alexandre Relvas, "quer José Pedro Aguiar-Branco, quer Paulo Rangel correspondem a esse perfil", e por isso apelou ao eurodeputado e ao líder parlamentar do PSD "para que unam esforços para apresentarem um programa conjunto e uma candidatura única".
(*) in «Público», 14.02.2010
É uma questão de salvação nacional!
O país vê o governo cozer em lume brando.
O país degrada-se velozmente, a miséria é o futuro que o espera.
O país está a ser enganado e anestesiado para que não veja o abismo que tem à sua frente.
O país está a ser endividado, espoliado, destruído, aprisionado, amordaçado, desacreditado.
O PSD, como principal partido português e capaz de fazer reformas profundas de que o país precisa, não pode, por razões de lógica tribal ou pessoal, repetir o erro de escolher um líder que não corresponde ao sentir do país.
Errou em 1995, abrindo a porta à catástrofe Guterres.
Errou em 2004, abrindo a porta à mentira Socretina.
Portugal precisa de um PSD responsável.
É urgente e patriótico desratizar Portugal!
Essa evidência é apontada pelo presidente do Instituto Francisco Sá Carneiro, Alexandre Relvas, que apelou hoje aos candidatos à liderança do PSD Paulo Rangel e a José Pedro Aguiar-Branco para que ultrapassem eventuais divergências e se juntem numa única candidatura (*).
"Apoio a candidatura de José Pedro Aguiar-Branco, mas neste momento não posso deixar de apelar para que quer ele, quer Paulo Rangel estejam à altura do momento histórico que vivemos, colocando o interesse nacional acima dos interesses pessoais e consigam um entendimento que permita ao PSD apresentar-se ao país unido, com um líder forte e com a credibilidade necessária para ser uma alternativa de esperança", declarou Alexandre Relvas à agência Lusa.
O ex-secretário de Estado do Turismo e ex-diretor da campanha presidencial de Cavaco Silva argumentou que "seguramente não há diferenças significativas entre os respectivos programas".
"Ninguém perceberá - os militantes do PSD e os portugueses - que, num momento em que é fundamental para o país um PSD unido", Rangel e Aguiar-Branco "não consigam ultrapassar eventuais divergências, estabelecendo um acordo que será inquestionavelmente uma prova do valor que atribuem ao interesse público", considerou o empresário.
Segundo Alexandre Relvas, "a crise económica, a incapacidade do Governo, o desprestígio crescente do primeiro-ministro, que perdeu totalmente a confiança do país, colocam hoje o PSD perante uma enorme responsabilidade".
"É decisivo que o próximo líder do PSD tenha capacidade para ser primeiro-ministro e para apresentar um programa político que renove a esperança", acrescentou o conselheiro nacional social-democrata.
No entender de Alexandre Relvas, "quer José Pedro Aguiar-Branco, quer Paulo Rangel correspondem a esse perfil", e por isso apelou ao eurodeputado e ao líder parlamentar do PSD "para que unam esforços para apresentarem um programa conjunto e uma candidatura única".
(*) in «Público», 14.02.2010
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Opinião
Cooperação Portugal-Moçambique
João Mosca é um dos mais significativos intelectuais moçambicanos, alguém que é sempre urgente ler. Este recente livro é uma coletânea de textos na sua maioria publicados no jornal «Savana», aos quais junta alguns produzidos para encontros académicos. A sua arrumação indicia as temáticas abordadas: ensino superior, investigação, economia, agricultura e cooperação. O seu quadro de reflexão sobre o país, e que tão presente sempre surge nos seus textos, é anunciado na introdução:
“A formação e a exercício da atividade académica … e a interdisciplinaridade apreendida, conduziram ao que se pode designar por “suicídio” da formação de base. Compreendi os debates no seio da área de conhecimento da economia e dos ataques de outras ciências aos economicismos tecnocráticos e à incapacidade da economia, como qualquer outra ciência, de interpretar, explicar e encontrar soluções para a complexidade das realidades no quadro dos limites rígidos do objecto de cada uma das ciências.
Procurei um “suicídio” difícil. No lugar de abandonar a economia e estudar outras ciências (…), preferi a via da crítica à economia para, a partir dela, incorporar conhecimentos de outras áreas na tentativa de uma formação interdisciplinar.” (7)
Acabo de comprar o livro, li apenas alguns textos e, ainda que de alguns outros tenha memória da sua publicação em jornal, não posso fazer mais do que aconselhar a sua leitura. Como português e como antigo cooperante encetei a leitura pelo texto “Cooperação Portugal-Moçambique. A estratégia de não ter estratégia?” – apresentado na III conferência internacional de Lisboa sobre “Europa e a Cooperação com África”, organizada pelo IEEI. Para quem tenha algum interesse nas questões da “cooperação” portuguesa com Moçambique, ou em geral, é um texto insubstituível. Uma apuradíssima análise das dimensões institucionais, políticas e ideais presentes nesta área de actividade do Estado português, e na própria sociedade – faltará, em meu entender, uma profundidade similar no olhar sobre as dinâmicas da interação moçambicana neste campo, algo que será compreensível dado o texto ter sido apresentado num plenário em Portugal.
Repito, para quem se interesse pela atividade de “cooperação” é obrigatório ler este texto (pp. 152-157). Dele poderia aqui deixar algumas transcrições mas opto por uma, breve, que reflete algo que ao longo dos anos tanto tem estado presente, até em demasia, no ma-schamba. Ideia que parece simples, pacífica, mas que na realidade real tanto é esquecida apesar de ser racionalmente cristalina:
“A dimensão e capacidade financeira portuguesa e a perda de oportunidade de protagonismo em alguns assuntos importantes da história recente moçambicana, sugere que Lisboa necessita reanalisar a cooperação com Maputo, devendo fazê-lo sem pensar nas supostas vantagens culturais e históricas.” (p. 157)
JPT
in «ma-schamba.com», 14.02.2010
“A formação e a exercício da atividade académica … e a interdisciplinaridade apreendida, conduziram ao que se pode designar por “suicídio” da formação de base. Compreendi os debates no seio da área de conhecimento da economia e dos ataques de outras ciências aos economicismos tecnocráticos e à incapacidade da economia, como qualquer outra ciência, de interpretar, explicar e encontrar soluções para a complexidade das realidades no quadro dos limites rígidos do objecto de cada uma das ciências.
Procurei um “suicídio” difícil. No lugar de abandonar a economia e estudar outras ciências (…), preferi a via da crítica à economia para, a partir dela, incorporar conhecimentos de outras áreas na tentativa de uma formação interdisciplinar.” (7)
Acabo de comprar o livro, li apenas alguns textos e, ainda que de alguns outros tenha memória da sua publicação em jornal, não posso fazer mais do que aconselhar a sua leitura. Como português e como antigo cooperante encetei a leitura pelo texto “Cooperação Portugal-Moçambique. A estratégia de não ter estratégia?” – apresentado na III conferência internacional de Lisboa sobre “Europa e a Cooperação com África”, organizada pelo IEEI. Para quem tenha algum interesse nas questões da “cooperação” portuguesa com Moçambique, ou em geral, é um texto insubstituível. Uma apuradíssima análise das dimensões institucionais, políticas e ideais presentes nesta área de actividade do Estado português, e na própria sociedade – faltará, em meu entender, uma profundidade similar no olhar sobre as dinâmicas da interação moçambicana neste campo, algo que será compreensível dado o texto ter sido apresentado num plenário em Portugal.
Repito, para quem se interesse pela atividade de “cooperação” é obrigatório ler este texto (pp. 152-157). Dele poderia aqui deixar algumas transcrições mas opto por uma, breve, que reflete algo que ao longo dos anos tanto tem estado presente, até em demasia, no ma-schamba. Ideia que parece simples, pacífica, mas que na realidade real tanto é esquecida apesar de ser racionalmente cristalina:
“A dimensão e capacidade financeira portuguesa e a perda de oportunidade de protagonismo em alguns assuntos importantes da história recente moçambicana, sugere que Lisboa necessita reanalisar a cooperação com Maputo, devendo fazê-lo sem pensar nas supostas vantagens culturais e históricas.” (p. 157)
JPT
in «ma-schamba.com», 14.02.2010
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Opinião
Chávez, amigo de José
Hugo Chávez fez uma tomografia cerebral que permitiu perceber porque apresenta frequentes acessos de diarreia verbal.
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Comunismo
Visita a Lisboa
Alcochete - pontão sobre o Tejo e vista a partir do rio
Cascais - Casa das Histórias / Museu Paula Rego
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Turismo
Socialista de fraldas
O curriculum de Rui Pedro Soares (o jovem de fraldas que integra a administração da Portugal Telecom, uma empresa privada portuguesa sujeita a uma golden share do Estado já condenada pela legislação europeia) é assim apresentado pela empresa:
Rui Pedro Soares integra a Portugal Telecom em 2001, empresa onde tem vindo a consolidar a sua carreira profissional. Na PT Multimedia começa por desempenhar, junto da Comissão Executiva, entre outras, as funções de assessor nas áreas de Business Intelligence, Imobiliário e Segurança. Como administrador executivo da PT Compras passa a ser responsável pela área de Marketing e Publicidade e coordena o Planeamento Estratégico das Compras do grupo Portugal Telecom para o ano de 2006. Desde Abril desse ano que desempenha a função de administrador executivo da PT SGPS. Soma no currículo o exercício de outras funções como a presidência da Comissão Executiva da PT Imobiliária, do Conselho de Administração da TDT – Telecomunicações Públicas de Timor ou da Timor Telecom, presidente da Associação Portuguesa de Anunciantes – APAN, membro do Conselho de Supervisão da Africatel Holdings BV e membro do Conselho de Administração da Sociedade Tagusparque SA.
O percurso profissional de Rui Pedro Soares inclui ainda a passagem pelo Grupo Banque Nationale de Paris/Paribas, onde integrou a Direcção de Marketing do Banco Cetelem, coordenou estudos de mercado, análises de concorrência e análises da eficácia e rentabilidade das campanhas comerciais.
Rui Pedro Soares licenciou-se em Gestão de Marketing no IPAM – Instituto Português de Administração de Marketing – e realizou o curso de gestão para executivos do Insead “Telecommunications: Strategy and Marketing”. Tem 36 anos.
A sua remuneração anual é de 2,5 milhões de euros.
A socialista Ana Gomes escreveu no seu «Causa Nossa» uma curiosa observação:
«Eu não sei quem é esse tal Rui Pedro Soares, o boy sem cv que aos 32 anos foi alçado a administrador-executivo da PT pelo Estado, a ganhar escandalosamente mais num ano do que o meu marido ganhou em toda a vida, ao longo de 40 anos como servidor do Estado nos mais altos escalões.
Socialista encartado, dizem. Será, nunca dei por ele, que eu saiba nunca sequer me cruzei com ele.
Atrasado mental é, de certeza. Porque se não quis encalacrar os socialistas, foi exatamente isso que logrou ao acionar uma providência cautelar para impedir a saída do jornal SOL com mais escutas das suas ruminações telefónicas, justamente numa semana em que os socialistas procuraram desmentir quem clamava contra a falta de liberdade da imprensa.
E se investiu para abafar o jornal, a criatura tambem não percebeu que, ao contrário, projetava ainda mais longe a radiação solar.
Com bóis destes, para que servem ao PS os boys?»
Em todo o caso, cabe destacar que entre o seus amigos estão José Sócrates, Paulo Pedroso, Edite Estrela, Alberto Arons de Carvalho, Eduardo Galamba, Marcos Perestrello, Elza Pais, Maria de Medeiros
Rui Pedro Soares integra a Portugal Telecom em 2001, empresa onde tem vindo a consolidar a sua carreira profissional. Na PT Multimedia começa por desempenhar, junto da Comissão Executiva, entre outras, as funções de assessor nas áreas de Business Intelligence, Imobiliário e Segurança. Como administrador executivo da PT Compras passa a ser responsável pela área de Marketing e Publicidade e coordena o Planeamento Estratégico das Compras do grupo Portugal Telecom para o ano de 2006. Desde Abril desse ano que desempenha a função de administrador executivo da PT SGPS. Soma no currículo o exercício de outras funções como a presidência da Comissão Executiva da PT Imobiliária, do Conselho de Administração da TDT – Telecomunicações Públicas de Timor ou da Timor Telecom, presidente da Associação Portuguesa de Anunciantes – APAN, membro do Conselho de Supervisão da Africatel Holdings BV e membro do Conselho de Administração da Sociedade Tagusparque SA.
O percurso profissional de Rui Pedro Soares inclui ainda a passagem pelo Grupo Banque Nationale de Paris/Paribas, onde integrou a Direcção de Marketing do Banco Cetelem, coordenou estudos de mercado, análises de concorrência e análises da eficácia e rentabilidade das campanhas comerciais.
Rui Pedro Soares licenciou-se em Gestão de Marketing no IPAM – Instituto Português de Administração de Marketing – e realizou o curso de gestão para executivos do Insead “Telecommunications: Strategy and Marketing”. Tem 36 anos.
A sua remuneração anual é de 2,5 milhões de euros.
A socialista Ana Gomes escreveu no seu «Causa Nossa» uma curiosa observação:
«Eu não sei quem é esse tal Rui Pedro Soares, o boy sem cv que aos 32 anos foi alçado a administrador-executivo da PT pelo Estado, a ganhar escandalosamente mais num ano do que o meu marido ganhou em toda a vida, ao longo de 40 anos como servidor do Estado nos mais altos escalões.
Socialista encartado, dizem. Será, nunca dei por ele, que eu saiba nunca sequer me cruzei com ele.
Atrasado mental é, de certeza. Porque se não quis encalacrar os socialistas, foi exatamente isso que logrou ao acionar uma providência cautelar para impedir a saída do jornal SOL com mais escutas das suas ruminações telefónicas, justamente numa semana em que os socialistas procuraram desmentir quem clamava contra a falta de liberdade da imprensa.
E se investiu para abafar o jornal, a criatura tambem não percebeu que, ao contrário, projetava ainda mais longe a radiação solar.
Com bóis destes, para que servem ao PS os boys?»
Em todo o caso, cabe destacar que entre o seus amigos estão José Sócrates, Paulo Pedroso, Edite Estrela, Alberto Arons de Carvalho, Eduardo Galamba, Marcos Perestrello, Elza Pais, Maria de Medeiros
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