01/11/2012

Pato Manso

Um advogado todo benzoca, de Cascais, veio caçar patos aqui para o Alentejo.

Dá um tiro, acerta num pato, mas o bicho cai dentro da propriedade de um lavrador.

Enquanto o advogado saltava a vedação o lavrador chega no seu trator e pergunta-lhe o que estava a fazer.

O advogado respondeu:
- Acabei de matar um pato, mas ele caiu na sua terra e agora ia buscá-lo. 


O velhote responde:
- Esta propriedade é privada, por isso não pode entrar.


O advogado, indignado:
- Eu sou um dos melhores advogados de Portugal! Se não me deixa ir buscar o pato, eu processo-o e fico-lhe com tudo o que tem!


O lavrador sorriu e disse:- O senhor não sabe como é que funcionam as coisas no Alentejo.

Nós aqui temos o Código Napoleónico! Nós resolvemos estas pequenas zangas com a Regra Alentejana dos Três Pontapés. Primeiro eu dou-lhe três pontapés; depois você dá-me três pontapés; e assim consecutivamente até um de nós desistir!

O advogado já se estava a sentir violento há um bocado, olhou para o velho e pensou que era fácil dar-lhe uma carga de porrada. Por isso, aceitou resolver as coisas segundo o costume local.

O velho, muito lentamente, saiu do trator e caminhou até perto do advogado. O primeiro pontapé, dado com uma galocha bem pesada, acertou diretamente nas bolas do advogado, que caiu de joelhos e vomitou. O segundo pontapé quase arrancou o nariz do advogado.

Quando o advogado caiu de cara, com as dores, o lavrador apontou o terceiro pontapé aos rins, o que fez com que o outro quase desistisse.

Contudo, o coração negro e vingativo do advogado falou mais forte.
Não desistiu, levantou-se, todo ensanguentado, e disse:
- Bora, velhote! Agora é a minha vez!


O lavrador sorriu e disse:
- Nah! Eu desisto. Leve lá o pato.


O pato