29/05/2012

Mais betão?

Segunda feira, 28 de maio de 2012
Meu caro Dr. António José Seguro,

V. Exa. fala do crescimento da mesma maneira que eu falo das vitórias do Benfica: é tudo uma questão de vontade; se acreditarmos muito, elas aparecem.

Depois de 20 anos de derrotas ante a agremiação do norte, garanto-lhe que esses saltos de fé não funcionam. A realidade não é uma mera representação da nossa vontade. E, meu caro amigo, o seu discurso é uma olímpica recusa da realidade.

Como é que se pode fazer crescimento através de um acto de vontade política? "Através do investimento público", diz V. Exa. com o narizinho socialista todo empinado.

Mas onde é que o meu caríssimo amigo vai buscar dinheiro para esse investimento público? Onde?

Tem duas hipóteses. Na primeira, seria preciso aumentar ainda mais os impostos, e, neste sentido, gostava muito que V. Exa. tivesse a coragem para dizer que quer um aumento da carga fiscal (era uma coisa bonita).

Na segunda hipótese, seria necessário emitir ainda mais dívida soberana junto dos maléficos mercados. Como V. Exa. deve saber, isso é uma impossibilidade neste momento. Em suma, o seu "crescimento" é uma fantochada retórica.
Mas, num acto de caridade argumentativa, vamos lá supor que V. Exa. tinha dinheiro para fazer o seu investimento público.

Posso saber que tipo de investimento seria esse? Faço esta pergunta, porque a conversa do "crescimento" através do "investimento público" foi a base da política do seu antecessor, o engenheiro Sócrates.

O magnata parisiense pediu dinheiro emprestado aos mercados e, depois, derreteu esse dinheiro em obras executadas pelo omnipresente dr. Jorge Coelho e pelas demais abelhinhas do alcatrão.

Como V. Exa. sabe, essa política de cimento não correu muito bem.

Portanto, a pergunta é inevitável: o seu crescimento também é uma palavra-chave para mais obras do dr. Jorge Coelho e dos outros aficionados da obra pública, assim ao estilo da quadragésima auto-estrada Lisboa-Porto e das raves de 400% da Parque Escolar?

Os melhores cumprimentos de um contribuinte idiota,

Henrique Raposo
in «Expresso» 28.05.2012

28/05/2012

As ambições são sempre circunstanciais...

Um homem vai à farmácia e pede Viagra.
"Posso comprar 6 pastilhas cortadas em quatro partes?"

"Eu posso cortar," disse o farmacêutico, "Mas um quarto não lhe vai dar uma ereção completa."
"Tenho 96 anos," diz o velho, "Não quero uma ereção completa, só a quero um pouco "erguida" para não mijar nas minhas sandálias. . ."

25/05/2012

O dia da umidade africana

15/05/2012

Matar o Sistema Nacional de Saúde

Diga o que disser, o primeiro-ministro será sempre criticado.

Diga "ai" ou diga "ui", as declarações de Passos serão sempre descontextualizadas no sentido de criar uma imagem de desumanidade.

Um primeiro-ministro de direita é, como se sabe, desumano e quiçá nazi.

O mesmo mecanismo narrativo está presente na análise ao trabalho de muitos ministros. Faça o que fizer, Paulo Macedo será sempre o neoliberal frio e quiçá fascista.

Ontem, por exemplo, as TVs só deram uns segundinhos a este pormenor: mais uma vez, Paulo Macedo conseguiu vergar a indústria farmacêutica.

A indústria vai aceitar a poupança de 300 milhões na fatura dos medicamentos hospitalares.

Por que razão não se fala disto com o devido destaque? Porque, como toda a gente sabe, Paulo Macedo é um monstro calculista, e um sujeito que só está interessado em beneficiar os privados da economia da saúde.

Este silêncio mediático em relação à gestão de Paulo Macedo não é novo.
Há uns meses, o ministro mudou a fórmula de cálculo do preço dos medicamentos nas farmácias, baixando significativamente a fatura para os doentes e SNS.

Os preços praticados em Portugal estavam baseados numa média referente a Espanha, Itália, França e Grécia.

Essa fórmula foi alterada através da introdução de países com um PIB per capita mais próximo do nosso (ex.: Eslovénia).

Resultado? Em 30 de  setembro, o Negócios dizia que alguns remédios até podiam baixar cerca de 50% (ex.: o Plavix passaria de 48 euros para 22).

Nos entretantos, Paulo Macedo contrariou providências cautelas da indústria, forçando a entrada de mais genéricos no mercado.

Estes factos, como se sabe, têm pouca importância na vida das pessoas, logo, não tiveram impacto digno de registo nos média. Paulo Macedo é um dos maus, logo, não se podem apresentar peças que contrariem essa maldade intrínseca.

Em menos de um ano, Paulo Macedo cortou os lucros das farmácias e da indústria farmacêutica, dois dos tais lóbis impossíveis de domar.

Antes disso, o contabilista sem respeito pela vida humana forçou uma diminuição do preço nas clínicas privadas que fazem exames em parceria com o SNS.

Quem diria? O tal ministro dos privados fez um corte histórico nos lucros dos privados.

Deve haver aqui uma cabala neoliberal, é o que é. Pelo sim e pelo não, acho que os indignados deviam fazer uma manif para defender a indústria farmacêutica e as clínicas dos avanços do contabilista desumano.

Henrique Raposo
in «Expresso», 15.05.2012

13/05/2012

Festival das Sopas

No Gradil, concelho de Mafra, uma aldeia a norte de Lisboa, decorre anualmente o "Festival das Sopas".

Uma organização gastronómica popular com um grande potencial turístico, capaz de atrair multidões, se tiver as melhorias adequadas.

Jacques Fresco

11/05/2012

A felicidade existe num momento e pode deixar de existir noutro

A felicidade existe num momento e pode deixar de existir noutro.
Bernardo Sassetti (24.06.1970 - 10.05.2012)

10/05/2012

Porque não te calas?

Há uma boa dezena de anos,  o senhor em causa ficava na suite presidencial do Hotel Bristol, e a embaixada pagava a módica quantia de 600 contos diários. Não posso garantir se as visitas eram eram oficiais ou privadas.
Cale-se e deixe o País em paz!!

Comecemos por recordar que, em seis anos de governos socialistas, o défice público português duplicou, passando de 83 mil milhões de euros, em 2005, para cerca de 170 mil milhões de euros, em 2011.

Recorde-se, também, que, há pouco mais de um ano, o ex-ministro Teixeira dos Santos reconheceu a falência da governação socialista, confessando que o Estado só tinha dinheiro para pagar salários e pensões por mais um mês.
Perante essa realidade, o então Governo, do Partido Socialista, negociou e firmou o célebre "Memorando de Entendimento" com a Comissão Europeia, o BCE e o FMI, acordo que o atual Governo está a cumprir.
É, pois, de um descaramento inaudito ver essa patética figura em que se converteu Mário Soares defender que "A obrigação do PS ser fiel ao acordo da troika chegou ao fim".

O que aconteceria então, cumpre perguntar?

As entidades que nos estão a emprestar dinheiro logo fechariam a torneira e então seria o bonito: acabava-se o financiamento do País, deixava o Estado de pagar salários aos seus funcionários e pensões aos reformados, o sistema financeiro entrava em colapso, acabando o financiamento às famílias e às empresas, as falências e os despedimentos disparavam ainda mais, enfim, era o caos social.

Esta declaração de Soares, esperando que não seja um triste sinal de demência, apenas pode pois ser explicada pelo reconhecido egoísmo dessa figura, que, vendo aproximar-se o seu fim natural, não desiste de tentar incendiar o País e de transformar Portugal numa nova Grécia.

De resto, ao tomar conhecimento desta vergonhosa interpretação sobre a boa-fé nos tratados, confesso que não consegui esquecer os criminosos acordos de Alvor e Lusaka, que Soares assinou em 1975, enquanto ministro dos negócios estrangeiros, e que lançaram Angola e Moçambique nas mais terríveis guerras civis, as quais custaram, é bom lembrar, a vida a cerca de um milhão de inocentes. Nada que lhe pese na consciência, suponho.

Mas, por falar em Grécia, sítio cada vez mais à beira da saída do Euro e da própria União Europeia, é curioso verificar que esta declaração de Soares, aliás, sintomaticamente apenas aplaudida pelo trotskista Louçã (nem Seguro o segurou...), parece beber da irresponsabilidade do líder do BE lá do sítio, o qual defende que os partidos renunciem ao acordo com a 'troika' e que os bancos gregos sejam nacionalizados.

Não parecendo Soares capaz de pensar no bem do País, ao menos não esqueça que, se Portugal porventura cometesse a loucura de rasgar o acordo, cedo faltaria dinheiro para alimentar a sua fundação de faz-de-conta (ainda em 2011 o camarada António Costa lhe passou um cheque de 64 mil euros…), bem como as suas obscenas regalias, as quais, por junto, já custaram aos Portugueses mais de cinco milhões de euros.

De resto, quando a criatura tem o atrevimento de afirmar que "a austeridade deveria começar no governo e não nas pessoas", bem podia corar de vergonha por receber todos os anos uma verba destinada ao pagamento do seu gabinete de ex-presidente, quando esse mesmo gabinete está instalado em prédios situados na zona mais nobre da capital e que lhe foam dados pelo filho quando era o autarca local.

Deixo-lhe pois este conselho: vá pregar prós gregos e deixe Portugal em paz!

Rui Crull Tabosa
in «Corta-Fitas», 08.05.2012




03/05/2012

A regra de ouro

O problema mais grave do país é o problema do financiamento externo. Nenhum partido "de" governo o pode ignorar. Esse problema não tem solução, sem se restabelecer a confiança na sustentabilidade das finanças públicas portuguesas dentro da zona euro. Nesta perspetiva, é fundamental o entendimento entre os três principais partidos de governo sobre o novo tratado e sobre a forma de aplicar, no ordenamento jurídico português, a chamada "regra de ouro". Essa regra só é de "ouro", se o compromisso em que se funda tiver um horizonte de existência para além da maioria de turno ou da legislatura. Por outras palavras, exige um compromisso que só a Constituição ou lei orgânica podem garantir, ou seja, precisa do PS.
É mais fácil entender a inevitabilidade deste compromisso, percebendo como se chegou aqui.

Em Junho de 2009, o ano da grande recessão, a três meses de eleições legislativas, o Parlamento alemão aprovou uma reforma constitucional incluindo uma "norma travão" ao défice e à dívida pública. A proposta foi apresentada pelo então ministro das Finanças do SPD, Steinbruck, no Governo de "grande coligação", entre sociais-democratas e democratas-cristãos. Pouco importância se deu então em Portugal, como no resto da Europa, a essa decisão, unilateral, que acabaria por ter um impacte significativo no desenvolvimento da crise europeia.

Enquanto entre nós se assistia a uma das mais negras campanhas eleitorais de que há memória na nossa democracia, na Alemanha, os principais partidos entendiam-se, discretamente, sobre uma questão controversa, colocando o que entendiam ser os interesses do país acima dos interesses eleitorais. (Este mesmo sentido de compromisso se verificou também em Espanha, quando o Governo do PSOE e o PP decidiram fazer a mesma reforma em 48 horas, em plena campanha eleitoral, em Novembro passado.)

Quando o Governo alemão e os principais partidos de governo aceitaram limitar-se politicamente, em matéria fiscal e orçamental, deram um claro sinal aos mercados, reconhecendo que o seu nível de endividamento, como o de outros países europeus, se tornara um problema, mas que na Alemanha se assumia o compromisso nacional de o controlar, a prazo. A partir de Setembro desse ano, 2009, os spreads das obrigações de dívida pública dos países da zona euro e os seguros de risco associados passaram a divergir em relação às obrigações de dívida pública alemã. Os mercados financeiros começavam a avaliar diferenciadamente, as condições de sustentabilidade da dívida pública de cada Estado da zona euro, tendência que a crise grega acentuou, depois de o novo Governo assumir o "engano" das suas contas públicas.

Era previsível que, se a Alemanha se auto-limitava em termos de despesa pública, não poderia deixar de exigir o mesmo, mais cedo ou mais tarde, aos outros membros da união monetária. Por isso a "regra de ouro" se tornou a pedra angular do novo tratado e simultaneamente, para além das pertinentes questões ideológicas e teóricas que suscita, o seu principal problema político.

Foi neste contexto que, em Maio de 2010, uma ou duas semanas depois do resgate da Grécia, perante a frágil situação do país, com uma dívida a caminho dos 90% do PIB, uma economia em recessão e a instabilidade política decorrente de um governo minoritário, sugeri, em entrevista aoDiário Económico, que se seguisse o exemplo da Alemanha, adoptando uma regra equivalente. As reacções foram, contudo, muito críticas tanto da parte do PS, como da parte do PSD, sublinhe-se.

É evidente que a "regra de ouro" do equilíbrio orçamental, por si só, não resolve os problemas. Se estudos recentes mostram que o crescimento da economia é fortemente condicionado por uma dívida excessiva, também se sabe que, sem crescimento económico, não há solução para uma dívida elevada que não passe, mais cedo ou mais tarde, por uma... reestruturação. Fica a faltar, por isso, uma outra "regra de ouro para o crescimento e emprego, sem a qual este tratado será ineficaz no seu objetivo de garantir a estabilidade do euro. 

Contudo, para Portugal, hoje como ontem, recuperar a confiança externa impõe uma actuação coerente sobre as expectativas dos mercados relativamente à sustentabilidade da dívida externa. O que passa necessariamente pela existência de um verdadeiro compromisso nacional para a controlar, dependente do entendimento entre os principais partidos de governo sobre a estratégia que possa garantir a nossa posição futura no euro e no processo europeu.

Decorridos dois anos, é aqui que ainda estamos.

Luís Amado, economista, ex-Ministro dos Negócios Estrangeiros
in «Público», 10-04-2012

02/05/2012

Mutiana Orera

As mulheres macuas são geralmente orgulhosas e muito donas de si nas suas relações c0m os homens. E aparentemente, muitas delas preferem ir 'direto ao assunto' no tocante à parte sexual.
Então a estória é de um homem que visita Nacala, e mete-se com uma das macuas. Chega a hora da verdade e o sujeito começa a beijar e a pegar a mulher por todo o lado (os chamados 'preliminares').

A macua já bem aborrecida com aquilo vira-se pra ele e zanga:
- Mas afinal tá mi revistar porquê?
Me infrenta lá duma vez!!!


01/05/2012

Palhaçadas

O mestre Arménio Carlos, o recente capo da Intersindical, tratou de mostrar que é mais duro que o molenga, o professor Carvalho da Silva, que substituiu.

Em pouco tempo, cumpriu ordens do PCP e convocou duas Greves Gerais. Inúteis!

Qualquer delas, um fracasso completo, com adesão limitada e, sobretudo, por em nada ajudar os trabalhadores portugueses e apenas servir para criar mais problemas às empresas e ao emprego.

Cada vez mais, a Intersindical representa sobretudo os funcionários sindicais e os reformados desocupados que são arrebanhados para gritarias e manifs.

Hoje, portanto, é o derrotado do semestre. E ninguém o leva a sério. Vive noutro planeta!