06/07/2010

O arrastão que não existe

O pânico gerou-se ontem ao início da tarde na praia de Carcavelos, quando centenas de indivíduos, em bandos, começaram de repente a assaltar e a agredir os banhistas. Uma situação já algumas vezes vista na Brasil, mas nunca em Portugal. "As forças de segurança ficaram supreendidas", disse ao DN fonte policial, que apelou para que os "políticos saibam ler estes sinais".

Os distúrbios terão tido início quando uma bando roubou um fio de ouro a um imigrante de Leste, espancando-o, contou ao DN Bruno Marques, um dos banhistas presentes no local. Esta situação foi testemunhada pela responsável de um café da zona, que logo fechou o estabelecimento e chamou a polícia. O tempo de chegada das forças de segurança, ainda que curto, foi suficiente para que, como que por simpatia, outros bandos que ali tomavam banhos de sol aproveitassem a oportunidade para tentar a sua sorte.

Gerou-se, então, o caos. Várias crianças perderam-se dos pais, com os bandos a assaltarem quem estivesse mais a jeito, agredindo os que ofereciam resistência.

Nada fazia prever que aquela onda de violência surgisse tão de repente. De acordo com fonte policial, os bandos eram banhistas que, aliás, são frequentadores habituais daquela praia. "Reagiram por simpatia ao verificarem a oportunidade", contou. Não houve, portanto, nenhum assalto organizado à praia, nem qualquer estratégia concertada entre gangs. "A pólvora estava lá e bastou que alguém acendesse o rastilho", explicou o interlocutor do DN.

As forças de segurança chegaram em poucos minutos para restabelecer a ordem na praia. Os bandos dirigiram-se então para a estação de comboios de Carcavelos, deixando, pelo caminho, sinais da sua passagem. Registaram-se outros assaltos num centro comercial, assim como a várias pessoas com quem se cruzaram.

Os distúrbios continuaram dentro do comboio, ainda que estivessem vigiados pelos homens do Serviço de Intervenção Rápida da PSP. Saíram na Estação de Algés, prosseguindo a onda de violência, que outros bandos também provocaram em Oeiras. "Nunca tal tínhamos visto", disse a polícia ao DN, lembrando um episódio ocorrido na praia do Tamariz (Estoril), fez ontem um ano, curiosamente, mas sem as repercussões registadas em Carcavelos, onde foi impossível contabilizar o número de assaltantes. Teriam sido 500? Mil? Dois mil? A fonte do DN, com vasta experiência profissional, não se coibiu de apontar para os dois mil. O Comando Metropolitano de Lisboa acabou por emitir um pequeno comunicado apresentando apenas os resultados da ocorrência três civis e dois polícias feridos; foram detidas quatro pessoas, que chegaram a oferecer resistência.

De acordo com o comissário Gonçalves Pereira, da Divisão de Cascais, deslocaram-se à praia de Carcavelos cerca de 60 agentes, incluindo o Corpo de Intervenção. A ação da polícia visou "limpar" a praia, de forma a restabelecer a ordem e a segurança.

Em conversa com o DN, vários banhistas mostraram receio de voltar a frequentar aquela praia. Joaquim Rosado não estava no local quando ocorreu a confusão, mas a caminho de Carcavelos viu várias perseguições de carros e motas da polícia. Outro banhista, Paulo Pereira, viu vários indivíduos a atirar objectos contra as forças de segurança. Na altura sentiu receio, apesar de não perceber bem o que estava a acontecer.

Segundo Carla Gabriel, os assaltos "por arrastão" são frequentes naquela praia devido à falta de policiamento. "A insegurança é cada vez maior. Inclusivamente, um dos nadadores-salvadores já se demitiu por ser alvo de constantes agressões", contou.

"NÃO SÃO DE CASCAIS". O presidente da Câmara Municipal de Cascais, António Capucho, apressou-se a afirmar que as "centenas de marginais" que invadiram a praia de Carcavelos e assaltaram banhistas são de outros concelhos. "Esta situação só é possível face ao reduzido número de efetivos da PSP de Cascais, incapazes de atuar preventivamente perante situações similares", realçou o autarca, acrescentando que "isto ocorre precisamente quando, no município, o contingente da PSP, em lugar de ser reforçado, foi reduzido na sequência dos lamentáveis assassínios de agentes da corporação na Amadora".

Marta Amado
in «DN», 11.06.2005

Em 04.07.2010, mais um acontecimento que não aconteceu é reportado no mesmo jornal com o título de «Insegurança no Tamariz leva banhistas a mudar de praia». Mais uma invenção das forças reacionárias... diria o taliban Daniel Sousa.

O Ministro da Administração Interna, o impagável maçon Rui Pereira comentará, certamente, que há vários dias estava a seguir os acontecimentos e, nesse âmbito, procedeu à alteração da Época Balnear, tendo em vista tornar ilegal o uso de armas brancas fora da época Outono-Inverno.