31/07/2010

Big Brother Rebelo, o «honesto»

Certo dia, na 1ª semana de Outubro de 1980. Meu pai fazia coordenação de segurança das casas do Governo Provincial de Sofala, e foi escalado para organizar a segurança dum dirigente nacional, na casa anexa ao Farol de Macúti-Beira (que ainda lá está).

Afinal era o camarada-chefe Jorge Rebelo, que o meu pai conhecia desde Dar-es-Salam.Eram 10 horas da manhã. Ele hospedou-se na casa, que era do Governo Provincial.

A praia estava quase vazia, era dia de semana, somente estava um casal portugueses com dois bebés -idades com menos de 2 anos - na praia a 20 metros do farol de Macúti.

A primeira coisa antes de dizer bom dia, o "camarada-chefe Rebelo" foi perguntar o que estava a fazer o casal na praia - disse para os expulsar imediatamente (o casal com os dois bebés, e dizer que são ordens diretas do camarada Jorge Rebelo Rebelo - podem ser agentes do inimigo).

O Camarada-chefe Rebelo pôs-se na varanda do 1º andar, e fez o gesto com o braço, para mandar embora o casal. O casal tinha o carro estacionado, num círculo, junto a casa do Farol, mas os seguranças tinham ordens para ninguém passar a dez metros da casa. O casal jovem deu uma grande volta, foram revistados e depois retiraram-se com os bebés.

Sou filho do Oficial da Reserva com patente C... Quando lhe contei a poesia do JR, ele mostrou-me o braço que tem várias marcas de pontos, motivado por acidente de carro, nesse Outubro de 1980, e contou-me os factos desse mês em que foi parar ao Hospital de Macuti.

O azar da maldade que fez contra os bebés ficou com ele. Meu pai diz que o casal cruzou com ele algumas vezes, e quis sempre pedir desculpa, mas eram outros tempos. E hoje peço desculpa em nome do meu pai, aos bebés do casal português, que devem ter a minha idade, através de Moçambique para Todos, porque ele foi obrigado a fazer o que fez -expulsar o casal e os bebés da praia - ordens do membro da Direcção do Partido.

JS Botão Salégua, em Nampula
in «Macua de Moçambique», 30.07.2010