25/11/2011

Memórias de uma aula no Liceu de Setúbal

Barreiro, 4 de Outubro de 1967
(Quarta-feira)

Segundo dia de aulas. Continua o desassossego, com o pessoal a trocar beijos, abraços e confidências, depois desta longa separação que foram 3 meses e meio de férias. Estávamos todos fartos do verão, com saudades uns dos outros. A sala é a mesma do ano passado, no 1º andar e cheirava a nova, tudo encerado e polido, apesar do material já ser mais do que velho. Somos o 7.º A e como não chumbou nem veio ninguém de novo, a pauta é exactamente igual à do ano passado. Eu sou o n.º 34, e fico sentada na segunda fila, do lado da janela, cá atrás, que é o lugar dos mais altos.

Hoje tivemos, pela primeira vez, Organização Política e apareceu-nos um professor novo, acho que é a primeira vez que dá aulas em Setúbal, dizem que veio corrido de um liceu de Coimbra, por causa da política.


Já ontem se falava à boca cheia dele, havia malta muito excitada e contente porque dizem que ele é um fadista afamado. Tenho realmente uma vaga ideia de ouvir o meu tio Diamantino falar dele, mas já não sei se foi por causa da cantoria se por causa da política. A Inês contou que ouviu o pai comentar, em casa, que o homem é todo revolucionário, arranja sarilhos por todo o lado onde passa. Ela diz que ele já esteve preso por causa da política, é capaz de ser comunista. Diferente dos outros professores, é de certeza. Quando entrou na sala, já tinha dado o segundo toque, estava quase no limite da falta. Entrou por ali a dentro, todo despenteado, com uma gabardine na mão e enquanto a atirava para cima da secretária, perguntou-nos:

- Vocês são o 7.º A, não são? Desculpem o atraso mas enganei-me e fui parar a outra sala.

Não faz mal. Se vocês chegarem atrasados também não vos vou chatear.
Tinha um ar simpático, ligeiro, um visual que não se enquadrava nada com a imagem de todos os outros professores. Deu para perceber que as primeiras palavras, aliadas à postura solta e descontraída, começavam a cativar toda a gente. A Carolina virou-se para trás e disse-me que já o tinha visto na televisão, a cantar Fado de Coimbra. Realmente o rosto não me era estranho. É alto, feições corretas, embora os dentes não sejam um modelo de perfeição e é bem parecido, digamos que um homem interessante para se olhar. O Artur soprou-me que ele deve ter uns 36 anos e acho que sim, nota-se que já é velho. Depois das primeiras palavras, sentou-se na secretária, abriu o livro de ponto, rabiscou o que tinha a escrever e ficou uns cinco minutos, em silêncio, a olhar o pátio vazio, através das janelas da sala, impecavelmente limpas.

Enquanto ele estava nesta espécie de marasmo nós começámos a bichanar uns com os outros, cada um emitindo a sua opinião, fazendo conjeturas. Às tantas, o bichanar foi subindo de tom e já era uma algazarra tão grande que parece tê-lo acordado. Outro qualquer professor já nos teria pregado um raspanete, coberto de ameaças, mas ele não disse nada, como se não tivesse ouvido ou, melhor, não se importasse. Aliás, aposto que nem nos ouviu.

O ar dele, enquanto esteve ausente, era tão distante que mais parecia ter-se, efetivamente, evadido da sala. Quando recomeçou a falar connosco, em pé, em cima do estrado, já tinha ganho o primeiro round de simpatia.

Depois, veio o mais surpreendente:
- Bem, eu sou o vosso novo professor de Organização Política, mas devo dizer-vos que não percebo nada disto. Vocês já deram isto o ano passado, não foi? Então sabem, de certeza, mais que eu.

Gargalhada geral.

- Podem rir porque é verdade. Eu não percebo nada disto, as minhas disciplinas, aquelas em que me formei, são História e Filosofia, não tenho culpa que me tivessem posto aqui, tipo castigo, para dar uma matéria que não conheço, nem me interessa. Podia estudar para vir aqui desbobinar, tipo papagaio, mas não estou para isso. Não entro em palhaçadas.

Voltámos a rir, numa sonora gargalhada, tipo coro afinado, mas ele ficou impávido e sereno. Continuava a mostrar um semblante discreto, calmo, simpático.

- Pois é, não vou sobrecarregar a minha massa cinzenta com coisas absolutamente inúteis e falsas. Tudo isto é uma fantochada sem interesse. Não vou perder um minuto do meu estudo com esta porcaria.

Começámos a olhar uns para outros, espantados; nunca na vida nos tinha passado pela frente um professor com tamanha ousadia.

- Eu estudaria, isso sim, uma Organização Política que funcionasse, como noutros países acontece, não é esta fantochada que não passa de pura teoria. Na prática não existe, é uma Constituição carregada de falsidade. Portugal vive numa democracia de fachada, este regime que nos governa é uma ditadura desumana e cruel.

Não se ouvia uma mosca na sala. Os rostos tinham deixado cair o sorriso e estavam agora absolutamente atónitos, vidrados no rosto e nas palavras daquele homem ímpar. O que ele nos estava a dizer é o que ouvimos comentar, todos os dias, aos nossos pais, mas sempre com as devidas recomendações para não o repetirmos na rua porque nunca se sabe quem ouve. A Pide persegue toda a gente como uma nuvem de fumo branco, que se sente mas não se apalpa.

- Repito: eu não percebo nada desta disciplina que vos venho lecionar, nem quero perceber. Estou-me nas tintas para esta porcaria.

Mas, atenção, vocês é outra coisa. Vocês vão ter que estudar porque, no final do ano, vão ter que fazer exame para concluírem o vosso 7.º ano e poderem entrar na Faculdade. Isso, vocês tem que fazer. Estudar.

Para serem homens e mulheres cultos para poderem combater, cada um onde estiver, esta ditadura infame que está a destruir a vossa pátria e a dos vossos filhos. Vocês são o amanhã e são vocês que têm que lutar por um novo país.

Não vão precisar de mim para estudar esta materiazinha de chacha, basta estudarem umas horas e empinam isto num instante. Isto não vale nada. Eu venho dar aulas, preciso de vir, preciso de ganhar a vida, mas as minhas aulas vão ser aulas de cultura e política geral. Vão ficar a saber que há países onde existem regimes diferentes deste, que nos oprime, países onde há liberdade de pensamento e de expressão, educação para todos, cuidados de saúde que não são apenas para os privilegiados, enfim, outras coisas que a seu tempo vos ensinarei.

Percebem? Nós temos que aprender a não ser autómatos, a pensar pela nossa cabeça. O Salazar quer fazer de vocês, a juventude deste país, carneiros, mas eu não vou deixar que os meus alunos o sejam. Vou abrir-lhes a porta do conhecimento, da cultura e da verdade. Vou ensinar-lhes que, além fronteiras, há outros mundos e outras hipóteses de vida, que não se configuram a esta ditadura de miséria social e cultural.

Outra coisa: vou ter que vos dar um ponto por período porque vocês têm que ter notas para ir a exame. O ponto que farei será com perguntas do vosso livro que terão que ter a paciência de estudar. A matéria é uma falsidade do princípio ao fim, mas não há volta a dar, para atingirem os vossos mais altos objetivos. Têm que estudar. Se quiserem copiar é com vocês, não vou andar, feita toupeira, a fiscalizá-los, se quiserem trazer o livro e copiar, é uma decisão vossa, no entanto acho que devem começar a endireitar este país no sentido da honestidade, sim porque o nosso país é um país de bufos, de corruptos e de vigaristas. Não falo de vocês, jovens, falo dos homens da minha idade e mais velhos, em qualquer quadrante da sociedade. Nós temos sempre que mostrar o que somos, temos que ser dignos connosco para sermos dignos com os outros. Por isso, acho que não devem copiar. Há que criar princípios de honestidade e isso começa em vocês, os futuros homens e mulheres de Portugal. Não concordam?

Bem, por hoje é tudo, podem sair. Vemo-nos na próxima aula.
Espantoso. Quando ele terminou estava tudo lívido, sem palavras. Que fenómeno é este que aterrou em Setúbal? Já me esquecia de escrever. Esta ave rara, o nosso professor de Organização Política, chama-se Zeca Afonso.

23/11/2011

Querem a Dona Angela Merkel?

Todos os dias há debates nas televisões.Diz-se, por isso, que as pessoas estão hoje muito mais bem informadas. Eu constato o contrário: as pessoas estão mais baralhadas.

E porquê?
Porque esses debates criam nos telespectadores a ideia de que todas as opiniões são igualmente válidas. Por motivos de isenção, as televisões colocam no mesmo plano as intervenções mais fundamentadas e sensatas e as mais demagógicas, infundadas ou mesmo disparatadas.

E assim, fica a ideia de que todas as opiniões valem o mesmo e são aceitáveis.
Ora isso não é verdade: nem todas as opiniões valem o mesmo, nem todas são igualmente respeitáveis.

Há umas mais certas do que outras.

Hoje é raro o debate televisivo em que não vem à baila a «senhora Merkel».
A 'senhora Merkel' é o bombo da festa de muitos opinadores, dos mais importantes aos mais insignificantes.

Julgo que aqui há uma ponta de machismo: porque se diz «a senhora Merkel» e não se diz «o senhor Sarkozy»?
Só por ela ser mulher? E por que se diz «a senhora Merkel» e não se diz «a senhora Ségolène Royal» ou «a senhora Martine Aubry»? Só por Angela Merkel ser 'de direita'?

Mas, machismo ou ideologia à parte, ainda não percebi o que quererão as pessoas que constantemente a criticam. Acham que ela deveria usar ano após ano o superavit da Alemanha para compensar os défices dos países do Sul?

Acham que deveria dispor dos impostos dos alemães para pagar a falta de rigor financeiro dos gregos, portugueses, italianos ou espanhóis? E já agora: acham saudável que um país viva com um défice permanente? Gaste recorrentemente acima das suas possibilidades?

Há quem pense que Angela Merkel deveria ser uma espécie de Madre Teresa de Calcutá da política europeia. Só que, mesmo que o quisesse, os alemães não lho permitiriam. Nenhum povo aceita estar constantemente a trabalhar para outros.

Isso pode acontecer num momento excepcional – um terramoto, um conflito armado, um cataclismo financeiro -- mas nunca de forma permanente.

Por isso, os povos têm de se haver por si: têm de viver de acordo com aquilo que produzem, só se endividando para conseguirem produzir mais e não para poderem consumir mais.
A regra tem de ser esta.

Outra crítica habitual nos dias de hoje tem que ver com a preponderância do eixo franco-alemão.

Com o facto de as grandes decisões na Europa serem aparentemente tomadas em encontros Merkel-Sarkozy. Ora isso era inevitável a partir do momento em que a União Europeia começou a crescer descontroladamente.

Recorde-se que, quando Portugal entrou, havia 10 países – e agora há 27.
Os mecanismos de decisão tornaram-se muitíssimo mais difíceis, conseguir consensos tornou-se uma tarefa ciclópica.

Com uma Europa a 27, de duas, uma: ou não se conseguiriam tomar decisões em tempo útil ou os grandes desbravavam caminho e se entendiam para andar para a frente, devendo depois os outros segui-los.
É isto que está a acontecer.

Critica-se, neste aspeto, Durão Barroso.
Diz-se que ele perdeu a liderança europeia e se deixa quase sempre ultrapassar.
Ora é necessário perceber o seguinte: enquanto Merkel e Sarkozy têm um poder real, são os governantes eleitos pelos cidadãos das duas maiores nações do continente, Durão Barroso tem um poder delegado.

Enquanto os outros têm atrás deles a força de dois grandes Estados, Durão tem uma estrutura burocrática.

Por isso, não está no mesmo plano de Merkel e Sarkozy – e sou levado a pensar que o seu papel vai mudar.

Durão Barroso vai tender cada vez mais a ser, na União Europeia, 'a voz dos mais fracos'.
Os países pequenos e médios da União não poderão, só por si, bater o pé à França e à Alemanha. Mas Durão pode fazê-lo em nome deles.

A Europa, neste momento, com o Ocidente em crise e ameaças vindas de toda a parte, tenderá a ser governada por uma troika.

Uma troika em que Merkel e Sarkozy irão concertando posições – e Durão Barroso representará os anseios dos mais pequenos. Durão Barroso já está, informalmente, a desempenhar este papel.

Nas últimas semanas tem constituído uma espécie de contrapeso ao eixo franco-germânico (recolhendo, por isso, os aplausos do Parlamento Europeu).

Mas não se lhe peça o que, humanamente, ele não pode fazer: sobrepor-se à França e à Alemanha. Perante a força, não há argumentos que vençam.

E já agora deixem de dizer «a senhora Merkel».

José António Saraiva
in «Sol», 21.11.2011

22/11/2011

Münchner Residenz

Em Munique, Alemanha, há um palácio fabuolso para visitar. Residência dos reis da Baviera, foi seriamente danificado durante a II Guerra Mundial.

Reconstruído impecavelmente depois Guerra, apresenta algumas feridas (irrecuperáveis) do conflito.


20/11/2011

A praia onde estivemos

Naquela praia de areia dourada e águas agitadas, que tu percorres nas caminhadas infindas ao longo da água fronteira à que cai da cascata.

As tuas curvas, as ondas do mar, os seios, as colinas, o azul atlântico, o verde vegetal, o vermelho dos teus lábios, o laranja do Sol, o branco da espuma em fuga para as nuvens apressadas.

Que sonho explosivo eu tive, no verão passado e aqui:

18/11/2011

Guebuzismo

Carta aberta ao Presidente da República
Cuamba, 27 de Fevereiro de 2011

Gostaria de confessar-lhe, Senhor Presidente da República que me perturbam profundamente os insistentes convites para nos filiarmos no Partido Frelimo, como condição para a devolução do nosso património.

Uma vez mais lhe escrevo, Senhor Presidente da República. Por um lado para reagir ao despacho exarado por Vossa Excelência que nos remete para a Justiça, "querendo". Por outro, porque necessário se torna que não se passe por cima de alguns aspectos ligados à minha petição, aspectos esses que se não forem analisados à luz da história deste País, nunca serão cabalmente entendidos.

O historial breve de meus pais:

1. O cidadão português José Caetano Moreno, meu pai, chegou a Moçambique no longínquo ano de 1951, tendo-se fixado em Niassa;


2. Nessa altura, ele conhece a cidadã moçambicana Ana João Chukwa com que se casa, constrói todo o património e de quem tem dois filhos (eu e o João António). De uma ligação anterior com uma outra pessoa, nascera Maria Rosa, minha irmã mais velha;

3. Com efeito, depois de casados, meus pais construíram duas residências e um hotel na Cidade de Cuamba, uma propriedade agro-pecuária, uma pescaria e uma mina de pedras semi-preciosas. Eram igualmente proprietários de mais de duas mil cabeças de gado bovino; na sua acção quotidiana, meus pais nunca descuraram o apoio social às camadas mais carenciadas. Nos seus investimentos, não faltavam a escola e o posto de saúde, devidamente apetrechados, para seus trabalhadores, familiares e vizinhos;

4. Com a Independência de Moçambique – com a qual meu pai estava de acordo e tinha activamente apoiado – de forma natural, ele e família optou por continuar a viver neste País que aprendera a amar como seu. Durante cerca de três anos o meu pai foi responsável dos Assuntos Sociais de Cuamba, tarefa que executou com todo o zelo e dedicação;

5. O sistema social que se estava a implantar em Moçambique era, do ponto de vista do discurso, um sistema baseado numa sociedade de igualdade e fraternidade entre os homens, filosofia com a qual meu pai e toda a família estavam de acordo;

6. Alguns anos depois, com apreensão, a minha família começou a perceber que do discurso proferido às acções praticadas, a distância era cada vez maior. Num País que se afirmara, na proclamação da sua Independência, de maior justiça social e respeito pelos direitos dos cidadãos, as injustiças eram mais e mais gritantes. Surgiram os campos de reeducação de triste memória; Com eles as prisões arbitrárias e as execuções sumárias de pessoas muitas vezes bastante próximas de minha família;

7. Sensivelmente na mesma altura, meu pai toma conhecimento, através de amigos seus bem posicionados no aparelho partidário, que estava eminente a sua detenção e encaminhamento (dele e esposa) para o campo de reeducação de Mitelela, onde já se encontravam figuras como Joana Simeão, Urias Simango e esposa e tantos outros;

8. A partir dessa altura e, perante a gravidade das atrocidades que eram diariamente cometidas no Niassa (onde era Governador o senhor Aurélio Benete Manave) sair de Moçambique com sua esposa, era uma questão de vida ou de morte. Os meus pais foram forçados a sair do País, sob risco de serem mortos;

9. Meus pais saíram numa madrugada de Setembro (dia 20) de 1978. Eles haviam sido informados, às 23 horas do dia 19 que constavam de uma lista de cinco pessoas que seriam presas e mortas, no dia seguinte; efetivamente, na manhã do dia 20, o Padre Estêvão, o Sr. Ramassane (funcionário da Administração) e o Sr. Floriano, foram presos – o Padre Estêvão à saída da igreja - e levados para os campos de reeducação onde, pouco depois, foram sumariamente executados;

10. Foi exatamente isto que aconteceu. Eles não saíram de livre e espontânea vontade. Foram coagidos a sair. O Governo não esperou sequer que decorressem os 90 dias preconizados na Lei das Nacionalizações; tratou logo de ocupar e usufruir de todas as suas propriedades, chegando ao extremo de abater todas as cabeças de gado deixadas pelos meus pais; Diga-me, Senhor Presidente da República: havia condições para eles voltarem?

11. À semelhança do que aconteceu com muitas outras famílias, a minha família viu-se forçada a um exílio de 15 anos, exílio a que o Acordo Geral de Paz veio pôr fim. Eliminadas as causas que forçaram minha família a sair de Moçambique, retornámos;

12. Mas a Paz que veio para Moçambique não foi usufruída por todos da mesma forma. Meus pais continuaram a ser perseguidos: tentativas de envenenamento e duas minas antitanque foram colocadas para atingi-los, em duas ocasiões diferentes, no ano de 1994. Numa das ocasiões tiveram que ser resgatados e escoltados pelas forças da ONUMOZ. O objetivo tem sido, claramente, eliminar fisicamente a minha família;

13. De 1993 a esta parte, junto de quem de direito, temos reivindicado a devolução do nosso património. Paradoxalmente estes processos têm vindo a colapsar, sempre porque o expediente misteriosamente se perde...

14. Ao negar devolver o património de minha família, há moçambicanos que são altamente lesados com esta decisão;

Eu, meus irmãos e minha mãe (se estivesse viva) somos moçambicanos.

Não se trata de uma questão com um estrangeiro, português, meu pai, como Vossa Excelência quis dar a entender.

Senhor Presidente da República, as nossas diferenças políticas não devem servir de desculpa para o Governo ocupar o património de minha família.

A experiência mostra que a exclusão político-socio-económica é nefasta às sociedades. Os ventos que sopram pelo mundo, são ventos de mudança, em busca de uma melhor justiça social.

Para finalizar, gostaria de confessar-lhe, Senhor Presidente da República que me perturbam profundamente os insistentes convites para nos filiarmos no Partido Frelimo, como condição para a devolução do nosso património. Continuo a acreditar que a adesão a um partido político deve ser voluntária.

Tomara que esta minha petição seja acolhida por Vossa Excelência.

Maria José Moreno Cuna (*)

C/C
- Liga Moçambicana dos Direitos Humanos
- Embaixada de Portugal em Maputo
- Gabinete do Primeiro-Ministro de Portugal
- Dr. Almeida Santos

(*) Ex-deputada da Assembleia da República e ex-chefe da Bancada da Renamo

16/11/2011

Nunca mais

Para esta Europa diferente, um filme soberbo, vencedor do Festival de Cannes na categoria de duração máxima de três minutos e com um mínimo de diálogos:


15/11/2011

O beijo do Sol

Obra de Pedro Osório e baseada num canto tradicional do Quénia,

Faz parte do álbum "Cantos da Babilónia"



14/11/2011

Cunhado

Em São Paulo, um sujeito passou mal no meio da rua, caiu e foi levado para o setor de emergência de um hospital particular, pertencente à Universidade Católica, administrado totalmente por freiras.

Lá, verificou-se que teria que ser urgentemente operado ao coração, o que foi feito com total êxito.

Quando acordou, a seu lado estava a freira responsável pela tesouraria do hospital e que lhe disse prontamente:

- Caro senhor, a sua operação foi bem sucedida e o senhor está salvo. Entretanto, há um assunto que precisa da sua urgente atenção: como é que o senhor pretende pagar a conta do hospital?

E a cobrança começou...
- O senhor tem seguro-saúde?
- Não, Irmã.
- Tem cartão de crédito?
- Não, Irmã.
- Pode pagar em dinheiro?
- Não tenho dinheiro, Irmã.

E a freira começou a suar frio, antevendo a tragédia de perder o recebimento da conta hospitalar! Continuou com o questionamento.
- Em cheque então, o senhor pode pagar?
- Também não, Irmã.

A essa altura, a freira já estava à beira de um ataque. E continuou...
- Bem, o senhor tem algum parente que possa pagar a conta?
- Ah.... Irmã, eu tenho somente uma irmã solteirona, que é freira, mas não tem um tostão.
A Freira, corrigindo-o...

- Desculpe que o corrija, mas as freiras não são solteironas, como o senhor disse. Elas são casadas com Deus.
- Então, por favor, mande a conta pró meu cunhado!

Assim nasceu a expressão: "Deus lhe pague".

13/11/2011

Paul Grote

Paul Grote é um escritor alemão, de policiais. É nessa qualidade que escreveu uma interessante obra cuja ação decorre Douro.
Nome da obra«O herdeiro do Vinho do Porto» (ainda não há em português) e a ver em pormenor aqui!

Uma excelente promoção de Portugal.

12/11/2011

Utopia

Sobre o direito à utopia:

11/11/2011

Vou passear com meus (16) cães e volto já!

08/11/2011

África também é...

... isto:

05/11/2011

Um violino no Fado

Para quem aprecia música, aqui está uma original interpretação de fado, com a "voz do violino", de Natália Jusckiewicz. Basta aumentar o som... fechar os olhos e... abandonar-se...

Natalia é polaca e violinista residente em Portugal. Formada na Academia de Poznan, uma das escolas mais conceituadas do mundo, começou a carreira musical como intérprete solista e integrou orquestras e formações polacas de prestígio internacional.

Durante umas férias, apaixonou-se por Portugal e decidiu mudar-se. Adaptou-se à língua, à cultura e à maneira de ser dos portugueses.

Uma guitarra portuguesa  e um violino primorosamente tocado.


Basta fechar os olhos e relaxar:

03/11/2011

Indignados

Na fila do supermercado, o caixa diz a uma senhora idosa:
- A senhora deveria trazer o seu saco para as compras, uma vez que sacos de plástico não são amigáveis com o ambiente.

A senhora pediu desculpas e disse:
- Não havia essa onda verde no meu tempo.

O empregado respondeu:
- Esse é exatamente o nosso problema hoje, minha senhora. A sua geração não se preocupou o suficiente com o nosso ambiente.

- Você está certo - responde a velha senhora - a nossa geração não se preocupou adequadamente com o ambiente. Naquela época, as garrafas de leite, garrafas de refrigerante e cerveja eram devolvidos à loja. A loja mandava para a fábrica, onde eram lavadas e esterilizadas antes de cada reuso, e eles, os fabricantes de bebidas, usavam as garrafas, umas tantas outras vezes.

Realmente não nos preocupamos com o ambiente no nosso tempo. Subíamos as escadas, porque não havia escadas rolantes nas lojas e nos escritórios. Caminhávamos até o comércio, em vez de usar o nosso carro de 300 cavalos de potência de cada vez que precisamos ir a dois quarteirões.

Mas você está certo. Nós não nos preocupávamos com o ambiente. Até então, as fraldas de bebês eram lavadas, porque não havia fraldas descartáveis. Roupas secas: a secagem era feita por nós mesmos, não nestas máquinas bamboleantes de 220 volts. A energia solar e eólica é que realmente secavam nossas roupas. Os meninos pequenos usavam as roupas que tinham sido de seus irmãos mais velhos, e não roupas sempre novas.

Mas é verdade: não havia preocupação com o ambiente, naqueles dias. Naquela época só tínhamos somente uma TV ou rádio em casa, e não uma TV em cada quarto. E a TV tinha uma tela do tamanho de um lenço, não um telão do tamanho de um estádio; que depois será descartado como?

Na cozinha, tínhamos que bater tudo com as mãos porque não havia máquinas elétricas, que fazem tudo por nós. Quando embalávamos algo um pouco frágil para o correio, usamos jornal amassado para protegê-lo, não plastico bolha ou pellets de plástico que duram cinco séculos para começar a degradar. Naqueles tempos não se usava um motor a gasolina apenas para cortar a relva, era utilizado um cortador de relva que exigia músculos. O exercício era extraordinário, e era preciso ir a uma academia e usar esteiras que também funcionam a eletricidade.

Mas você tem razão: não havia naquela época preocupação com o ambiente. Bebíamos diretamente da fonte, quando estávamos com sede, em vez de usar copos plásticos e garrafas pet que agora lotam os oceanos. Canetas: recarregávamos com tinta umas tantas vezes ao invés de comprar uma outra. Afiávamos as navalhas, ao invés de jogar fora todos os aparelhos 'descartáveis' e poluentes só porque a lâmina ficou sem corte.

Na verdade, tivemos uma onda verde naquela época. Naqueles dias, as pessoas tomavam o autocarro e os meninos iam nas suas bicicletas ou a pé para a escola, ao invés de usar a mãe como um serviço de táxi 24 horas. Tínhamos só uma tomada em cada quarto, e não um quadro de tomadas em cada parede para alimentar uma dúzia de aparelhos. E nós não precisávamos de um GPS para receber sinais de satélites a milhas de distância no espaço, só para encontrar a pizzaria mais próxima.

01/11/2011

Dia de Todos-os-Santos

A maçã é a causa de tanta excitação.