30/11/2010

O iPad em Lisboa

O fabuloso iPad, o tablet da Apple, chegou finalmente a Portugal. Um dia digno de registo.

As lojas Worten, Fnac e MediaMarkt lançaram os seis modelos existentes, a preços europeus (entre 499 e 799 € - o modelo de topo, de 64 GB com Wi-Fi e 3G).

Na redação de «Tempos Modernos» já utilizamos estes equipamentos desde 2 de Julho (primeiras páginas do «Público» desse dia e do primeiro dia oficial do iPad em Portugal):

Senhora do Vencimento

Chegados a este dia, uns terão vencimento, outros salário, muitos, nem uma coisa nem outra.

Mas há sempre uma esperança na Senhora do Vencimento, aqui perto.

29/11/2010

Frase a reter...

"O maior castigo para aqueles que não se interessam por política, é que serão governados pelos que se interessam."

Arnold Toynbee

28/11/2010

Embaixador sob Sol tropical

Depois da proposta de compra de títulos de dívida pública portuguesa por parte de Timor-Leste, só faltava mesmo conhecer como os portugueses são "diplomaticamente" representados no extremo Oriente.

Interessante momento registado, aliás, pelo Presidente timorense, José Ramos-Horta, certamente para assinalar o dia da independência (28 de Novembro de 1975).


27/11/2010

A mulher faz a diferença

Numa ocasião, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, saiu para jantar com a mulher, Michelle, e foram a um restaurante não muito luxuoso, porque queriam fazer algo diferente e sair da rotina.

Estando sentados à sua mesa no restaurante, o dono pediu aos guarda-costas para se aproximar e cumprimentar a primeira-dama, e assim o fez.

Quando o dono do restaurante se afastou, Obama perguntou a Michelle:
- Qual é o interesse deste homem em te cumprimentar?
Michele respondeu:- Acontece, que na minha adolescência, este homem foi meu apaixonado durante muito tempo.
Obama disse então:
- Ah, quer dizer que se tu tivesse se casado com ele, hoje serias dona deste restaurante?
Ao que Michelle respondeu:
- Não, meu querido, se eu me tivesse casado com ele, hoje ele seria o Presidente dos Estados Unidos. 

26/11/2010

Comunicado...

25/11/2010

Contra a violência sobre as mulheres

“Ora, menina, bate no que é dele!” Foi há uns trinta anos que pela primeira vez ouvi isto. Domingo, manhã cedo, no adro da igreja da aldeia das minhas férias. Não era incomum surgir uma mulher com a cara inchada, o olho raiado de sangue, o lábio rebentado. Causa de espanto só mesmo o meu espanto, diante de tal visão e da resignação da própria e das demais — “ai, o meu homem ontem bateu-me tanto”, “o meu também fica ruim quando bebe”. O meu “então e deixa que ele lhe faça isso?” fê-las rir, nervosas: “e o que há-de ela fazer?” Seguiu-se o remate, lapidar: “bate no que é dele”. Variante do deplorável “quanto mais me bates, mais gostas de mim”. Era outro tempo, outro contexto, feito de atraso, miséria e alcoolismo. Ou será que não?

Cenas que se desenrolam diante de mim, relatos que me chegam. O namorado que batia vinga-se da ruptura fazendo montagens escabrosas com a imagem dela, que envia a conhecidos e colegas e espalha na net. O marido que vive com a amante mas submete a mulher ao silêncio e à humilhação de o ter na sua cama quando ele queira, ameaçando tirar-lhe os filhos, que ela não consegue sustentar, por ter trocado a promissora carreira por um emprego mal pago e tempo para a família. O sujeito que, diante de qualquer mulher que se destaque, regista que “curiosamente, ela é inteligente”. O mesmo e tantos outros que, em privado e em público, mandam calar a mulher, por ser “burra” e/ou não saber o que diz, a repreendem, ora com o “és mesmo incapaz de fazer o que quer que seja em condições”, ora com o “não prestas para nada” e rematam diferendos com um “enquanto for eu a pagar, sou eu quem manda aqui”. Casos raros de péssima e retrógrada educação, dinossauros condenados à extinção neste mundo de igualdade e paridade. Ou será que não?

A minha filha teria dez anos. Um pretendente declarou-se. Rejeitado, insistiu. Sem êxito. Mudou de estratégia: nos recreios plantava-se com os amigos junto dela e chamavam-lhe “p—“. Repetidamente e aos gritos. Quando soube, passei-me. Ainda ponderei recorrer à via institucional, mas a mãe-leoa levou a melhor. Rugi: “da próxima vez, bem alto, para toda a gente ouvir, «p— é a tua mãezinha»… à minha responsabilidade!” Logo no dia seguinte, o moço deu o primeiro tiro e levou com a rajada, bem à vista da sua entourage e de quantos mais ali estavam. Ficou histérico: gritou, esbracejou, soluçou descontrolado. Foi preciso chamar a psicóloga. Soube depois, por várias mães, que as filhas haviam passado pelo mesmo, com estes e outros meninos. E que “lésbica” era também de uso corrente, para o mesmo efeito. Miúdos malcriados, idades parvas, excessiva sensibilidade e ferocidade da minha parte. Ou será que não?

São casos muito diferentes entre si, na sua gravidade, dir-se-á. Pois são. Estão todos a anos-luz das atrocidades a que são submetidas meninas e mulheres noutras latitudes, noutros ambientes culturais e religiosos, acrescentar-se-á. Pois estão. Não se trata, é certo, de violações em cenário de guerra, de casamentos forçados de meninas ainda crianças, de mutilação genital, de crimes de honra ou motivados pelo incumprimento do dote ajustado, de aborto selectivo ou de infanticídio de recém-nascidos do sexo feminino: a lista de barbaridades é bem conhecida e ressurge todos os anos por esta altura, perturbadora e ilustrada por números que nos gelam.

Mas importa não esquecer que à cabeça deste rol de infâmias, pela sua frequência, vem a violência inflingida à mulher pelo que é ou foi seu companheiro, seja através de espancamento, de coerção sexual ou de formas variadas de abuso psicológico e emocional.

Segundo números da ONU, do total de mulheres que por todo o mundo tombam vítimas de homicídio, cerca de metade morre às mãos dos seus intimate partners. Em Portugal, em 2010, a violência doméstica causou já 39 mortes e 37 tentativas de homicídio (respetivamente mais 10 e mais 9 que em 2009).

E convém ter presente que esta e as demais formas de violência referidas radicam numa visão profundamente discriminatória da mulher, no casal e na família, marcada pela sua subordinação à autoridade do homem, na sua instrumentalização à satisfação de interesses tidos como preponderantes e na desvalorização das suas capacidades pessoais e necessidades de desenvolvimento e de realização individual.

A violência sobre as mulheres, não há como negá-lo, faz parte da nossa realidade. Atravessa todos os estratos sociais, económicos, geracionais ou etários. E tende a subsistir e a replicar-se, fruto de uma pesada herança cultural, feita de atitudes, de estereótipos e de papéis, aprendidos e, não raro, banalizados como suposta expressão característica e inevitável do nosso modo de ser e de viver.

Pior, a ânsia de poder e de controlo que subjaz a esta violência convive muitíssimo mal com o sucesso profissional, a independência financeira e a autonomia emocional conquistadas pelas mulheres. Com a crescente consciência de que quem ama, não deprecia nem sufoca, de que o casamento se vive, não se aguenta. Estudos recentes apontam para um assustador aumento desta violência, potenciado pela insubmissão daquelas perante atitudes masculinas hoje vistas como inaceitáveis.

Tudo isto me incomoda e me dá que pensar, enquanto mulher que vive neste mundo e mãe de três filhas que, temo bem, terão ainda de travar duros combates nesta frente. Porque esta violência cruel e injusta é um problema de ontem, de hoje e também de amanhã. E é a clara noção disso que nos exige que preparemos os nossos filhos para o enfrentar e, quem sabe, debelar em definitivo. Explicando aos meninos que ser homem não é ser bruto, que as mulheres se conquistam e se mantêm, não se compram, nem subjugam. Ensinando as meninas a prezar e a, em caso algum, abrir mão da sua individualidade, autonomia e dignidade. Com a palavra e com o exemplo. É essa a nossa responsabilidade.

* Texto escrito em resposta ao desafio que me foi lançado pela Luciana, do Borboletas nos Olhos, para me associar, com ela e muitos outros, à iniciativa “ativismo online – FimDaViolenciaContraMulher”, a propósito do Dia Internacional para a Erradicação da Violência Contra a Mulher, que hoje se comemora em todo o mundo (e originalmente publicado aqui).

24/11/2010

Fábricas de desemprego

A CGTP e a UGT protegem os "protegidos", e desprotegem os que estão fora do sistema (os mais jovens e os desempregados). Quem está a fazer greve hoje? Os mais "privilegiados", i.e., aqueles que trabalham em redor do Estado.

I. Este greve tem uma ponta de ironia: aqueles que lideram a greve são aqueles que são mais protegidos, isto é, os funcionários públicos. Os funcionários públicos têm uma segurança absurda no emprego. Se uma empresa fecha as portas, os trabalhadores dessa empresa vão para o fundo de desemprego e depois têm de arranjar outro emprego. Se uma repartição pública perde a sua utilidade, os funcionários dessa repartição não são dispensados. Nem pensar, então. Que escandaleira fascista. Não senhor. Esses funcionários-públicos-que-estão-a-mais vão para um quadro de mobilidade, onde ganham, se não me engano, quatro sextos do seu vencimento. Mas, então, eu pergunto: mas há portugueses de primeira e portugueses de segunda? Por que razão os desempregados e trabalhadores das empresas têm de pagar esta segurança extrema do funcionário público? Por que razão o funcionário público têm direito a uma rede de segurança vitalícia? Sim, de facto, devíamos fazer greve, uma greve contra estes privilégios inaceitáveis dos funcionários públicos.

II. O sindicalismo português, representado pela GCTP e pela UGT, está perdido no tempo. A CGTP e a UGT são forças reaccionárias que impedem a adaptação de Portugal ao século XXI. Um exemplo: se os trabalhadores da Auto-Europa tivessem seguido as indicações dos sindicatos, a empresa já não estava cá. Felizmente, a comissão de trabalhadores da Auto-Europa negociou regras de flexibilidade que aumentaram a produtividade da empresa. Resultado: para o ano, os trabalhadores da Auto-Europa vão ter um aumento de 4%. Se os sindicatos tivessem impedido as mudanças "neoliberais" na Auto-Europa, os milhares de trabalhadores da fábrica estariam agora na rua a protestar contra o "neoliberalismo". A UGT e a CGTP são fábrica de desemprego.

III. Mais: são os piores inimigos da minha geração. Ao defenderem leis laborais ultra defensivas (as mais restritivas do espaço da UE, aliás, do espaço da OCDE), a UGT e a CGTP contribuem para a ausência de criação de novos postos de trabalho, de novas empresas. Os mais jovens não conseguem entrar naquilo que já existe (porque é dificílimo fazer um despedimento individual em Portugal; portanto, o jovem só entra a recibos verdes para fazer um trabalho que devia estar a ser feito por uma pessoa do "quadro"; e essa pessoa do quadro continua lá) e, acima de tudo, os jovens não vêem novas empresas a aparecer. Porque a lei laboral está pensada para defender a todo o custo aquilo que já existe. O futuro não interessa à nossa lei laboral. O futuro não interessa à CGTP. A CGTP, tal como o PCP e o BE, representa o passado.

Henrique Raposo
in «Expresso», 24.11.2010

Salazar e o funcionário

- Senhor presidente, hoje não apanhei o eléctrico! Vim a correr atrás dele e poupei oito tostões!" - disse o funcionário público, a querer agradar a Oliveira Salazar.

O ditador respondeu de imediato:
- Fez bem, mas se viesse atrás de um táxi teria feito melhor, porque poupava vinte escudos e chegava mais cedo!".

23/11/2010

O racismo de esquerda

I. A Alemanha, através de Merkel, foi clara: a sociedade multiculturalista falhou. E, aqui, convém fazer uma clarificação dos conceitos. O multiculturalismo não é o mesmo que cosmopolitismo. Uma sociedade cosmopolita é uma sociedade composta por indivíduos de diferentes origens e religiões. Ou seja, uma sociedade cosmopolita é uma sociedade multicultural (no sentido em que não é composta apenas por um grupo étnico e/ou religioso), mas é uma sociedade assente no indivíduo, e não em "culturas" ou "comunidades". Por outras palavras, uma sociedade com muitas culturas lá dentro (um fenómeno orgânico e típico de uma sociedade aberta) não é o mesmo que o Multiculturalismo (uma ideologia que produziu políticas públicas concretas).

II. O multiculturalismo é uma doutrina política (fortíssima na esquerda de países como o Reino Unido ou Holanda) que determina que cada "comunidade" deve ter as suas regras e as suas leis . Isto, na prática, significa o seguinte: os muçulmanos vivem dentro da Alemanha e do Reino Unido, mas não têm de seguir as regras que os alemães e os britânicos seguem. É esta doutrina que está na base do "politicamente correcto", essa espécie de racismo cor-de-rosa que infantiliza e desresponsabiliza todos os não-brancos.

III. A esquerda europeia agarrou esta doutrina multiculturalista a partir dos anos 70. Após o fracasso da grande utopia marxista, esta esquerda pós-marxista tornou-se profundamente reaccionária e começou a pensar nos termos da velha direita: o seu centro passou a ser a "tradição cultural"; passou a defender a "tradição cultural" contra o iluminismo cosmopolita (e imperialista, dizem) do Ocidente. Desta inversão ideológica, surgem casos absurdos como este relatado por Amartya Sen: no Reino Unido, uma miúda muçulmana quer namorar com um rapaz inglês, mas os pais da miúda proíbem essa relação. Perante isto, o que dizem os ideólogos do multiculturalismo? É muito simples: apoiam os pais da miúda. Temos assim a esquerda europeia a apoiar os movimentos mais reaccionários, misóginos e homofóbicos do mundo.

IV. Vai haver muita gente a apelidar Merkel de "racista". Mas o "racista" desta história é o pensamento politicamente correcto, que infantiliza constantemente o "outro", ilibando-o de cumprir as regras de uma sociedade livre. Neste debate, convém sempre relembrar as bases do direito cosmopolita: um estrangeiro tem os mesmos direitos e os mesmos deveres de um nacional. Durante décadas, a atmosfera politicamente correcta deu direitos ao muçulmano e, depois, disse-lhe que ele não tinha de cumprir os deveres e as regras. Essa bolha do racismo cor-de-rosa explodiu. Merkel disse o óbvio: "quem quiser fazer parte da nossa sociedade tem de obedecer às nossas leis e falar a nossa língua". Meus amigos, não é possível ter comunidades inteiras que não falam a língua oficial do país onde vivem. Repare-se nisto: "há muita gente a pôr os filhos na escola privada, o que não fariam há alguns anos, porque nalguns sítios, na escola pública, 80% dos alunos não fala alemão" (relato de um cidadão alemão, Público, 24 de Setembro).

V. Merkel está a seguir um critério kantiano, e não "nacionalista". Merkel não está a dizer que x e y têm de rezar ao deus alemão, não está a dizer que têm de cantar o hino alemão, não está a dizer que não podem ter a sua religião. Está a dizer que existe um chão comum, composto por leis e regras, que tem de ser respeitado, seja qual for a religião de x ou y. O desrespeito por esse chão comum tem um nome: barbárie. E o politicamente correcto alimentou, durante décadas, essa barbárie. Mas, felizmente, esta barbárie cor-de-rosa está a acabar.

Henrique Raposo
in «Expresso», 20.10.2010

22/11/2010

Carta aberta a Mário Soares e seus amigos

Sr. Dr. Mário Soares,

Sou um cidadão que trabalha, paga impostos, para que o Sr. e todos os restantes políticos de Portugal andem na boa vida.

Há dias, ouvi o Sr., doutamente, nas TVs, a avisar o povo português para que não se pusesse com greves, porque ainda ia ser pior.

Ouvi o Sr. perguntar onde estava a alternativa ao aumento de impostos, aqui estou eu para lhe dar a alternativa. Aqui lhe deixo 10 medidas que me vieram à mente assim, de repente:

1. Acabar com as pensões vitalícias e restantes mordomias de todos os ex-presidentes da República (os senhores foram PR, receberam os seus salários pelo serviço prestado à Pátria, não têm de ter benesses por esse facto);

2. Acabar com as pensões vitalícias e / ou pensões em vigor dos primeiros-ministros, ministros, deputados e outros quadros (os Srs deputados receberam o seu ordenado aquando da sua atividade como deputado, não têm nada que ter pensões vitalícias nem serem reformados ao fim de 12 anos; quando muito recebem uma percentagem na reforma, mas aos 65 anos de idade como os restantes portugueses - veja-se o caso do Sr. António Seguro que na casa dos 40 anos de idade já tem direito a reforma da Assembleia da República);

3. Reduzir o nº de deputados para 100;

4. Reduzir o número de ministérios e secretarias de estado, institutos e outras entidades criadas artificialmente, algumas desnecessárias e muitas vezes até redundantes, apenas para dar emprego aos boys;

5. Acabar com as mordomias na Assembleia da República e no Governo, e ao invés de andarem em carros de luxo, andarem em viaturas mais baratas, ou de transportes públicos, como nos países ricos do Norte da Europa (no dia em que se anunciou o aumento dos impostos por falta de dinheiro, o Estado adquiriu uma viatura na ordem dos 140 mil para os VIP que nos visitarão);

6. Acabar com os subsídios de reintegração social atribuídos aos vereadores, aos presidentes de Câmara, e outras entidades (multiplique-se o número de vereadores existentes pelo número de municípios e veja-se a enormidade e imoralidade que por aí grassa);

7. Acabar com as reformas múltiplas, sendo que um cidadão só poderá ter uma única reforma (ao invés de duas e três, como muitos têm);

8. Criar um tecto para as reformas, sendo que nenhuma poderá ser maior que a do PR;

9. Acabar com o sigilo bancário;

10. Criar um quadro da administração do Estado, de modo a que quando um governo mude, não mudem centenas de lugares na administração do Estado;

Com estas simples 10 medidas, a classe política que vai desgraçando o nosso amado Portugal, daria o exemplo e deixaria um sinal inequívoco de que afinal, vale a pena fazer sacrifícios e que o dinheiro dos portugueses não é esbanjado em Fundações duvidosas e em obras de fachada sumptuosas obras sumptuosas.

Enquanto isso não acontecer, eu não acredito no Sr. Mário Soares e não acredito em nenhum político desde o Bloco de Esquerda ao CDS, nem lhes reconheço autoridade moral para dizerem ao povo o que deve fazer.

Zé do Povo
Portugal

(circula na net)

21/11/2010

Coragem em papel selado

CARTA AO MINISTRO DAS FINANÇAS
«Exmo. Senhor Ministro das Finanças

V. Lopes da Gama Cerqueira, cidadão eleitor e contribuinte deste País, com o número de B.I. xxxxxxx, do Arquivo de identificação de Lisboa, contribuinte n.º xxxxxxxx vem por este meio junto de V. Exa. para lhe fazer uma proposta:

A minha Esposa, M. A. Pereira Gonçalves Sampaio Cerqueira, vítima de CANCRO DE MAMA em 2008, foi operada em 6 Janeiro com a extracção radical da mesma.

Por esta 'coisinha' sem qualquer importância foi-lhe atribuída uma incapacidade de 80%, imagine, que deu origem a que a minha Esposa tenha usufruído de alguns benefícios fiscais.

Assim, e tendo em conta as suas orientações, nomeadamente para a CGA, que confirmam que para si o CANCRO é uma questão de só menos importância.

Considerando ainda, o facto de V. Ex.ª, coerentemente, querer que para o ano seja retirado os benefícios fiscais, a qualquer um que ganhe um pouco mais do que o salário mínimo, venho propor a V. Ex.ª o seguinte:

A devolução do CANCRO de MAMA da minha Mulher a V. Exa. que, com os meus cumprimentos, o dará à sua Esposa ou Filha.

Concomitantemente com esta oferta gostaria que aceitasse para a sua Esposa ou Filha ainda:

a) Os seis (6) tratamentos de quimioterapia.
b) Os vinte e oito (28) tratamentos de radioterapia.
c) A angústia e a ansiedade que nós sofremos antes, durante e depois.
d) Os exames semestrais (que desperdício Senhor Ministro, terá que orientar o seu colega da saúde para acabar com este escândalo).
e) A ansiedade com que são acompanhados estes exames.
f) A angústia em que vivemos permanentemente.

Em troca de V. Ex.ª ficar para si e para os seus com a doença da minha Esposa e os nossos sofrimentos eu DEVOLVEREI todos os benefícios fiscais de que a minha Esposa terá beneficiado, pedindo um empréstimo para o fazer.

Penso sinceramente que é uma proposta justa e com a qual, estou certo, a sua Esposa ou filha também estarão de acordo.

Grato pela atenção que possa dar a esta proposta, informo V. Exa. que darei conhecimento da mesma a Sua Ex.ª o Presidente da República, agradecendo fervorosamente o apoio que tem dispensado ao seu Governo e a medidas como esta e também o aumento de impostos aos reformados e outras...

Reservo-me ainda o direito (será que tenho direitos?) de divulgar esta carta como muito bem entender.

E por isso peço a todos aqueles que receberem e lerem esta mensagem e se assim concordarem que enviem aos vossos amigos.

Obrigado

Como V. Ex.ª não acreditará em Deus (por se considerar como tal...) e por isso dorme em paz, abraçando e beijando os seus, só lhe posso desejar que Deus lhe perdoe, porque eu não posso (jamais) perdoar-lhe.

Com os melhores cumprimentos,

Atentamente,
Victor Lopes da Gama Cerqueira

circula por e-mail

20/11/2010

O May be man

Existe o "Yes man". Todos sabem quem é e o mal que causa. Mas existe o May be man. E poucos sabem quem é. Menos ainda sabem o impacto desta espécie na vida nacional. Apresento aqui essa criatura que todos, no final, reconhecerão como familiar.

O May be man vive do "talvez". Em português, dever-se-ia chamar de "talvezeiro". Devia tomar decisões. Não toma. Sim­plesmente, toma indecisões. A decisão é um risco. E obriga a agir. Um "talvez" não tem implicação nenhuma, é um híbrido entre o nada e o vazio.

A diferença entre o Yes man e o May be man não está apenas no "yes". É que o "may be" é, ao mesmo tempo, um "may be not". Enquanto o Yes man aposta na bajulação de um chefe, o May be man não aposta em nada nem em ninguém. Enquanto o primeiro suja a língua numa bota, o outro engraxa tudo que seja bota superior.

Sem chegar a ser chave para nada, o May be man ocupa lugares chave no Estado. Foi-lhe dito para ser do partido. Ele aceitou por conveniên­cia. Mas o May be man não é exatamente do partido no Poder. O seu partido é o Poder. Assim, ele veste e despe cores políticas conforme as marés. Porque o que ele é não vem da alma. Vem da aparência. A mesma mão que hoje levanta uma bandeira, levantará outra amanhã. E venderá as duas bandeiras, depois de amanhã. Afinal, a sua ideolo­gia tem um só nome: o negócio. Como não tem muito para negociar, como já se vendeu terra e ar, ele vende-se a si mesmo. E vende-se em parcelas. Cada parcela chama-se "comissão". Há quem lhe chame de "luvas". Os mais pequenos chamam-lhe de "gasosa". Vivemos uma na­ção muito gaseificada.

Governar não é, como muitos pensam, tomar conta dos interesses de uma nação. Governar é, para o May be Man, uma oportunidade de negócios. De "business", como convém hoje, dizer. Curiosamente, o "talvezeiro" é um veemente crítico da corrupção. Mas apenas, quando beneficia outros. A que lhe cai no colo é legítima, patriótica e enqua­dra-se no combate contra a pobreza.

Mas a corrupção, em Moçambique, tem uma dificuldade: o corrup­tor não sabe exatamente a quem subornar. Devia haver um manual, com organograma orientador. Ou como se diz em workshopês: os guidelines. Para evitar que o suborno seja improdutivo. Afinal, o May be man é mais cauteloso que o andar do camaleão: aguarda pela opi­nião do chefe, mais ainda pela opinião do chefe do chefe. Sem luz verde vinda dos céus, não há luz nem verde para ninguém.

O May be man entendeu mal a máxima cristã de "amar o próximo". Porque ele ama o seguinte. Isto é, ama o governo e o governante que vêm a seguir. Na senda de comércio de oportunidades, ele já vendeu a mesma oportunidade ao sul-africano. Depois, vendeu-a ao portu­guês, ao indiano. E está agora a vender ao chinês, que ele imagina ser o "próximo". É por isso que, para a lógica do "talvezeiro" é trágico que surjam decisões. Porque elas matam o terreno do eterno adiamento onde prospera o nosso indecidido personagem.

O May be man descobriu uma área mais rentável que a especulação financeira: a área do não deixar fazer. Ou numa parábola mais recen­te: o não deixar. Há investimento à vista? Ele complica até deixar de haver. Há projeto no fundo do túnel? Ele escurece o final do túnel. Um pedido de uso de terra, ele argumenta que se perdeu a papelada. Numa palavra, o May be man atua como polícia de trânsito corrup­to: em nome da lei, assalta o cidadão.

Eis a sua filosofia: a melhor maneira de fazer política é estar fora da política. Melhor ainda: é ser político sem política nenhuma. Nessa fluidez se afirma a sua competência: ele e sai dos princípios, esquece o que disse ontem, rasga o juramento do passado. E a lei e o plano servem, quando confirmam os seus interesses. E os do chefe. E, à cau­tela, os do chefe do chefe.

O May be man aprendeu a prudência de não dizer nada, não pensar nada e, sobretudo, não contrariar os poderosos. Agradar ao dirigen­te: esse é o principal currículo. Afinal, o May be man não tem ideia sobre nada: ele pensa com a cabeça do chefe, fala por via do discurso do chefe. E assim o nosso amigo se acha apto para tudo. Podem no­meá-lo para qualquer área: agricultura, pescas, exército, saúde. Ele está à vontade em tudo, com esse conforto que apenas a ignorância absoluta pode conferir.

Apresentei, sem necessidade o May be man. Porque todos já sabíamos quem era. O nosso Estado está cheio deles, do topo à base. Podíamos falar de uma elevada densidade humana. Na realidade, porém, essa densidade não existe. Porque dentro do May be man não há ninguém. O que significa que estamos pagando salários a fantasmas. Uma for­tuna bem real paga mensalmente a fantasmas. Nenhum país, mesmo rico, deitaria assim tanto dinheiro para o vazio.

O May be Man é utilíssimo no país do talvez e na economia do faz-de- conta. Para um país a sério não serve.

Mia Couto (escritor moçambicano)

19/11/2010

Bem-vindos a Lisboa

Tem hoje início a Cimeira da NATO em Lisboa.

Saudemos os países da Liberdade e Democracia que resistiram ao Império Soviético e que hoje defendem a estabilidade e paz internacional em diversos locais do Mundo: do leste Europeu e do Polo Norte ao Oriente Médio.

Contra o terrorismo e as ditaduras e seus representantes.

Marrambenta


18/11/2010

O grau zero do socretinismo

Serviço Nacional de Saúde: A receita

Numa pequena cidade do interior, uma mulher entra em uma farmácia e fala ao farmacêutico:

- Por favor, quero comprar arsénico.
- Mas não posso vender isso assim! Qual seria a finalidade?
- Matar o meu marido!!!
- Para esse fim, então, nem pensar... Não posso vendê-lo!!!

A mulher abre a bolsa e tira uma fotografia do marido, na cama com a mulher do farmacêutico.

- Ah! bom!... COM RECEITA É OUTRA COISA!!!

17/11/2010

Banha da cobra

As pulseiras Power Balance estão em todo o lado. Estavam no pulso de cada um dos 33 mineiros chilenos no dia a seguir à mediática operação de salvamento, a 13 de Outubro, que os retirou do cárcere de mais de dois meses no fundo da mina de San Jose. São conhecidas por promover a força e equilíbrio de quem as usa. Mas a associação espanhola de defesa do consumidor Facua não acredita nada nisso. Decidiu avançar com um processo por publicidade enganosa. E ganhou. Mas não está satisfeita.

Cerca de 15 mil euros é quanto a Power Balance Espanha, com sede em Málaga terá de pagar de multa à Junta da Andaluzia por publicidade enganosa, de acordo com o processo promovido pela Facua.

Segundo a delegada de saúde da Junta da Andaluzia para Málaga María Antigua Escalera. trata-se de “uma falta grave de publicidade enganosa”, adiantou ao diário espanhol «El Mundo». Mas a Facua não está totalmente satisfeita com a decisão. E explica porquê no seu site.

“A Power Balance Espanha anunciava que tinha vendido em Abril cerca de 300 mil pulseiras pseudomilagrosas, o que supõe uma receita de cerca de 10 milhões de euros. O dinheiro que encaixa em algumas horas, com a venda de apenas 500 unidades é o suficiente para pagar a multa”, diz a associação no site onde se considera indignada com o facto das autoridades não terem proibido a venda.

Para a Facua a multa deveria ser no valor das receitas da empresa: “Segundo a lei de consumo em vigor a Junta da Andaluzia podia ter apreendido toda a mercadoria à venda e ter multado a empresa no valor da receita total de vendas. E sendo a situação considerada grave poderia ter multado em mais 400 mil euros”.

Espanha é, segundo a associação, o país líder em vendas da empresa.

Desportistas conhecidos, políticos e artistas aderiram à Power Balance em massa. O «El Mundo» lembra que até a ministra da Saúde , Leire Pajín a tem usado nos últimos meses.

Segundo a marca, o holograma das pulseiras coloridas plásticas tem cargas eléctricas que interagem com o campo de energia natural do corpo, melhorando a força, equilíbrio e flexibilidade.

A Facua avisa que vai recorrer da decisão que não considera satisfatória e exige uma sanção equiparada ao tamanho da fraude.

in «Público», 17.11.2010

NR: decisão corajosa desta associação espanhola de consumidores!

Se puserermos como hipótese que umas quaisquer pulseiras coloridas que se diz que "interagem com o campo de energia natural do corpo" - seja lá o que isso é -, melhorando a força, equilíbrio e flexibilidade, na realidade, não tiverem outro efeito para além de esvaziar os bolsos dos crentes, e tendo por base uma marca registada nos EUA, estaria montado um negócio fabuloso que obrigaria as autoridades alfandegárias de qualquer país a confiscar quaisquer outras pulseiras que comerciantes espertos, por ventura, encomendassem a fabricantes chineses.

Para tornar mais credível, vendia caríssimo e convencia umas quantas Federações desportivas a proibir que os atletas competissem com mariquices no braço.

Ou seja: é possível vender banha da cobra desde que as registe a sua marca nos EUA - para lhe dar âmbito global - a venda a mais de 60 euros e contrate um escritório de advogados para perseguir quem a pirateasse numa qualquer feira portuguesa.

Claro, isto é uma hipótese. Não é assim que na realidade acontece.
E viva a ASAE...

Poema de agradecimento à corja

Obrigado, excelências.
Obrigado por nos destruírem o sonho e a oportunidade
de vivermos felizes e em paz.
Obrigado pelo exemplo que se esforçam em nos dar
de como é possível viver sem vergonha, sem respeito e sem dignidade.
Obrigado por nos roubarem. Por não nos perguntarem nada.
Por não nos darem explicações.
Obrigado por se orgulharem de nos tirar
as coisas por que lutámos e às quais temos direito.
Obrigado por nos tirarem até o sono. E a tranquilidade. E a alegria.
Obrigado pelo cinzentismo, pela depressão, pelo desespero.
Obrigado pela vossa mediocridade.
E obrigado por aquilo que podem e não querem fazer.
Obrigado por tudo o que não sabem e fingem saber.
Obrigado por transformarem o nosso coração numa sala de espera.
Obrigado por fazerem de cada um dos nossos dias
um dia menos interessante que o anterior.
Obrigado por nos exigirem mais do que podemos dar.
Obrigado por nos darem em troca quase nada.
Obrigado por não disfarçarem a cobiça, a corrupção, a indignidade.
Pelo chocante imerecimento da vossa comodidade
e da vossa felicidade adquirida a qualquer preço.
E pelo vosso vergonhoso descaramento.
Obrigado por nos ensinarem tudo o que nunca deveremos querer,
o que nunca deveremos fazer, o que nunca deveremos aceitar.
Obrigado por serem o que são.
Obrigado por serem como são.
Para que não sejamos também assim.
E para que possamos reconhecer facilmente
quem temos de rejeitar.

Joaquim Pessoa

Joaquim Pessoa nasceu no Barreiro em 1948.
Iniciou a sua carreira no Suplemento Literário Juvenil do Diário de Lisboa.
O primeiro livro de Joaquim Pessoa foi editado em 1975 e, até hoje, publicou mais de vinte obras incluindo duas antologias. Foram lhe atribuídos os prémios literários da Associação Portuguesa de Escritores e da Secretaria de Estado da Cultura (Prémio de Poesia de 1981), o Prémio de Literatura António Nobre e o Prémio Cidade de Almada.
Poeta, publicitário e pintor, é uma das vozes mais destacadas da poesia portuguesa do pós 25 de Abril, sendo considerado um "renovador" nesta área. O amor e a denúncia social são uma constante nas suas obras, e segundo David Mourão Ferreira, é um dos poetas progressistas de hoje mais naturalmente de capazes de comunicar com um vasto público.
Bibliografia: "O Pássaro no Espelho", "A Morte Absoluta", "Poemas de Perfil", "Amor Combate", "Canções de Ex cravo e Malviver", "Português Suave", "Os Olhos de Isa", "Os Dias da Serpente", "O Livro da Noite", "O Amor Infinito", "Fly", "Sonetos Perversos", "Os Herdeiros do Vento", "Caderno de Exorcismos", "Peixe Náufrago", "Mas.", "Por Outras Palavras", "À Mesa do Amor", "Vou me Embora de Mim".

16/11/2010

Acidente nas minas de Aljustrel

Um grupo de mineiros portugueses ficou enterrado, a 700 metros de profundidade, em plena Mina de Aljustrel.

O governo socretino decide e acontece:

1) É criada uma comissão para iniciar as tarefas de resgate, integrada por 20 membros do PS e 19 da oposição. Cada membro contará por sua vez com 5 assessores, dois secretários e um motorista. As tarefas demoram porque não se consegue quórum para reunir e logo não há acordo para designar o Presidente e os vogais da Comissão.

2) A comissão reúne no próprio dia da sua criação e auto-atribui-se:
a - um ordenado mensal de 50 000€ ao presidente e um ordenado mensal de 40 000€ aos restantes membros;
b - benefícios que incluíam reforma garantida (a partir do momento da nomeação e mesmo que se demitissem no dia seguinte) e cartões de crédito sem limite de gastos;

3) O Primeiro-Ministro inteira-se desde logo da situação, e fala ao País, na RTP, afirmando que o acidente foi provocado pela crise internacional e pelo nervosismo dos mercados. Ao mesmo tempo, pergunta se não teriam encontrado no fundo da mina o seu certificado de habilitações como Engº Civil, já que ninguém o conseguiu ver até hoje...

4) Uma informação prestada pelo Ministro Jorge Lacão assegura que a profundidade não é tanta, trata-se da imaginação da oposição para criticar o governo, uma vez que pelos cálculos governamentais são no máximo 200m;

5) Não há fundos para as tarefas de resgate pelo que será criada uma taxa específica para esta operação. Suspeita-se que a taxa seja cobrada nos próximos quinze anos;

6) Para além desta taxa, solicita-se um fundo patriótico para o restante, proveniente do Fundo de Pensões das Companhias de Seguros. Para a boa gestão dos fundos e como o túnel é uma Obra Pública é nomeado Mário Lino;

7) OS EUA emprestam a grua de resgate, que desembarca em Vigo, devido às suas dimensões, mas esta não chega a entrar em Portugal porque, na fronteira, a SCUT está com barreiras de utentes em protesto pelo pagamento de portagens;

8) Uma vez libertada a grua pelo Corpo de Intervenção da PSP, a Alfândega dá logo ao fim de 120 dias a autorização para a importação da grua mediante o pagamento prévio de umas caixas de robalo ao Dr. Armando Vara, nomeado pelo Governo como Presidente da Fundação para o Auxílio aos Mineiros;

9) A grua não pode chegar à mina porque o condutor pertence ao sindicato dos operadores portuários e a grua tendo 4 rodas deve ser conduzida por um motorista de pesados e sob a supervisão dos inspetores do Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres (IMTT). No entanto, como este Instituto está em reestruturação, não pode nomear os inspetores pois ainda não fazem parte do seu quadro;

10) Entretanto, o Prós e Contras da RTP dá instruções para trazerem um mineiro para o programa, mas a TVI oferece mais para o ter na 'Casa dos Segredos'. Em consequência, gera-se um grande problema entre a Prisa, o Governo e a PT;

11) Finalmente consegue-se fazer chegar uma mini-câmara de TV ao fundo da mina mas não se conseguem ver os mineiros. A Câmara só transmite Manuel Luís Goucha e Futebol;

12) A grua consegue chegar ao fim de mais dois meses à mina porque a IMTT teve de solicitar vários pareceres externos para definir o procedimento de atribuição da matrícula para a grua poder circular. A GNR-BT tinha-a apreendido por circular sem a documentação necessária mas, entretanto, o Governo interpôs uma providência cautelar para libertar a grua em tempo útil;

13) Jerónimo de Sousa anuncia que os mineiros pertencem ao PCP e por isso o governo está a protelar o seu salvamento para não participarem nas eleições para a Presidência da República;

14) O Bloco de Esquerda repudia a grua por ser de fabrico americano, não se podendo tolerar a sua utilização enquanto continuar o massacre americano em Bagdad e Kabul;

15) Finalmente chega a Grua e começa a fazer descer a cápsula mas o cabo parte-se. O DIAP investiga irregularidades na compra do material mas não consegue ouvir os responsáveis. O Tribunal de Contas descobre que se comprou o cabo de pior qualidade mas que se pagou o preço dum modelo revestido a ouro. O dossier chega ao PGR que ordena o urgente arquivamento de todo o processo. O Conselho de Magistratura pede a revisão do arquivamento para o Supremo Tribunal solicitando a destituição do Ministro da Justiça;

16) Chega uma ordem para que se detenha o resgate até que cheguem ao local os gorros e casacos que os mineiros terão de vestir antes de chegar à superfície. Tem escrito a legenda: "Viva José Sócrates!";

17) Finalmente ao fim de dois anos e meio resgatam-se os mineiros. Afinal eram só 3 porque os restantes estavam de baixa quando se deu o acidente;

18) O mineiro resgatado lê o jornal com as notícias sobre o OE e no final pede que o devolvam aos 700 metros de profundidade. Afirma que a vida lá em baixo é bastante mais tranquila.

Há mais vida para além do orçamento

Um homem chegou a casa tarde, vindo do trabalho, cansado e irritado, e encontrou o seu filho de 7 anos esperando por ele na porta de casa.

- Pai, posso fazer-lhe uma pergunta?
- O que é? - Respondeu o homem.
- Pai, quanto é que tu ganhas por hora?
- Isso não é da tua conta. Porque é que estás a perguntar uma coisa dessas? - respondeu o pai em tom agressivo.
- Eu só quero saber. Por favor pai, diz-me quanto é que ganhas numa hora?
- Bem, se queres saber, eu ganho 15,00 € por hora.
- Ah..." - respondeu o menino, cabisbaixo.
- Pai, podes emprestar-me 7,50 €?

O pai ficou furioso:
- Essa é a única razão pela qual me perguntaste isso? Pensas que é assim que podes conseguir algum dinheiro para comprar um brinquedo ou alguma outra coisa? Vai para o teu quarto e deita-te. Pensa em como estás a ser egoísta. Eu não trabalho duramente todos os dias para tais infantilidades.

O menino foi calado para o seu quarto e fechou a porta.

O Pai sentou-se e começou a ficar ainda mais nervoso com as perguntas feitas pelo filho. Como ele ousava fazer aquelas perguntas só para conseguir dinheiro?

Mas, uma hora depois, o homem tinha-se acalmado e começou a pensar:
«Talvez haja algo que o meu filho realmente precise de comprar com esses 7,50 € e, realmente, ele não pedia dinheiro com muita frequência.»

O homem foi ao quarto do filho e abriu a porta.
- Estás a dormir, meu filho? - perguntou.
- Não pai, estou acordado - respondeu o filho.
- Ah, olha, eu estive a pensar, e talvez eu tenha sido duro contigo há pouco - afirmou o pai -. Tive um longo dia e acabei a descarregar sobre ti. Aqui estão os 7,50 € que me pediste.

O menino levantou-se sorrindo.
- Oh, pai obrigado - gritou. Então, procurando por baixo do seu travesseiro, rebuscou alguns trocados amassados.

O Pai viu que o menino já tinha algum dinheiro e começou a enfurecer-se novamente.
O menino lentamente contou o seu dinheiro e, em seguida olhou para o pai..
- Por é que queres mais dinheiro se já tinhas algum? - gritou o pai.
- Porque eu ainda não tinha o suficiente mas agora já tenho - respondeu o menino.

- Pai, eu agora já tenho 15,00 €. Posso comprar uma hora do teu tempo? Por favor, amanhã, chega a casa mais cedo. Eu gostava de jantar contigo.

O pai ficou destroçado. Colocou os seus braços em torno do filho e pediu-lhe desculpa.


Comentário: Uma pequena lembrança a todos os que trabalham arduamente. Não se deve deixar escorregar através dos dedos o tempo sem ter passado algum dele com aqueles que realmente são importantes para nós, os que estão perto do nosso coração. Não te esqueças de compartilhar esses 15,00 € do valor do teu tempo, com alguém que gostas ou amas.

Se morrermos amanhã, a empresa para a qual trabalhamos, facilmente nos substitui numa questão de horas. Mas a família e amigos que deixamos para trás sentirão essa perda para o resto das suas vidas...

Se tiveres tempo, envia para alguém que gostes!!!

NR: circula na net.
Aproveitamo-la para a enviar àqueles que hoje mesmo a merecem muito.

15/11/2010

Serviço Nacional de Saúde

O telefone toca e a dona da casa atende:

- Estou ! A senhora Silva, por favor.
- Sou eu própria.

- Olhe, aqui é dr. Arruda do Laboratório do Hospital. Ontem, quando o médico enviou a biópsia do seu marido para o laboratório, uma biópsia de um outro Sr. Silva chegou também e agora não sabemos qual é do seu marido... e infelizmente, os resultados são ambos maus...

- O que é que o senhor doutor quer dizer?

- Um dos exames deu positivo para Alzheimer e o outro deu positivo para HIV. Nós não sabemos qual deles é o do seu marido.

- Que horror! Mas vocês não podem repetir os exames?

- Não, o Serviço Nacional de Saúde só paga esses exames caros uma única vez por paciente.

- Bem, o que é que o senhor doutor me aconselha a fazer?

- O Serviço Nacional de Saúde sugere que a senhora leve o seu marido para algum lugar longe da sua casa e o deixe por lá. Se ele conseguir encontrar o caminho de volta, então não faça mais sexo com ele.

14/11/2010

Aung San Suu Kyi

A ditadura da Birmânia (ou União Myanmar, como inventaram chamar ao país) acaba de libertar a ativista Aung San Suu Kyi, líder da oposição e esperança do povo birmanês, depois de a manter presa e isolada durante longos anos.

Aung San Suu Kyi, Prémio Shakharov de 1990 e Prémio Nobel da Paz de 1991, foi a vencedora das últimas democráticas que ocorreram no país, na longínqua data de 1990 e cuja vitória os militares se apressaram a confiscar.

Depois dessa data, a ditadura do general Than Shwe massacrou milhares de populares e monges budistas que se rebelaram contra tirania. Este mês, a tirania organizou um simulacro de eleições que, sem oposição autorizada, "venceu" por mais de 80%...

 

A tartaruga em cima do poste

Enquanto suturava um ferimento na mão do velho Matsinhe, cortada por um caco de vidro indevidamente jogado ao lixo, o médico e o paciente começaram a conversar sobre o país, o governo e, fatalmente, sobre o Guebas.

O velhinho disse: "Bom, o senhor sabe... o Guebas é como uma tartaruga em cima do poste...".

Sem saber o que o Matsinhe quis dizer, o médico perguntou o que significava uma tartaruga num poste.

E o Matsinhe respondeu: "É quando o senhor vai por uma estrada, vê um poste e lá em cima uma tartaruga tentando se equilibrar. Isso é uma tartaruga num poste."

Diante da cara de interrogação do médico, o velho acrescentou:
"Você não entende como ela chegou lá;
Você não acredita que ela esteja lá;
Você sabe que ela não subiu para lá sozinha;
Você sabe que ela não deveria nem poderia estar lá;
Você sabe que ela não vai fazer absolutamente nada enquanto estiver lá;
Você não entende porque a colocaram lá;
Então tudo o que temos a fazer é ajudá-la a descer de lá, e providenciar para que nunca mais suba, pois lá em cima definitivamente não é o lugar dela".

Mozal

Subóptima foi a classificação publicamente atribuída pela Mozal à engenharia que está na base do anunciado choque de uma intensa poluição alumineira na Matola.

À primeira, a coisa cheirou-me a eufemismo industrial e, à segunda, cheguei até a admitir a hipótese de um involuntário lapso por parte do novel diretor Mozal.

Contudo, ao ponderar tradicionais conceitos da Engenharia de Sistemas – um processo holístico que visa evitar soluções subóptimas de forma a prevenir graves disfunções industriais, tais como poluições -, concluí que, vindo de quem veio, a admissão de tamanha deficiência na construção dos Centros de Tratamento de Fumos na Mozal trazia muita água no bico.

Começou então a esboçar-se-me a ideia de que esta admissão só poderia significar que a alumineira teria era já encontrado uma forma de responsabilizar, e de espremer a seu favor, a alegada incompetência do empreiteiro que conduziu os CTFs Mozal ao atual risco de "falha catastrófica".

Ocorre que o conceito "subóptimo" normalmente conduz a uma via de dois sentidos. Um deles será o que aparentemente foi adoptado pela Mozal e que, naturalmente, pressupõe a aplicação de pesadas penalizações contractuais a sub-empreiteiros implicados em incompetências desta magnitude.

E quando era legítimo esperar-se que o Governo explorasse o segundo sentido das implicações desta "engenharia subóptima", e acionasse todos os mecanismos ao seu alcance de forma a proteger quem, sem culpa e protecção algumas, se vê condenado a levar com 137 dias de mega-doses de tóxicos alumineiros em cima, não foi isso o que se viu.

Inexplicavelmente, o que se viu foi um Governo mimetizando as posições Mozal e freneticamente empenhado em caucionar conclusões cuja ciência não pode ser escrutinada dado o secretismo que a envolve – e aqui convém lembrar que, na alínea c) do seu Artigo 4, a Lei do Ambiente (20/97) estabelece como um dos seus princípios fundamentais o da precaução "com base no qual a gestão do ambiente deve priorizar o estabelecimento de sistemas de prevenção de actos lesivos ao ambiente de modo a evitar a ocorrência de impactes ambientais negativos significativos ou irreversíveis, independentemente da existência de certeza científica sobre a ocorrência de tais impactes."

Igualmente inexplicável é o facto de não se ter descortinado qualquer ação governamental visando a identificação de alternativas e/ou mitigações técnicas para problemas detetados há quase 2 anos, ou mesmo de não se terem precavido os deveres de responsabilidade civil por parte da alumineira, como igualmente estipula a Lei do Ambiente – uma atitude que não seria muito difícil já que, dentre múltiplas hipóteses, ao Governo bastaria por exemplo congelar em trust account os 50 milhões de USD de subsídio moçambicano que, por malabarismo estatístico de um muito discutível selo Made in Mozambique, a Mozal empocha todos os anos como margem de preferência nas suas exportações (mínimo de 3.4% do valor exportado).

Não se infiram aqui sugestões de que qualquer dano eventualmente causado pelas anunciadas descargas Mozal poderá ter um preço de negociação. Não!

E ninguém, em boa saúde mental o poderá sugerir. Mas, numa altura em que a Mozal já tem luz verde por parte do Governo para avançar com as poluentes mega-descargas, parece-me de elementar prudência que, no mínimo, e à semelhança do que tantos outros governos têm vindo a fazer, se acautelem os enormes custos que elas poderão vir a ter sobre pessoas, bens e ambientes.

E por falar em cifrões, importa referir que, numa altura em que até no jargão FMI/Banco Mundial a Mozal começa já a ser desdenhosamente tratada como um caso extremo de "lucros insanos" (mais de 1.5 biliões USD só de lucros exportados nos últimos 5 anos), por aqui, não só cresce a incompreensão quanto ao estado zero de impostos pagos pela Mozal, como também se vai formando consenso quanto ao mínimo que ela deveria pagar: 150 milhões USD por ano. Curiosamente, tudo isto acontece quando também já se sabe que no universo acionista Mozal, pelo menos a BHP Billiton está, não só preparada para começar a pagar impostos, mas sobretudo perplexa pela timidez de o Governo em os sugerir.

Entretanto, e à medida que em Moçambique se vão perfilando algumas hipóteses de grandes projetos mineiro-industriais e agrícolas, é cada vez mais patente a necessidade de, urgentemente, o Governo ir melhor gerindo os riscos que eles podem representar para o Estado dos cidadãos – caso não, continuaremos a ser embrulhados em engenharias propensas a desastres e acidentes estruturais e/ou a pagar várias vezes as mesmas infra-estruturas, como recentemente aconteceu com o colapso da barragem Massingir, com a rotura da lagoa de retenção em Moma/Topuito, ou com as descargas em Cahora Bassa (2006/08), para citar apenas alguns.

En passant, e embora isto não nos sirva de conforto, vale lembrar que as críticas à BHP Billiton (acionista maioritária da Mozal) não se restringem a Moçambique; na verdade, na última Assembleia-geral da BHP Plc em Londres (out 21) várias foram as pressões accionistas para que a sua principescamente paga direcção executiva estivesse mais atenta e solidária para com as disfunções sócio-económicas que vem causando nos seus teatros de operações – a par das descontroladas emissões anunciadas pela Mozal, alguns accionistas daquela que é a mais lucrativa companhia mineira do mundo referiram-se também ao incumprimento de promessas na Colômbia, aos potenciais danos de uma mina de carvão na Indonésia e às aparentes violações aos direitos do povo do Sahara Ocidental à auto-determinação, para não falar da monstruosa gaffe de um chairman quando, a propósito de um takeover hostil sobre a potassa de Saskatchewan se referiu ao Canadá como uma mera delegação BHP Billiton.

E é assim que, aos ziguezagues entre o sub-óptimo e o muito mau, durante 137 dias, dezenas de milhar de pessoas serão vítimas de descargas tão intensamente poluentes que até os mais optimistas as configuram como um anunciado desastre de incalculáveis proporções – tudo isto porque a Mozal não dispõe de capacidade de manutenção proativa, nem sequer de cruciais planos de contingência,

José Lopes
in «xitizap», 10.11.2010

13/11/2010

Selva sem lei ... Isto não fica por aqui!


As autoridades norte-americanas costumavam dar sermões a outros países a respeito dos fracassos econômicos destes e aconselhar que eles imitassem o modelo dos Estados Unidos. A crise financeira asiática do final da década de noventa, em particular, fez com que os norte-americanos dessem muitas lições de moral.

Assim, em 2000, Lawrence Summers, o então secretário do Tesouro dos Estados Unidos, declarou que o segredo para se evitar crises financeiras residia em "bancos bem capitalizados e supervisionados, governança corporativa eficiente e códigos relativos a falências, bem como meios convincentes de fazer com que contratos sejam respeitados". A dedução óbvia é que todas essas eram qualidades das quais os asiáticos careciam - mas que nós tínhamos.

Os escândalos de contabilidade na Enron e na WorldCom acabaram com o mito da governança corporativa eficiente. Atualmente, se alguém falar que os nossos bancos estavam bem capitalizados e supervisionados, todos acharão que trata-se de uma piada de mau gosto. E agora a bagunça das hipotecas está contradizendo as alegações de que nós contamos com um sistema eficaz para garantir o cumprimento de contratos – na verdade, a questão é saber se a nossa economia é governada por algum tipo de regra legal.

A história até o momento é a seguinte: um aquecimento épico do setor imobiliário e um persistentemente elevado índice de desemprego provocaram uma onda de calotes epidêmica, quando milhões de proprietários de residências passaram a atrasar as prestações das suas hipotecas. Assim sendo, as companhias que coletam pagamentos para os donos de hipotecas passaram a cancelar muitos contratos, confiscando diversas propriedades residenciais.

Mas será que elas têm de fato o direito de sequestrar essas casas? Histórias de horror têm se proliferado, como o caso daquele homem da Flórida cuja casa foi confiscada ainda que ele não tivesse nenhuma hipoteca. E o mais significativo é que certas pessoas estão ignorando a lei.

Os tribunais têm aprovado sequestros de imóveis sem exigir que os cobradores apresentem documentação apropriada; em vez disso, eles têm se baseado em declarações que garantem que os papéis estão em ordem. E essas garantias são com frequências prestadas por "assinantes-robôs", ou funcionários de pouca importância hierárquica que não sabem se as declarações apresentadas são de fato verdadeiras.

Agora uma verdade terrível está ficando evidente: em muitos casos, não existe documentação nenhuma. No frenesi da bolha, muitos empréstimos para compra de imóveis foram feitos por companhias inescrupulosas que procuram gerar o maior volume possível de negócios. Essas empresas tinham a obrigação legal de obter e guardar as notas de hipoteca que especificassem as obrigações dos mutuários. Mas agora está claro que tais detalhes foram frequentemente negligenciados. E isso significa que muitos sequestros de residências que estão ocorrendo no momento são, na verdade, ilegais.

Isso é péssimo. Até porque é quase certo que um número significativo de mutuários está sendo fraudado – tendo que pagar taxas que eles na verdade não devem, e sendo declarados insolventes quando, segundo os termos dos seus contratos de empréstimo, não é essa a situação real.

Além disso, se essas empresas são incapazes de apresentar provas de que de fato são donas das hipotecas, os patrocinadores de tais companhias enfrentarão processos judiciais movidos pelos investidores que compraram os títulos de resgate da dívida – títulos que, atualmente, muitas vezes valem apenas uma pequena fração do seu valor real.

E quem são esses patrocinadores? Grandes instituições financeiras – as mesmas instituições que foram supostamente salvas da falência por programas governamentais no ano passado. Assim, a bagunça das hipotecas ameaça provocar uma outra crise financeira.

O que pode ser feito?
A resposta do governo Obama tem sido opor-se a qualquer ação que possa irritar os bancos, como uma moratória temporária dos sequestros de imóveis residenciais enquanto algumas questão são resolvidas. Em vez disso, o governo está pedindo aos bancos, de forma muita educada, que se comportem melhor. Isso funcionou muito bem no passado, não é verdade?

A resposta da direita é, no entanto, ainda pior. Os republicanos no congresso não estão se manifestando muito, mas os comentaristas conservadores como os da página de editorial do "Wall Street Journal" têm afirmado que a falta de documentos é um detalhe sem importância. De fato, eles afirmam que se um banco diz que é dono da casa de um determinado indivíduo, nós devemos acreditar automaticamente na palavra da instituição financeira.

Para mim, isso faz lembrar a época em que os membros da nobreza tinham liberdade para se apossarem do que quisessem, sabendo que os camponeses não tinham voz nos tribunais. Mas é aí que eu suspeito que algumas pessoas veem aquela época como "os bons e velhos dias".

O que deveria estar acontecendo? Os excessos dos anos da bolha criaram um lamaçal moral, no qual os direitos de propriedade são mal definidos porque ninguém possui documentação apropriada. E no qual não existe nenhum direito claro de propriedade; o trabalho de criar tais direitos cabe ao governo.

Isso não será fácil, mas há algumas boas ideias circulando em relação ao problema. Por exemplo, o Centro para o Progresso Americano propôs que seja delegado a conselheiros de hipotecas e outras entidades públicas o poder de modificar diretamente os empréstimos problemáticos, de forma que as suas avaliações sejam o padrão a se seguir a menos que sejam contestadas pelos cobradores de hipotecas. Isso contribuiria bastante para deixar as coisas mais claras e ajudar a nos tirar desse lamaçal.

Uma coisa é certa: o que estamos fazendo agora não está funcionando. E fingir que tudo está bem não convencerá ninguém.
Paul Krugman

Paul Krugman

Professor de Princeton e colunista do New York Times desde 1999, Krugman venceu o prêmio Nobel de economia em 2008

12/11/2010

Valha-nos deus


Liberdade de expressão é um bem que cada vez mais falta faz.

11/11/2010

Os 4 e o burro

Certa vez, quatro meninos foram ao campo e, por 100 €, compraram o burro de um velho camponês.

O homem combinou entregar-lhes o animal no dia seguinte.
Mas, quando eles voltaram para levar o burro, o camponês disse-lhes:
- Sinto muito, amigos, mas tenho uma má notícia. O burro morreu.
- Então devolva-nos o dinheiro!
- Não posso, já o gastei todo.
- Então, de qualquer forma, queremos o burro.
- E para que o querem? O que vão fazer com ele?
- Nós vamos rifá-lo.
- Estão loucos? Como vão rifar um burro morto?
- Obviamente, não vamos dizer a ninguém que ele está morto.
Um mês depois, o camponês encontrou-se novamente com os quatro garotos e perguntou-lhes:
- E então, o que aconteceu com o burro?
- Como lhe dissemos, nós rifámo-lo. Vendemos 500 rifas a 2 € cada uma e arrecadámos 1.000 €.
- E ninguém se queixou?
- Só o ganhador, porém devolvemos-lhe os 2 €, e pronto!
MORAL DA HISTÓRIA:Os quatro meninos cresceram.
- Um fundou um banco chamado BPN,
- Outro uma empresa chamada GALP,
- Outro uma igreja chamada Universal,
- E o último dirige um partido político chamado PS.
Estão agora todos a governar Portugal!!!!

10/11/2010

Passas tu ou passas tu?

Idiota de grande dimensão:

Nepotismo socretino

As nomeações de dois antigos sócios do secretário de Estado adjunto das Obras Públicas para cargos de administração nos CTT decorreram com base no "escrupuloso cumprimento da Lei", assegurou a Secretaria de Estado das Obras Públicas e Comunicações ao «Público». Segundo a tutela, os dois responsáveis foram escolhidos "pela sua vasta experiência na área da gestão no setor público e privado bem como em multinacionais".

Numa resposta por escrito ao «Público», o gabinete de assessoria de comunicação da Secretaria de Estado garante que "as nomeações efetuadas pelo Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações e pelo Ministério das Finanças baseiam-se no escrupuloso cumprimento da Lei e recaem na escolha de pessoas com o perfil adequado para cada cargo".

Marcos Afonso Vaz Batista, nomeado em 2005 para a administração dos CTT e de outras cinco empresas do grupo dos correios, e Luís Manuel Pinheiro Piteira, a exercer um cargo desde 2009 na administração da Empresa de Arquivo de Documentação, foram solicitados pela secretaria de Estado à empresa Águas de Portugal e do Millennium/BCP, respetivamente, e foram escolhidos pela sua "vasta experiência na área da gestão no setor público e privado bem como em multinacionais - ou seja preparados para trabalhar em qualquer setor/área - e/ou pela sua experiência e conhecimento específico".

O ministério afirma que as provas de que as duas nomeações efectuadas "se revelaram adequadas são os excelentes resultados obtidos pelas empresas tuteladas pela Secretaria de Estado das Obras Públicas e Comunicações, que permitiram diminuir significativamente os encargos dos contribuintes e aumentar a sua contribuição para as receitas do Orçamento do Estado".

A Rádio Renascença avançou hoje que o secretário de Estado Paulo Campos, que tem a tutela dos CTT, nomeou, em 2005, ano em que assumiu o cargo no ministério, Marcos Batista, um dos sócios que tinha na empresa Puro Prazer, para assumir funções na administração dos CTT. Em 2009, Paulo Campos traz para o grupo Luís Manuel Pinheiro Piteira, que dentro dos CTT é convidado para a administração da Empresa de Arquivo de Documentação. Este ano, acumulou ainda a estas funções o cargo de administrador de outra empresa dos CTT, a PayShop.

Segundo a Secretaria de Estado, a empresa Puro Prazer foi criada em 1994 por cinco sócios, entre os quais Paulo Campos, Marcos Batista e Luis Piteira, "para organizar a Semana Académica de Lisboa no ano de 1995". Um ano depois, a empresa era extinta, mas a cessação de atividade só iria ser oficialmente declarada pela Conservatória do Registo Comercial de Lisboa em 2002.

Desde então, Paulo Campos não terá tido outra relação profissional com os dois antigos sócios, até às nomeações para os dois cargos na empresa pública.

Licenciado em Economia, antes de entrar para a administração dos CTT e da PayShop, segundo uma curta biografia de Marcos Batista divulgada por esta última empresa, o administrador assumiu o cargo de marketing manager da Avon Cosméticos, bem como o de director Financeiro e de Marketing da Área Dinâmica, o de director-geral da Laveiro, o de director de Marketing e Comunicação do grupo Águas de Portugal e o de administrador da empresa Águas de Moçambique.

Ainda de acordo com o site da PayShop, Luis Piteira, o segundo administrador nomeado pelo gabinete do secretário de Estado, tem frequência do 3.º ano do curso de Contabilidade e Administração. Luis Piteira começou a sua carreira na empresa AF Investimentos, sociedade gestora de Fundos de Investimento do actual grupo Millennium BCP, passando em 1998 a gerir fundos e seguros de capitalização no mesmo grupo. Oito anos depois trabalhava na área de Controlo e Planeamento do Millennium Investmet Banking. No ano passado, foi nomeado vogal do Conselho de Administração da EAD e em Julho deste ano acumulou o cargo também de vogal do Conselho de Administração da PayShop.

in «Público», 09.11.2010
NR: ver o Código de Ética do grupo CTT para pereceber melhor onde cabem nomeações de amigos, ao abrigo do nepotismo socretino