29/12/2011

Egito

Isto é no Egito e não se pinta o dedo. Neste caso, a votante não é identificável e não comprova que só vota uma vez.

Tem que dar trapalhada... um sistema à moda dos socialistas do Porto!

28/12/2011

Sous la mer, comme si tu y étais ...

Para um ser em especial:


26/12/2011

Margaret Thatcher

O último grande líder político que não tinha medo de assumir que, nas contas públicas, se devia ter o mesmo tipo de preocupação de uma dona de casa foi — poderia deixar de ser? — uma mulher.

Margaret Thatcher, é claro.

Logo na primeira campanha eleitoral em que participou, em 1949, trinta anos antes de chegar a primeira-ministra, recomendou às suas eleitoras que "não se assustassem com a linguagem complicada dos economistas e dos ministros, antes pensassem na política tal como pensam nos seus problemas domésticos". Isso para defender que não se deve gastar para além do que se ganha — em casa ou no país.





25/12/2011

Natal é quando se quer

Porque hoje é dia de Natal, para crentes, descrentes, não-crentes ou doutras crenças:


23/12/2011

Lá vai ele tão (in)seguro!

Não é surpresa para ninguém que o largo do Rato é um covil! De há muito que os camaradas se mordem e esfaqueiam uns aos outros. Está-lhes na natureza.

Supresa será a baixaria de que já é alvo o recente, ambicioso mas inseguro secretário-geral, o Tozé para os amigos.

Tudo bem destilado e vomitado a partir do caixote que dá pelo nome de «Aspirina B» e que não se coíbe de usar liguagem das docas - é certo, hoje muito comum como muleta linguística, quiçá uma das mais visíveis conquistas de abril e das "aprendizagens" na Educação!

O certo é que o jovem está rodeado de múmias socretinas que, a todo o tempo, lhe passam rasteiras. Ele é zorrada para aqui, costada para ali. O homenzito não tem tempo e nem testículos para se impor à tralha de que está cercado.

Oh homem, dê um murro na mesa, parta a loiça, não durma, que lhe fazem a cama! O outro está em Paris mas deixou raizes daninhas! São batoteiros e não pagam contas, como sabe...











18/12/2011

Perdemos uma fonte muito camarada

Segundo fontes confidenciais do paraíso do socialismo, o nosso amado correspondente em Pyongyang, 金正日; 김정일, também conhecido por Yuri Irsenovich Kim ou ainda por Kim Jong-Il, não acordou da viagem de trabalho incansável que ontem fazia.

Supõe-se que partiu diretamente para junto do pai!
Vamos, portanto, lamentar o desaparecimento deste amigo do camarada Bernardino e do impagável PCP!

Rei morto, rei posto, supomos... e teremos lágrimas infindas lá de dentro desta prisão.

17/12/2011

Saodade num dia triste

Esta amiga vai-nos fazer muita falta. Era uma das maiores da lusofonia!

Estamos de luto por Cesária Évora.

16/12/2011

Está quente, está quente!

O excelente «The Delagoa Bay» (14.12.2011) faz um interessante comentário ao nosso artigo de 23.10.2011, o dia em que se assinalou o fim do samorismo.

A ele acrescenta uma nota de "possivelmente plausível"!

Pois não só é plausível como verdade, como inside information explica o que se publica.

Além disso, a 25.06.1975, o fotógrafo estava ali (chamava-se Av. do Brasil, um nome "colonial" que agora daria jeito).

Está quente, está quente mas, o resto, é segredo do negócio...

14/12/2011

Jovens tenores no país do "bello canto"

12/12/2011

A GNR no Alentejo

Dois GNR na berma de uma estrada no distrito de Beja vêem passar um carro a mais de 160 km/h.
Diz um para o outro:
- Aquele não é o gajo a quem apreendemos a carta a semana passada por excesso de velocidade?

- Era pois!! - respondeu o segundo.
- Vamos caçá-lo!

Uns Kms mais adiante, já com o carro parado, um dos GNR chega-se ao pé dele e pergunta-lhe:

-A sua Carta de Condução?....
-Mau!!! - responde o condutor - Atão perderam-na??!!!

11/12/2011

Hoje: uma homenagem à vida...

.. de quem tanto fez para a merecer:

05/12/2011

The Orchestrated Heist

25/11/2011

Memórias de uma aula no Liceu de Setúbal

Barreiro, 4 de Outubro de 1967
(Quarta-feira)

Segundo dia de aulas. Continua o desassossego, com o pessoal a trocar beijos, abraços e confidências, depois desta longa separação que foram 3 meses e meio de férias. Estávamos todos fartos do verão, com saudades uns dos outros. A sala é a mesma do ano passado, no 1º andar e cheirava a nova, tudo encerado e polido, apesar do material já ser mais do que velho. Somos o 7.º A e como não chumbou nem veio ninguém de novo, a pauta é exactamente igual à do ano passado. Eu sou o n.º 34, e fico sentada na segunda fila, do lado da janela, cá atrás, que é o lugar dos mais altos.

Hoje tivemos, pela primeira vez, Organização Política e apareceu-nos um professor novo, acho que é a primeira vez que dá aulas em Setúbal, dizem que veio corrido de um liceu de Coimbra, por causa da política.


Já ontem se falava à boca cheia dele, havia malta muito excitada e contente porque dizem que ele é um fadista afamado. Tenho realmente uma vaga ideia de ouvir o meu tio Diamantino falar dele, mas já não sei se foi por causa da cantoria se por causa da política. A Inês contou que ouviu o pai comentar, em casa, que o homem é todo revolucionário, arranja sarilhos por todo o lado onde passa. Ela diz que ele já esteve preso por causa da política, é capaz de ser comunista. Diferente dos outros professores, é de certeza. Quando entrou na sala, já tinha dado o segundo toque, estava quase no limite da falta. Entrou por ali a dentro, todo despenteado, com uma gabardine na mão e enquanto a atirava para cima da secretária, perguntou-nos:

- Vocês são o 7.º A, não são? Desculpem o atraso mas enganei-me e fui parar a outra sala.

Não faz mal. Se vocês chegarem atrasados também não vos vou chatear.
Tinha um ar simpático, ligeiro, um visual que não se enquadrava nada com a imagem de todos os outros professores. Deu para perceber que as primeiras palavras, aliadas à postura solta e descontraída, começavam a cativar toda a gente. A Carolina virou-se para trás e disse-me que já o tinha visto na televisão, a cantar Fado de Coimbra. Realmente o rosto não me era estranho. É alto, feições corretas, embora os dentes não sejam um modelo de perfeição e é bem parecido, digamos que um homem interessante para se olhar. O Artur soprou-me que ele deve ter uns 36 anos e acho que sim, nota-se que já é velho. Depois das primeiras palavras, sentou-se na secretária, abriu o livro de ponto, rabiscou o que tinha a escrever e ficou uns cinco minutos, em silêncio, a olhar o pátio vazio, através das janelas da sala, impecavelmente limpas.

Enquanto ele estava nesta espécie de marasmo nós começámos a bichanar uns com os outros, cada um emitindo a sua opinião, fazendo conjeturas. Às tantas, o bichanar foi subindo de tom e já era uma algazarra tão grande que parece tê-lo acordado. Outro qualquer professor já nos teria pregado um raspanete, coberto de ameaças, mas ele não disse nada, como se não tivesse ouvido ou, melhor, não se importasse. Aliás, aposto que nem nos ouviu.

O ar dele, enquanto esteve ausente, era tão distante que mais parecia ter-se, efetivamente, evadido da sala. Quando recomeçou a falar connosco, em pé, em cima do estrado, já tinha ganho o primeiro round de simpatia.

Depois, veio o mais surpreendente:
- Bem, eu sou o vosso novo professor de Organização Política, mas devo dizer-vos que não percebo nada disto. Vocês já deram isto o ano passado, não foi? Então sabem, de certeza, mais que eu.

Gargalhada geral.

- Podem rir porque é verdade. Eu não percebo nada disto, as minhas disciplinas, aquelas em que me formei, são História e Filosofia, não tenho culpa que me tivessem posto aqui, tipo castigo, para dar uma matéria que não conheço, nem me interessa. Podia estudar para vir aqui desbobinar, tipo papagaio, mas não estou para isso. Não entro em palhaçadas.

Voltámos a rir, numa sonora gargalhada, tipo coro afinado, mas ele ficou impávido e sereno. Continuava a mostrar um semblante discreto, calmo, simpático.

- Pois é, não vou sobrecarregar a minha massa cinzenta com coisas absolutamente inúteis e falsas. Tudo isto é uma fantochada sem interesse. Não vou perder um minuto do meu estudo com esta porcaria.

Começámos a olhar uns para outros, espantados; nunca na vida nos tinha passado pela frente um professor com tamanha ousadia.

- Eu estudaria, isso sim, uma Organização Política que funcionasse, como noutros países acontece, não é esta fantochada que não passa de pura teoria. Na prática não existe, é uma Constituição carregada de falsidade. Portugal vive numa democracia de fachada, este regime que nos governa é uma ditadura desumana e cruel.

Não se ouvia uma mosca na sala. Os rostos tinham deixado cair o sorriso e estavam agora absolutamente atónitos, vidrados no rosto e nas palavras daquele homem ímpar. O que ele nos estava a dizer é o que ouvimos comentar, todos os dias, aos nossos pais, mas sempre com as devidas recomendações para não o repetirmos na rua porque nunca se sabe quem ouve. A Pide persegue toda a gente como uma nuvem de fumo branco, que se sente mas não se apalpa.

- Repito: eu não percebo nada desta disciplina que vos venho lecionar, nem quero perceber. Estou-me nas tintas para esta porcaria.

Mas, atenção, vocês é outra coisa. Vocês vão ter que estudar porque, no final do ano, vão ter que fazer exame para concluírem o vosso 7.º ano e poderem entrar na Faculdade. Isso, vocês tem que fazer. Estudar.

Para serem homens e mulheres cultos para poderem combater, cada um onde estiver, esta ditadura infame que está a destruir a vossa pátria e a dos vossos filhos. Vocês são o amanhã e são vocês que têm que lutar por um novo país.

Não vão precisar de mim para estudar esta materiazinha de chacha, basta estudarem umas horas e empinam isto num instante. Isto não vale nada. Eu venho dar aulas, preciso de vir, preciso de ganhar a vida, mas as minhas aulas vão ser aulas de cultura e política geral. Vão ficar a saber que há países onde existem regimes diferentes deste, que nos oprime, países onde há liberdade de pensamento e de expressão, educação para todos, cuidados de saúde que não são apenas para os privilegiados, enfim, outras coisas que a seu tempo vos ensinarei.

Percebem? Nós temos que aprender a não ser autómatos, a pensar pela nossa cabeça. O Salazar quer fazer de vocês, a juventude deste país, carneiros, mas eu não vou deixar que os meus alunos o sejam. Vou abrir-lhes a porta do conhecimento, da cultura e da verdade. Vou ensinar-lhes que, além fronteiras, há outros mundos e outras hipóteses de vida, que não se configuram a esta ditadura de miséria social e cultural.

Outra coisa: vou ter que vos dar um ponto por período porque vocês têm que ter notas para ir a exame. O ponto que farei será com perguntas do vosso livro que terão que ter a paciência de estudar. A matéria é uma falsidade do princípio ao fim, mas não há volta a dar, para atingirem os vossos mais altos objetivos. Têm que estudar. Se quiserem copiar é com vocês, não vou andar, feita toupeira, a fiscalizá-los, se quiserem trazer o livro e copiar, é uma decisão vossa, no entanto acho que devem começar a endireitar este país no sentido da honestidade, sim porque o nosso país é um país de bufos, de corruptos e de vigaristas. Não falo de vocês, jovens, falo dos homens da minha idade e mais velhos, em qualquer quadrante da sociedade. Nós temos sempre que mostrar o que somos, temos que ser dignos connosco para sermos dignos com os outros. Por isso, acho que não devem copiar. Há que criar princípios de honestidade e isso começa em vocês, os futuros homens e mulheres de Portugal. Não concordam?

Bem, por hoje é tudo, podem sair. Vemo-nos na próxima aula.
Espantoso. Quando ele terminou estava tudo lívido, sem palavras. Que fenómeno é este que aterrou em Setúbal? Já me esquecia de escrever. Esta ave rara, o nosso professor de Organização Política, chama-se Zeca Afonso.

23/11/2011

Querem a Dona Angela Merkel?

Todos os dias há debates nas televisões.Diz-se, por isso, que as pessoas estão hoje muito mais bem informadas. Eu constato o contrário: as pessoas estão mais baralhadas.

E porquê?
Porque esses debates criam nos telespectadores a ideia de que todas as opiniões são igualmente válidas. Por motivos de isenção, as televisões colocam no mesmo plano as intervenções mais fundamentadas e sensatas e as mais demagógicas, infundadas ou mesmo disparatadas.

E assim, fica a ideia de que todas as opiniões valem o mesmo e são aceitáveis.
Ora isso não é verdade: nem todas as opiniões valem o mesmo, nem todas são igualmente respeitáveis.

Há umas mais certas do que outras.

Hoje é raro o debate televisivo em que não vem à baila a «senhora Merkel».
A 'senhora Merkel' é o bombo da festa de muitos opinadores, dos mais importantes aos mais insignificantes.

Julgo que aqui há uma ponta de machismo: porque se diz «a senhora Merkel» e não se diz «o senhor Sarkozy»?
Só por ela ser mulher? E por que se diz «a senhora Merkel» e não se diz «a senhora Ségolène Royal» ou «a senhora Martine Aubry»? Só por Angela Merkel ser 'de direita'?

Mas, machismo ou ideologia à parte, ainda não percebi o que quererão as pessoas que constantemente a criticam. Acham que ela deveria usar ano após ano o superavit da Alemanha para compensar os défices dos países do Sul?

Acham que deveria dispor dos impostos dos alemães para pagar a falta de rigor financeiro dos gregos, portugueses, italianos ou espanhóis? E já agora: acham saudável que um país viva com um défice permanente? Gaste recorrentemente acima das suas possibilidades?

Há quem pense que Angela Merkel deveria ser uma espécie de Madre Teresa de Calcutá da política europeia. Só que, mesmo que o quisesse, os alemães não lho permitiriam. Nenhum povo aceita estar constantemente a trabalhar para outros.

Isso pode acontecer num momento excepcional – um terramoto, um conflito armado, um cataclismo financeiro -- mas nunca de forma permanente.

Por isso, os povos têm de se haver por si: têm de viver de acordo com aquilo que produzem, só se endividando para conseguirem produzir mais e não para poderem consumir mais.
A regra tem de ser esta.

Outra crítica habitual nos dias de hoje tem que ver com a preponderância do eixo franco-alemão.

Com o facto de as grandes decisões na Europa serem aparentemente tomadas em encontros Merkel-Sarkozy. Ora isso era inevitável a partir do momento em que a União Europeia começou a crescer descontroladamente.

Recorde-se que, quando Portugal entrou, havia 10 países – e agora há 27.
Os mecanismos de decisão tornaram-se muitíssimo mais difíceis, conseguir consensos tornou-se uma tarefa ciclópica.

Com uma Europa a 27, de duas, uma: ou não se conseguiriam tomar decisões em tempo útil ou os grandes desbravavam caminho e se entendiam para andar para a frente, devendo depois os outros segui-los.
É isto que está a acontecer.

Critica-se, neste aspeto, Durão Barroso.
Diz-se que ele perdeu a liderança europeia e se deixa quase sempre ultrapassar.
Ora é necessário perceber o seguinte: enquanto Merkel e Sarkozy têm um poder real, são os governantes eleitos pelos cidadãos das duas maiores nações do continente, Durão Barroso tem um poder delegado.

Enquanto os outros têm atrás deles a força de dois grandes Estados, Durão tem uma estrutura burocrática.

Por isso, não está no mesmo plano de Merkel e Sarkozy – e sou levado a pensar que o seu papel vai mudar.

Durão Barroso vai tender cada vez mais a ser, na União Europeia, 'a voz dos mais fracos'.
Os países pequenos e médios da União não poderão, só por si, bater o pé à França e à Alemanha. Mas Durão pode fazê-lo em nome deles.

A Europa, neste momento, com o Ocidente em crise e ameaças vindas de toda a parte, tenderá a ser governada por uma troika.

Uma troika em que Merkel e Sarkozy irão concertando posições – e Durão Barroso representará os anseios dos mais pequenos. Durão Barroso já está, informalmente, a desempenhar este papel.

Nas últimas semanas tem constituído uma espécie de contrapeso ao eixo franco-germânico (recolhendo, por isso, os aplausos do Parlamento Europeu).

Mas não se lhe peça o que, humanamente, ele não pode fazer: sobrepor-se à França e à Alemanha. Perante a força, não há argumentos que vençam.

E já agora deixem de dizer «a senhora Merkel».

José António Saraiva
in «Sol», 21.11.2011

22/11/2011

Münchner Residenz

Em Munique, Alemanha, há um palácio fabuolso para visitar. Residência dos reis da Baviera, foi seriamente danificado durante a II Guerra Mundial.

Reconstruído impecavelmente depois Guerra, apresenta algumas feridas (irrecuperáveis) do conflito.


20/11/2011

A praia onde estivemos

Naquela praia de areia dourada e águas agitadas, que tu percorres nas caminhadas infindas ao longo da água fronteira à que cai da cascata.

As tuas curvas, as ondas do mar, os seios, as colinas, o azul atlântico, o verde vegetal, o vermelho dos teus lábios, o laranja do Sol, o branco da espuma em fuga para as nuvens apressadas.

Que sonho explosivo eu tive, no verão passado e aqui:

18/11/2011

Guebuzismo

Carta aberta ao Presidente da República
Cuamba, 27 de Fevereiro de 2011

Gostaria de confessar-lhe, Senhor Presidente da República que me perturbam profundamente os insistentes convites para nos filiarmos no Partido Frelimo, como condição para a devolução do nosso património.

Uma vez mais lhe escrevo, Senhor Presidente da República. Por um lado para reagir ao despacho exarado por Vossa Excelência que nos remete para a Justiça, "querendo". Por outro, porque necessário se torna que não se passe por cima de alguns aspectos ligados à minha petição, aspectos esses que se não forem analisados à luz da história deste País, nunca serão cabalmente entendidos.

O historial breve de meus pais:

1. O cidadão português José Caetano Moreno, meu pai, chegou a Moçambique no longínquo ano de 1951, tendo-se fixado em Niassa;


2. Nessa altura, ele conhece a cidadã moçambicana Ana João Chukwa com que se casa, constrói todo o património e de quem tem dois filhos (eu e o João António). De uma ligação anterior com uma outra pessoa, nascera Maria Rosa, minha irmã mais velha;

3. Com efeito, depois de casados, meus pais construíram duas residências e um hotel na Cidade de Cuamba, uma propriedade agro-pecuária, uma pescaria e uma mina de pedras semi-preciosas. Eram igualmente proprietários de mais de duas mil cabeças de gado bovino; na sua acção quotidiana, meus pais nunca descuraram o apoio social às camadas mais carenciadas. Nos seus investimentos, não faltavam a escola e o posto de saúde, devidamente apetrechados, para seus trabalhadores, familiares e vizinhos;

4. Com a Independência de Moçambique – com a qual meu pai estava de acordo e tinha activamente apoiado – de forma natural, ele e família optou por continuar a viver neste País que aprendera a amar como seu. Durante cerca de três anos o meu pai foi responsável dos Assuntos Sociais de Cuamba, tarefa que executou com todo o zelo e dedicação;

5. O sistema social que se estava a implantar em Moçambique era, do ponto de vista do discurso, um sistema baseado numa sociedade de igualdade e fraternidade entre os homens, filosofia com a qual meu pai e toda a família estavam de acordo;

6. Alguns anos depois, com apreensão, a minha família começou a perceber que do discurso proferido às acções praticadas, a distância era cada vez maior. Num País que se afirmara, na proclamação da sua Independência, de maior justiça social e respeito pelos direitos dos cidadãos, as injustiças eram mais e mais gritantes. Surgiram os campos de reeducação de triste memória; Com eles as prisões arbitrárias e as execuções sumárias de pessoas muitas vezes bastante próximas de minha família;

7. Sensivelmente na mesma altura, meu pai toma conhecimento, através de amigos seus bem posicionados no aparelho partidário, que estava eminente a sua detenção e encaminhamento (dele e esposa) para o campo de reeducação de Mitelela, onde já se encontravam figuras como Joana Simeão, Urias Simango e esposa e tantos outros;

8. A partir dessa altura e, perante a gravidade das atrocidades que eram diariamente cometidas no Niassa (onde era Governador o senhor Aurélio Benete Manave) sair de Moçambique com sua esposa, era uma questão de vida ou de morte. Os meus pais foram forçados a sair do País, sob risco de serem mortos;

9. Meus pais saíram numa madrugada de Setembro (dia 20) de 1978. Eles haviam sido informados, às 23 horas do dia 19 que constavam de uma lista de cinco pessoas que seriam presas e mortas, no dia seguinte; efetivamente, na manhã do dia 20, o Padre Estêvão, o Sr. Ramassane (funcionário da Administração) e o Sr. Floriano, foram presos – o Padre Estêvão à saída da igreja - e levados para os campos de reeducação onde, pouco depois, foram sumariamente executados;

10. Foi exatamente isto que aconteceu. Eles não saíram de livre e espontânea vontade. Foram coagidos a sair. O Governo não esperou sequer que decorressem os 90 dias preconizados na Lei das Nacionalizações; tratou logo de ocupar e usufruir de todas as suas propriedades, chegando ao extremo de abater todas as cabeças de gado deixadas pelos meus pais; Diga-me, Senhor Presidente da República: havia condições para eles voltarem?

11. À semelhança do que aconteceu com muitas outras famílias, a minha família viu-se forçada a um exílio de 15 anos, exílio a que o Acordo Geral de Paz veio pôr fim. Eliminadas as causas que forçaram minha família a sair de Moçambique, retornámos;

12. Mas a Paz que veio para Moçambique não foi usufruída por todos da mesma forma. Meus pais continuaram a ser perseguidos: tentativas de envenenamento e duas minas antitanque foram colocadas para atingi-los, em duas ocasiões diferentes, no ano de 1994. Numa das ocasiões tiveram que ser resgatados e escoltados pelas forças da ONUMOZ. O objetivo tem sido, claramente, eliminar fisicamente a minha família;

13. De 1993 a esta parte, junto de quem de direito, temos reivindicado a devolução do nosso património. Paradoxalmente estes processos têm vindo a colapsar, sempre porque o expediente misteriosamente se perde...

14. Ao negar devolver o património de minha família, há moçambicanos que são altamente lesados com esta decisão;

Eu, meus irmãos e minha mãe (se estivesse viva) somos moçambicanos.

Não se trata de uma questão com um estrangeiro, português, meu pai, como Vossa Excelência quis dar a entender.

Senhor Presidente da República, as nossas diferenças políticas não devem servir de desculpa para o Governo ocupar o património de minha família.

A experiência mostra que a exclusão político-socio-económica é nefasta às sociedades. Os ventos que sopram pelo mundo, são ventos de mudança, em busca de uma melhor justiça social.

Para finalizar, gostaria de confessar-lhe, Senhor Presidente da República que me perturbam profundamente os insistentes convites para nos filiarmos no Partido Frelimo, como condição para a devolução do nosso património. Continuo a acreditar que a adesão a um partido político deve ser voluntária.

Tomara que esta minha petição seja acolhida por Vossa Excelência.

Maria José Moreno Cuna (*)

C/C
- Liga Moçambicana dos Direitos Humanos
- Embaixada de Portugal em Maputo
- Gabinete do Primeiro-Ministro de Portugal
- Dr. Almeida Santos

(*) Ex-deputada da Assembleia da República e ex-chefe da Bancada da Renamo

16/11/2011

Nunca mais

Para esta Europa diferente, um filme soberbo, vencedor do Festival de Cannes na categoria de duração máxima de três minutos e com um mínimo de diálogos:


15/11/2011

O beijo do Sol

Obra de Pedro Osório e baseada num canto tradicional do Quénia,

Faz parte do álbum "Cantos da Babilónia"



14/11/2011

Cunhado

Em São Paulo, um sujeito passou mal no meio da rua, caiu e foi levado para o setor de emergência de um hospital particular, pertencente à Universidade Católica, administrado totalmente por freiras.

Lá, verificou-se que teria que ser urgentemente operado ao coração, o que foi feito com total êxito.

Quando acordou, a seu lado estava a freira responsável pela tesouraria do hospital e que lhe disse prontamente:

- Caro senhor, a sua operação foi bem sucedida e o senhor está salvo. Entretanto, há um assunto que precisa da sua urgente atenção: como é que o senhor pretende pagar a conta do hospital?

E a cobrança começou...
- O senhor tem seguro-saúde?
- Não, Irmã.
- Tem cartão de crédito?
- Não, Irmã.
- Pode pagar em dinheiro?
- Não tenho dinheiro, Irmã.

E a freira começou a suar frio, antevendo a tragédia de perder o recebimento da conta hospitalar! Continuou com o questionamento.
- Em cheque então, o senhor pode pagar?
- Também não, Irmã.

A essa altura, a freira já estava à beira de um ataque. E continuou...
- Bem, o senhor tem algum parente que possa pagar a conta?
- Ah.... Irmã, eu tenho somente uma irmã solteirona, que é freira, mas não tem um tostão.
A Freira, corrigindo-o...

- Desculpe que o corrija, mas as freiras não são solteironas, como o senhor disse. Elas são casadas com Deus.
- Então, por favor, mande a conta pró meu cunhado!

Assim nasceu a expressão: "Deus lhe pague".

13/11/2011

Paul Grote

Paul Grote é um escritor alemão, de policiais. É nessa qualidade que escreveu uma interessante obra cuja ação decorre Douro.
Nome da obra«O herdeiro do Vinho do Porto» (ainda não há em português) e a ver em pormenor aqui!

Uma excelente promoção de Portugal.

12/11/2011

Utopia

Sobre o direito à utopia:

11/11/2011

Vou passear com meus (16) cães e volto já!

08/11/2011

África também é...

... isto:

05/11/2011

Um violino no Fado

Para quem aprecia música, aqui está uma original interpretação de fado, com a "voz do violino", de Natália Jusckiewicz. Basta aumentar o som... fechar os olhos e... abandonar-se...

Natalia é polaca e violinista residente em Portugal. Formada na Academia de Poznan, uma das escolas mais conceituadas do mundo, começou a carreira musical como intérprete solista e integrou orquestras e formações polacas de prestígio internacional.

Durante umas férias, apaixonou-se por Portugal e decidiu mudar-se. Adaptou-se à língua, à cultura e à maneira de ser dos portugueses.

Uma guitarra portuguesa  e um violino primorosamente tocado.


Basta fechar os olhos e relaxar:

03/11/2011

Indignados

Na fila do supermercado, o caixa diz a uma senhora idosa:
- A senhora deveria trazer o seu saco para as compras, uma vez que sacos de plástico não são amigáveis com o ambiente.

A senhora pediu desculpas e disse:
- Não havia essa onda verde no meu tempo.

O empregado respondeu:
- Esse é exatamente o nosso problema hoje, minha senhora. A sua geração não se preocupou o suficiente com o nosso ambiente.

- Você está certo - responde a velha senhora - a nossa geração não se preocupou adequadamente com o ambiente. Naquela época, as garrafas de leite, garrafas de refrigerante e cerveja eram devolvidos à loja. A loja mandava para a fábrica, onde eram lavadas e esterilizadas antes de cada reuso, e eles, os fabricantes de bebidas, usavam as garrafas, umas tantas outras vezes.

Realmente não nos preocupamos com o ambiente no nosso tempo. Subíamos as escadas, porque não havia escadas rolantes nas lojas e nos escritórios. Caminhávamos até o comércio, em vez de usar o nosso carro de 300 cavalos de potência de cada vez que precisamos ir a dois quarteirões.

Mas você está certo. Nós não nos preocupávamos com o ambiente. Até então, as fraldas de bebês eram lavadas, porque não havia fraldas descartáveis. Roupas secas: a secagem era feita por nós mesmos, não nestas máquinas bamboleantes de 220 volts. A energia solar e eólica é que realmente secavam nossas roupas. Os meninos pequenos usavam as roupas que tinham sido de seus irmãos mais velhos, e não roupas sempre novas.

Mas é verdade: não havia preocupação com o ambiente, naqueles dias. Naquela época só tínhamos somente uma TV ou rádio em casa, e não uma TV em cada quarto. E a TV tinha uma tela do tamanho de um lenço, não um telão do tamanho de um estádio; que depois será descartado como?

Na cozinha, tínhamos que bater tudo com as mãos porque não havia máquinas elétricas, que fazem tudo por nós. Quando embalávamos algo um pouco frágil para o correio, usamos jornal amassado para protegê-lo, não plastico bolha ou pellets de plástico que duram cinco séculos para começar a degradar. Naqueles tempos não se usava um motor a gasolina apenas para cortar a relva, era utilizado um cortador de relva que exigia músculos. O exercício era extraordinário, e era preciso ir a uma academia e usar esteiras que também funcionam a eletricidade.

Mas você tem razão: não havia naquela época preocupação com o ambiente. Bebíamos diretamente da fonte, quando estávamos com sede, em vez de usar copos plásticos e garrafas pet que agora lotam os oceanos. Canetas: recarregávamos com tinta umas tantas vezes ao invés de comprar uma outra. Afiávamos as navalhas, ao invés de jogar fora todos os aparelhos 'descartáveis' e poluentes só porque a lâmina ficou sem corte.

Na verdade, tivemos uma onda verde naquela época. Naqueles dias, as pessoas tomavam o autocarro e os meninos iam nas suas bicicletas ou a pé para a escola, ao invés de usar a mãe como um serviço de táxi 24 horas. Tínhamos só uma tomada em cada quarto, e não um quadro de tomadas em cada parede para alimentar uma dúzia de aparelhos. E nós não precisávamos de um GPS para receber sinais de satélites a milhas de distância no espaço, só para encontrar a pizzaria mais próxima.

01/11/2011

Dia de Todos-os-Santos

A maçã é a causa de tanta excitação.

31/10/2011

Dia dos bruxos

Hoje é dia de Halloween.

30/10/2011

José Vasconcelos - Jô Soares - Melo Maluco

Recém falecido, o humorista José Vasconcelos, estava absolutamente imperdível, nesta história de "Melo Maluco".

28/10/2011

Segurança

Uma opinião pertinente de Helena Matos:

27/10/2011

O prazer depende da posição?

Segundo alguns estudos recentes, fazê-lo de pé, fortalece a coluna;

De cabeça baixa estimula a circulação do  sangue;
De barriga para cima dá  mais prazer;
Sozinho, é estimulante, embora egoísta;
Em grupo, pode até ser divertido;
No banho pode ser  arriscado;
No automóvel, é muito perigoso...
Com frequência, desenvolve a imaginação;
Entre duas pessoas, enriquece o conhecimento;
De joelhos, o resultado pode ser doloroso...

Enfim, sobre a mesa ou no  escritório, antes de comer ou na sobremesa, sobre a cama ou na rede, nus ou vestidos, sobre o sofá ou no tapete,  com música ou em silêncio, entre lençóis ou no terraço: é sempre um ato de amor e de agradável enriquecimento.


Não importa a idade, nem a raça, nem a crença, nem o sexo, nem a  posição socioeconómico...

Ler é sempre um prazer!

26/10/2011

Desculpa

O administrador saiu do escritório as 19h, quando viu a sua secretária na paragem do autocarro.
Estava a cair uma grande chuvada.

Parou e perguntou:
- Você quer boleia?
- Claro... - respondeu ela, entrando no carro.


Ao chegar ao edifício onde ela morava, ele parou o carro para que ela saísse e ela convidou-o a entrar.
- Não quer tomar um cafezinho, um whisky, ou alguma coisa?
- Não, obrigado, tenho que ir para casa...
- Imagine, o dr. foi tão gentil comigo, suba um pouquinho.


Ele subiu, atendendo ao pedido da moça.
Ao chegarem lá, enquanto ele tomava seu drink, ela foi para o quarto enxugar-se e voltou, toda gostosa e perfumada.
Deixou antever um belíssimo par de coxas debaixo da lingerie, escondendo uma escultural bunda.

A lingerie fio dental que usava, inspirava que a noite poderia ser inimaginável!!

Depois de alguns drinks, quem poderia aguentar?

Ele caiu literalmente... atracou-se na secretária de todas as formas. Estava bom demais!!!

Após intensa atividade, acabaram por adormecer.

Ele quando acordou e olhou pro relógio - êpa! - 6 da manhã!!!
Que grande susto!!!...


Pegou o telefone, marcou o número de casa e aos berros e disse a quem atendeu:
- NÃO PAGUEM O RESGATE !!!... EU CONSEGUI FUGIR !!!


 

25/10/2011

O senhor é médico?!...

Uma senhora, com seu filho de 5 anos, está a comer num restaurante.

De repente, a criança mete uma moeda na boca e engasga-se.
A mãe tenta fazê-lo cuspir a moeda dando-lhe palmadas nas costas, sem sucesso.
O menino começa a mostrar sinais de asfixia e a mãe, desesperada, grita por auxílio.

Um homem levanta-se de uma mesa próxima, e com surpreendente calma, sem dizer uma palavra, ele baixa as calças do miúdo, segura os seus pequenos testículos, aperta com força, e puxa para baixo violentamente.


Automaticamente, o garoto, com dor irresistível, cospe a moeda, e o fulano, com a mesma facilidade com que se aproximou, voltou para sua mesa, sem dizer uma palavra.

Após algum tempo, a senhora, já tranquilizada, aproxima-se para agradecer ao senhor por salvar a vida de seu filho, e pergunta:

- O senhor é médico?!...
- Não senhora, eu sou funcionário das Finanças, e a minha especialidade é "espremer tomates até sacar a última moeada".

23/10/2011

O ano das cobras

Numa jogada de puro oportunismo político, Armando Emílio Guebuza resolveu fazer de 2011 o «Ano Samora Machel». À primeira vista, tudo pareceria justifificado: afinal, Samora foi o primeiro Presidente de Moçambique independente e, os seus discursos sempre falavam da abolição da exploração. Relembrar Samora à juventude moçambicana seria, portanto, natural.

Acontece que, com a Guebuza, a história não é essa.

Samora e Guebuza odiavam-se. Samora e os demais, sabiam do caráter ambicioso de Guebuza e vigiavam-no permanentemente.

Mas Guebuza era um rapaz trabalhador e esperava a sua vez. À frente do Ministério do Interior começou laboriosamente a montar um exército paralelo que lhe obedecesse. Para isso, serviu-se da Polícia para a equipar com blindados e carros de assalto. Fazia desfiles de demonstração da sua força.

Em 1984, dirige a "Operação Produção" que lança milhares de compatriotas na selva de Niassa e Cabo Delgado e subsequente morte ou fuga para a Renamo.

Alimentada com esses novos reforços, o movimento dos "bandidos armados", inflinge derrotas sucessivas no exército governamental e desarticula a economia moçambicana.

Samora, desespera e sente-se cada vez mais cercado: afasta Guebuza para a Beira e impõe-lhe residência fixa. Cada vez mais isolado, despromove Sebastião Mabote por suspeita de traição e entendimento com a Renamo. Numa cimeira de chefes de esatado no Malawi, ameaça bombardear esse país por suspeita de dar guarida à oposição.

É neste ponto, a caminho de Maputo para demitir mais uns tantos, que se dá a queda do avião em viajava Samora: uma sucessão de erros de navegação aérea, de incompetência da tripulação e de conivência de adversários internos e externos (África do Sul, URSS), provocam um acidente imprevisto.

Mas havia quem sabia e desejava o acontecimento. Samora queria provocar um confronto Leste-Oeste em Moçambique. O confronto não interessava a ninguém e foi preciso acelerar a queda de Machel.

Chissano foi o senhor que se seguiu. Mas Guebuza, aguardou a sua vez e impôs-se, ameaçou contar o que sabia e fez-se eleger como presidente.

Mas que fique claro: Samora e Guebuza sempre se temeram e sempre se odiaram. Vigiavam-se mutuamente no tabuleiro de xadrez moçambicano.

É por isso que o «Ano Samora Machel» é uma hipocrisia mas, em todo o caso, serve a estratégia guebuzina de propaganda e demonstração de força.

Mas para melhor humilhar Samora, nada como uma mistela feita com uma estátua norte-coreana bem regada por Pepsi-Cola sul-africana, na praça que foi do Mouzinho de Albuquerque. Agora, sem cavalo e rodeado dos crocodilos que Samora avisava terem de ser mortos no ovo ...

Veneno perfeito!







22/10/2011

Desvio colossal

Para quem estiver interessado em saber no que consiste o desvio inesperado das contas públicas:
"Para o ano de 2011 o desvio previsto é da ordem de 2 pontos percentuais do PIB (cerca de 3.400 milhões de euros). Como explicar este desvio? Uma parte significativa do desvio, estimado para o conjunto do ano, deve-se a uma redução menor do que a esperada nas remunerações certas e permanentes (em cerca de 300 milhões de euros). Esta evolução resulta do não cumprimento dos objetivos de redução dos efetivos e a desvios específicos na Educação, Administração Interna e Defesa.

Do lado da despesa acrescem 560 milhões em consumos intermédios (dos quais 335 milhões em comissões pagas pelos empréstimos associados à ajuda internacional). Do lado da receita estima-se um desvio de quase 800 milhões de euros em outras receitas correntes. Este valor decorre de menores contribuições para a Segurança Social, receitas próprias no Ministério da Justiça e dividendos de participações do Estado. Acresce ainda o impacto dos custos da recapitalização do BPN, uma deterioração superior ao esperado da situação financeira do Sector Empresarial do Estado e a não realização de vendas de concessões e património como previsto. Estes desvios somam cerca de 2800 milhões de euros, isto é, aproximadamente 5/6 do total. O restante é explicado por operações ligadas a responsabilidades do sector empresarial da Região Autónoma da Madeira." in Relatório Orçamento de Estado 2012 -Ministério das Finanças

Fazendo então as contas:

1º - Apuramos as responsabilidades do sector empresarial da Região Autónoma da Madeira (e que vamos pagar esperando que seja só este valor) 
3.400 milhões - 2.800 milhões = 600 milhões de euros

2º - Redução menor do que esperado nas remunerações certas e permanentes na Educação, Administração Interna e Defesa - 300 milhões de euros

OBS.: O próprio texto refere que não houve a redução de efetivos esperada, i.e., não se despediram pessoas em pelo menos 2 setores absolutamente dispensáveis, a Educação e a Administração Interna (polícia e segurança). Na Defesa, pensa-se que o desvio pode ser explicado pelas verbas derivadas de promoções de carreira unilateralmente tomadas pela hierarquia militar e que o Governo optou por não obrigar à sua devolução.

3º - Desvio nas receitas correntes (arrecadou-se menos na Segurança Social, no Ministério da Justiça e nos dividendos de participações do Estado) - 800 milhões de euros. 

OBS.: É lógica a diminuição de receitas na segurança social por via do aumento do desemprego, da falência de empresas e da diminuição do lucro de empresas participadas, pelas medidas de austeridade impostas pelo PEC III de José Sócrates. O que se deverá esperar então para 2012, algo diferente?

4º - Acréscimos do lado da despesa em consumos intermédios - 225 milhões de euros. Os restantes 335 milhões são comissões pagas pelos empréstimos da ajuda internacional. 

OBS.: Ter-se-ão esquecido de fazer as contas depois de terem assinado o memorando da Troika?

Apuremos então um total parcial:
600+300+800+225+335 = 2.260 milhões de euros.

5º - Faltam então detalhar 1.140 milhões de euros, imputados aos "custos da recapitalização do BPN, uma deterioração superior ao esperado da situação financeira do Sector Empresarial do Estado e a não realização de vendas de concessões e património como previsto". 

Estranhamente não se consegue encontrar em lado algum números concretos de cada uma daquelas parcelas. No entanto, numa entrevista recente, a Secretária de Estado do Tesouro referiu que parte do custo de recapitalização do BPN estava inscrita no OE 2012 e ascenderia a cerca de 550 milhões de euros. OBS.: A recapitalização do BPN nos moldes em que está, foi decisão desde Governo aquando do acordo com o BCI para a sua reprivatização e espera-se que tenha sido este mesmo o valor inscrito. De qualquer forma o "buraco" no BPN é de 2,75 milhões de euros e deverá ser amortizado nos anos seguintes...

6º - Continuam a faltar detalhes para 590 milhões de euros, segundo o Governo derivado dos prejuízos da empresas públicas, da não realização de concessões e da não venda de património. 
OBS.: Foi este Governo que decidiu suspender, eventualmente muito bem, várias concessões que estavam previstas. Quanto à venda do património não é possível vendê-lo ainda este ano?
Não se faz qualquer comentário quanto à imputação de responsabilidades, mas, o mais importante nesta altura, é a discussão de três questões fundamentais:
  1. Se se aumentam impostos e reduzem-se salários, reduz-se a massa monetária em circulação, logo provoca-se uma redução do consumo e a retração das poupanças. Quais as implicações que terá na venda de produtos e serviços das PME portuguesas?
  2. É possível fazer crescer a economia ao mesmo tempo que se corta no défice e se reduzem drasticamente investimentos públicos, em pleno período de recessão mundial? Dito de outro modo, com medidas fortemente recessivas e os bancos a necessitar de recapitalização porque não têm liquidez, não emprestando dinheiro à empresas, é possível relançar a economia?
  3. Admitindo que todas as medidas tomadas darão certo na redução do défice nos prazos previstos no acordo da Troika, de onde virá o dinheiro para promover o investimento e o crescimento da economia, já que as famílias e as empresas estarão enxagues?

20/10/2011

Finalmente... despachado

O ditador Kadafi acaba de ser capturado e morto.
Anos e anos de sofrimento para líbios.

Acabou a palhaçada!

O boneco angolano

A TPA - a Televisão Popular de Angola, da família Santos, apresenta algumas surpresas. O que mostra que, por baixo do nepotismo, a sociedade ferve de ideias!

19/10/2011

Samora Machel

Em 19 de outubro de 1986, faz agora 25 anos e em consequência da queda em Mbuzini do avião em que viajava, morreu Samora Machel, o primeiro presidente de Moçambique independente.
A sua morte resultou de uma combinação de interesses americanos, sul-africanos e soviéticos, que, perante o persistente esforço de Samora em internacionalizar o conflito na África Austral (com ameaças de bombardear o Malawi), tiraram partido de divergências no seio da camarilha frelimista para o acidentarem na primeira oportunidade. Sebastião Marcos Mabote acabava de ser despromovido, Chissano e Guebuza entenderam-se quanto a travar o Kadafi moçambicano.

Agora que o corrupto Guebuza resolveu promover o "Ano Samora Machel", importa relembrar que, nessa altura, a ditadura samorista atingia as raias da locura.

Samora nunca foi flor que se cheire por mais que, os seus traidores de então, o tornem em santo: era prepotente, arrogante, vaidoso, libertino, megalómeno e tinha um gosto especial pela luxúria. O vinho, o queijo, os charutos e outros requintes burgueses enchiam o palácio, 

É por isso que temos de mostrar um leve sorriso perante as palavras de Ornila Machel, uma das filhas de Samora: "Se ressuscitasse, Samora Machel ficaria profundamente dececionado com a conduta de alguns dirigentes atuais e com a libertinagem no país e morreria no segundo seguinte!"

Ornila só conheceu o pai em 1975.
Ele, há muito, tinha passado para a Tanzânia e, consequentemente, abandonado a família, quer dizer, a mulher e filhos. Isso não o impediu de se casar novamente nos tempos da guerrilha, enviuvar mas, sucessivamente, lançar a escada sobre fêmeas. Chegado a Maputo, em junho de 1975, desconheceu a mãe de Ornila... e cercou a Graça Simbine!

Só por piada, se pode dizer que Samora faria diferente da atual camarilha frelimista. A História ainda está por fazer mas os podres da guerrilha estão a vir ao de cima.

Ornila só conheceu o pai em 1975. Depois disso, passou a ser visita do luxuoso Palácio Presendencial. Cá fora, o povo era preso e morria de fome e de guerra ...
Samora Machel, 25 de junho de 1975, acompanhado por Marcelino dos Santos, Chipande, Guebuza,
Mbanze e Siad Barre (presidente da OUA e Somália).
Na tribuna, saltitava Vasco Gonçalves, o primeiro-ministro do PCP

18/10/2011

Supositório

Ia um homem montado num burro quando a dada altura o burro parou.

Pensou o homem: o raio do burro parou e agora o que é que vou fazer?...
Vou falar aqui com o mecânico. Se ele sabe fazer um carro andar, também deve saber como pôr um burro a mexer-se. E dirigiu-se à oficina:


- Oh sr. Manuel, o meu burro parou, estacou e eu preciso da sua ajuda!
- Sr. António, vou dar-lhe dois supositórios, um de pimenta-de-cheiro e outro de malagueta. Você enfia-lhe o primeiro. Se ele continuar parado, você mete o de malagueta. Mas cuidado que ele pode acelerar demais!
-Tá bem sr. Manuel, obrigado e vou seguir seus conselhos...

No outro dia...
- Então Sr. António, o burro pegou?
- Se pegou?! Olhe, eu meti o primeiro supositório no cu do burro... e se não boto o de malagueta no meu, nunca mais agarrava o bicho!

17/10/2011

Memórias de 60

O pequeno Joselito, o cantor famoso de filmes e televisão, após adulto passou a cantar baladas românticas.

Teve uma vida atribulada, servindo como mercenário em África. Foi detido pela polícia angolana por tráfico de armas e drogas (1990),  preso cinco anos em Espanha por envolvimento no negócio de cocaína.

Após voltar, retomou a carreira de cantor. Apareceu no programa da TVE Cine de Barrio no dia 16 de dezembro de 2006. Em 2008 participou no reality show "Supervivientes", do Telecinco, permanecendo duas semanas, até 31 de janeiro de 2008.

12/10/2011

Zaafran

Com sensíveis sabores da Índia, suaves requintes de Moçambique e uma inteligente simpatia de uma família portuguesa com raízes antigas no Gujarat, o restaurante Zaafran é um local de encontro e bem receber, no largo dona Estefânia, em Lisboa.

Fabuloso encontro com o açafrão do oriente, o Zaafran acedilhado que a Europa conheceu pelos Descobrimentos.

06/10/2011

Steve Jobs

Ninguém quer morrer. Mesmo as pessoas que querem ir para o céu não querem morrer para chegar lá. E ainda a morte é o destino que todos partilhamos. Ninguém jamais escapou dela. E isso é como deveria ser, porque a morte é muito provavelmente a melhor invenção da Vida. É o agente de mudança da Vida. Ela limpa o velho para abrir caminho para o novo. Hoje, o novo são vocês, mas algum dia, não muito distante, tu gradualmente te tornarás velho e serás varrido. Desculpem ser tão dramático, mas é a verdade.

O teu tempo é limitado, portanto não o desperdices vivendo a vida de alguém. Não caias na armadilha - que é viver com os pensamentos de outras pessoas. Não deixes que o ruído da opinião dos outros cale a tua própria voz interior. E, o mais importante, tem coragem de seguir teu coração e intuição. Eles de alguma maneira já sabem o que tu realmente queres te tornar. Tudo o resto é secundário.

Steve Jobs, discurso em Stanford University, 2005