01/11/2010

O que diz Medina Carreira

"(...) O primeiro-ministro não tem estratégia nenhuma na cabeça senão andar a fazer espectáculo e ir conciliando as circunstâncias para ver se vai durando. Aliás, este primeiro-ministro foi realmente uma desgraça para o País: nem tocou nos aspectos financeiros, nem tocou nos aspectos económicos (...)"

"(...) A chamada consolidação de que o ministro Teixeira dos Santos e o primeiro-ministro falam - "já fizemos uma, podemos fazer duas ou três" - não tem assento nenhum na realidade (...)"

"(...) Havendo menos rendimento, porque os salários baixam e os impostos aumentam, a população vai consumir menos. É a evolução natural (...)"

"(...) Quando chegarmos a 2013, saem as Scut e começam a entrar as parcerias público-privadas no Orçamento. Mil milhões, mil e seiscentos milhões, mil e quinhentos milhões todos os anos! Depois de termos isto arrumado, aparece a desarrumação. Nessa altura, é quase com certeza necessário outras medidas (...)"

"(...) O real problema é a economia. Não temos justiça que funcione, a nossa educação é uma miséria, a burocracia é um inferno, a corrupção (...)"

"(...) O Simplex foi importante, mas o meu amigo faz uma sociedade em 50 minutos e depois espera seis meses para lhe darem uma autorização para pôr um toldo ou para abrir a porta. Não há uma visão global. Este Governo é um Governo de fogachos. O Simplex é muito bom. E o resto?! (...)"

"(...) O mapa autárquico de mil oitocentos e tal não presta. Temos 30% de municípios com menos de dez mil habitantes... O que pagam de impostos não dá para o presidente da câmara, o chauffeur e a secretária! (...)"

"(...) 4500 freguesias é um disparate! E, no mapa autárquico, sabe porque não se mexe? Porque há presidentes de câmara que têm de ir tratar da vida para outro sítio. Não se faz nada que mexa em interesses! Empresas municipais - suprimir aí a eito (...)"

"(...) Não preconizo que se mexa no Estado Social, em pessoas com 300 euros de reforma, que já são uma desgraça. Mas é acabar com as despesas inúteis todas... Há coisas que deve ser o ministro das Finanças a autorizar. Os carros devem ser modelo médio para ministros, e têm de durar cinco ou seis anos. Quando fui ministro, tinha um carro recuperado da sucata da alfândega de Lisboa (...)"

"(...) O Ministério das Finanças não merece crédito! E o Ministério das Finanças era das coisas rigorosas que havia no País. Aquilo já é considerado uma barraca de farturas (...)"

"(...) Tenho muitas dúvidas sobre os governos dos dois partidos que podem governar Portugal... Estes governos foram tomados de assalto por gente sem vida profissional, que vai para ali só para andar atrás nos carros ou para arranjar negócios. Não quer dizer que não haja pessoas capazes, mas três capazes no meio de dez incapazes assusta-me (...)"

"(...) As pessoas dos partidos políticos vão para o topo para tratar da sua vida. Quando fui para o Estado, não fui para tratar da minha vida, porque perdi dinheiro durante vários anos! Ganhava cem contos por mês no meu escritório. E quando fui ministro ganhava trinta, três anos depois (...)"

"(...) Alegre diz que o Presidente não devia ter dito não sei o quê, porque estas campanhas são só de conversa, nunca se trata de nada de essencial! Se perguntar a Alegre como é que ele mantém o Estado social, não faz ideia nenhuma, como é óbvio. São campanhas só para cumprir prazo e formalidade legal; isto não presta para nada (...)"

"(...) Não me calo, fale quem falar! Estou ao serviço do País, e, portanto, não me calo de jeito nenhum, façam o que fizerem! O próprio primeiro-ministro queria também que eu e o Mário Crespo fôssemos "resolvidos" (...)"

"(...) Só vi José Sócrates uma vez na vida. Foi em casa de António Guterres há 20 anos. Não tenho nada contra ele, tenho-o como homem de Estado que é muito mais dado à forma do que à substância, muito mais dado à aparência do que à realidade. Ele julga que os problemas se resolvem por vontade. É um homem que deveria ser um bom treinador de futebol, um homem que diz "é preciso coragem, determinação e tal". O que é preciso é competência, ponderação, ser capaz de ouvir e de assumir - isso é que é um homem de Estado. Ele não é um homem de Estado! Ele está em trânsito numa função para a qual não tem nenhuma virtude desejável no nosso país.

Continua a desligar a televisão sempre que ele fala?
Sim, sim, não quero ouvi-lo! De bola, já eu estou farto".