A Santa Inquisição está de volta!
Para entreter o pagode, uma série de sereias socialistas vêm com a sua voz delicodoce desancar sobre o pobre do António Mexia. E, neste caso, pobre apenas por ser escolhido como a vítima da inveja socialista.
Na verdade, o motivo da persiguição estão as notícias de que Mexia teria recebido mais de 1,3 milhões de euros em remunerações fixas e variáveis, em 2009.
E quem são as sereias? António José Seguro, João Soares, Carlos Zorrinho, Paulo Querido e outros, em blogues e comentaristas vários. E a que propósito, António Mexia?
O Estado é acionista da EDP com menos de 10% do respetivo capital. Todavia, comporta-se perante a empresa, como se detivesse a totalidade.
Quando precisa de "fazer flores", recorre a "empresas-amigas" para intervir no mercado ou, mais, simplesmente, financiar-se. É assim que, apressadamente, vendeu futuras barragens recebendo já os valores à cabeça, para pintar o Orçamento.
Mas, voltemos ao que interessa.
As sereias, que estiveram caladinhas enquanto Portugal tomava conhecimento das mordomias, promoções e reformas de que beneficiam Rui Pedro Soares, Fernando Gomes, Armando Vara, José Penedos, e vários outros cuja competência é do tamanho do cartão do partido em que militam e quem dão o dízimo.
Não é o caso de António Mexia (EDP), Fernando Pinto (TAP) ou outros profissionais de gabarito internacional mas que as sereias tentam, ciclicamente, associar aos seus camaradas.
Tome-se o exemplo recente da Seleção Nacional de Futebol de Portugal e comparem-se os desempenhos de António Oliveira e Luiz Felipe Scolari.
Apliquem-se as mesmas escolhas na EDP, na GALP, na PT, na TAP, na CGD e contratem-se gestores do tipo "Face Oculta" e, depois, paguem-se os prejuízos da dimensão da CP, Carris...
Quer isto dizer que as remunerações têm que ser assim?
Os modernos acionistas das empresas cotadas e bolsa, estão sobretudos interessados na valorização do capital. A "criação de valor", para usar o calão bolsista, é o interesse fundamental dos acionistas.
A consequência desta visão de curto prazo é, naturalmente, uma estratégia de curto prazo. São contratados gestores profissionais, altamente qualificados, para alcançarem objetivos ambiciosos: criar valor, valorizar ações em bolsa, distribuir dividendos.
Acontece que esta visão tende a alienar objetivos estratégicos que requerem investimentos pluri-anuais.
A contrapartida é que muitas elites dirigentes são tentadas ou mesmo deixadas a definir a sua perpetuação e, com muita frequência, a esconder problemas, ameaças ou prejuízos que se apresentem para lá dos seus mandatos. Os casos Enron e a "auditoria" da Arthur Andersen são exemplos sobejos.
É, portanto, indispensável que os objetivos são tão ambiciosos como rigorosos. Sejam a estáveis a prazo e auditáveis por entidades honestas e independentes. É isso que se chama supervisão. Lamentavelmente, existe muita promiscuidade entre auditores e auditados...
Mas não pode haver dúvidas que os gestores, especialistas, cientistas competentes têm de ser bem pagos. Frequentemente, a sua bitola é o mercado internacional onde são disputados a "peso de ouro". Só por anedota, quem sugere que tenham remunerações indexadas (20X) ao salário-mínimo, pode tentar contratar Cristiano Ronaldo por esse valor.
Se abdicar de uma carreira internacional ou se aceitar remunerações "razoáveis", um gestor que é disputado por concorrentes ferozes, fa-lo-á por razões patrióticas. E isso, terá de ser reconhecido.
Persegui-los com base no populismo fácil, afasta os competentes e promove os artolas.
Quem quiser, pode substituir Mexia e colocar um Vara.
Depois não se queixem de disputar a II divisão.