04/04/2010

As amantes do papá

A poligamia é culturalmente intrínseca às sociedades africanas. Pode discutir-se e considerar-se que é ou não um sinal de atraso social mas, é um dado adquirido, existe.

O presidente da África do Sul, Jacob Zuma, é um destacado praticante desta forma de casamento. Em todo o caso, tem a seu favor o facto de assumir publicamente as suas escolhas. A seu desfavor, fazer filhos fora dessa sua família alargada e, além disso, pôr os contribuintes a pagar as mordomias.
Mas, reconheçamos, à luz de padrões "mais modernos", tem amantes reconhecidas como parte da família e, à conta disso, desincentivadas as "facadas". Em teoria, pelo menos!

Já em Moçambique, onde a poligamia foi recuperada em nome do anticolonialismo e depois da feroz perseguição frelimista (até ao IV congresso, o da recuperação dos regulados), não seria de esperar que dirigentes da geração do 25 de Setembro - impolutos e moralmente superiores - tivessem amantes não assumidas.

Não seria de esperar que à luz da apregoada igualdade da mulher, enganassem a legítima. É certo que dá status ter várias mulheres. E não há ministro, governador, empresário que ao sinal de gordo e anafado deixe de juntar umas tantas amantes.

Afinal, ser gordo e ter várias mulheres é sinal de riqueza. Afinal, era o colono que tinha uma legítima e fazia mulatos com outras.

E, tendo como alternativa a miséria, para muita mulher, arranjar marido ou amante serve para ter emprego, subir na vida, ser secretária, diretora ou ministra.

E a legítima aceita que o marido tenha amantes, se conhecidas, em lugar de andar com vintinhas. E sempre pode dizer para o arredondado esposo: a nossa amante é melhor do que a de fulano.

Ora, o que não seria de esperar é que papá que apregoa "decisão tomada decisão cumprida" e se apresente como marido exemplar e pai babado, faça escolhas políticas com base em paixões abaixo da cintura. Seja ela uma Helena, uma Rita, uma Maria..., ministras ou ajudantes.

É que, assim, em nome da tradição, melhor faria se seguisse o famigerado Zuma e assumisse a poligamia.