Nesta monarquia sobrevivente da África austral, o Serviço Secreto Real flagrou o Ministro da Justiça desfrutando uma das mulheres do monarca, num hotelzinho próximo a Mbabane, a capital do país.
Constitui crime sério por um "chapéu de touro" em sua majestade real. Resultado: o conquistador pode ser executado e a infiel expulsa do país.
No pequeno Reino da Suazilândia, com pouco mais de 1,2 milhão de habitantes, à boca miúda, não se fala de outra coisa: sua majestade o rei Mswati III, foi corneado pelo seu amigo, o ministro da justiça Ndumiso Mamba, que estava recebendo e ganhando agrados da 12ª esposa real.
O casal foi flagrado pelo serviço de segurança real, depois de uma longa investigação, num simpático hotel cinco Estrelas, o Royal Villas, numa cidade próxima de Mbabane, uma das capitais do país.
A infiel 12ª esposa real Nothando Dube, de 22 anos, é mãe de dois filhos.
O rei determinou a prisão dos dois. O ministro sedutor, que é casado, foi acusado de "violar a casa de outro homem", e pode ser condenado à morte, enquanto Nothando Dube, a seduzida, no momento, em prisão domiciliar, enfrenta a possibilidade de ser banida da Suazilândia.
De educação britânica, Mswati III, também chamado de "o leão", (agora poderá passar a ser chamado também de Grande Alce) reina na Suazilândia de forma absoluta desde 1986 e é responsável por escolher o gabinete e o primeiro-ministro. O país, que não tem saída para o mar e faz fronteira com África do Sul e Moçambique, tem mais de 70% de sua população vivendo abaixo da linha da pobreza.
As esposas de Mswati III não são rainhas já que, pelo direito suazi, a sua mãe Ntombi Tfwala, 60 anos, ocupa esse posto, que tem o título de Indovukazi (A grande Elefanta) e dispõe de poderes destacados no conselho real de ministros. Por exemplo, é ouvida pelo rei quando da escolha do primeiro-ministro.
O absolutismo do Rei tem pequenos limites contidos na constituição, em vigor há apenas quatro anos, que contém maravilhas como a proibição da existência de partidos políticos e impede processos contra a monarquia.
Mas já produziu algum efeito quando liderado por influência da Grande Elefanta, o Parlamento não permitiu que o rei comprasse um jato de 45 milhões de dólares. O valor era mais que o dobro do orçamento nacional de saúde.
A saúde pública suazi enfrenta uma catástrofe: um terço da população adulta é portadora do vírus de HIV, a mais alta taxa de contaminação do mundo.
Tal como noutros países do mesmo calibre, o rei da Suazilandia, sente-se acima da lei e modifica-a constatemente em seu benefício: em Setembro de 2005, escolheu uma moça de 17 anos para ser a sua 13º mulher, o que foi possível porque, poucas semanas antes, anulara a proibição de prática de sexo por mulheres de menos de 18 anos, vigente por quatro anos no país para combater a SIDA.
Não se pode, porém, acusar o monarca de não conseguir melhorar a qualidade de vida dos suazilandeses, uma vez que tem que de administrar primordialmente a família real de 13 esposas, igual número de sogras, 23 filhos e um batalhão de cunhados. Sem contar com a prole herdada de seu pai e antecessor, o rei Sobhuza II, que teve 70 esposas, 210 filhos e 1000 netos. O novo rei tem que cuidar dessa estranha parentela, com dezenas de "mães", sobrinhos e primos. Numa contagem recente concluí-se que o rei tem 97 irmãos e irmãs ainda vivos.
Possivelmente, Mswati III, de 42 anos, deve passar parte do seu expediente real, tentando pôr em dia, a vida sexual, das 13 esposas, algumas delas de tenra idade. Um incidente, da traição da esposa 12ª, acaba por expor parte do seu declínio.
Acontecesse isto numa democracia, o advogado do ministro da Justiça Ndumiso Mamba que se intrometeu na casa real, poderia alegar que o seu cliente, como funcionário público, estava apenas servindo uma das primeiras damas, já que o rei claudicara nas suas obrigações na alcova real.
Na Suazilândia as festas reais são conhecidas pela extravagância. A cada 19 de abril, data do aniversário do rei, ocorre um grande evento num estádio da capital, que pode durar uma semana, e onde são escolhidas as novas esposas, entre as 80 mil virgens do reino, que se exibem exuberantes diante do monarca, transvertido de chefe tribal.
As mulheres vão seminuas ao estádio e são examinadas visualmente pelo monarca, que as observa como quem compra gado no mercado. Elas estão normalmente eufóricas e sonhadoras com a hipótese de sair da miséria, obtendo um casamento real.
Mas não é sempre assim pois, as duas primeiras mulheres do rei da Suazilândia, são-lhe impostas pelos conselheiros do Reino. Elas assumem funções especiais nos rituais mas nunca podem reivindicar realeza. A primeira mulher deve ser um membro do clã Matsebula e a segunda, do clã Motsa.
Segundo a tradição, ele só se pode casar com as esposas, depois delas terem ficado grávidas, provando que podem gerar herdeiros.
Seria apenas exótico, esse festival pagão de ofertas de mulheres, se entre as oferecidas não estivessem meninas recém ingressas na puberdade. A esposa 12ª envolvida nesse episódio, foi escolhida com apenas 16 anos, para integrar o harém real.
in «Daily Mail», 03.08.2010
A bela Mswati Nothando Dube, o rei "coroado" e o ministro... |
Virgens suazis a caminho da festa |