Maior boom económico desde a reunificação
A Alemanha acaba de divulgar o seu mais robusto trimestre de crescimento económico desde a reunificação do país em 1990. Durante o segundo trimestre deste ano, um grande aumento das exportações, a elevação do consumo e estímulos governamentais ajudaram o país a apresentar um índice de crescimento de 2,2%.
Beneficiada por um salto das exportações e pelos contínuos programas de estímulo governamentais, a economia da Alemanha está se recuperando em um ritmo mais acelerado do que a maioria dos economistas esperava. Durante o segundo trimestre, o produto interno bruto cresceu 2,2% em relação ao trimestre anterior, segundo anunciou na última sexta-feira o Departamento Federal de Estatística em Wiesbaden, o que representa o maior crescimento
económico trimestral registrado desde a reunificação do país em 1990.
"A economia alemã, que perdeu o ímpeto no final de 2009 e no início de 2010, retornou de fato à rota correta", anunciou o departamento em uma declaração oficial. O crescimento registado no segundo trimestre superou as expectativas dos analistas, que haviam previsto um crescimento de apenas 1,3%. Além disso, o crescimento do primeiro trimestre, de 0,5%, também foi melhor do que a previsão de 0,2%. A produção económica do segundo trimestre
aumentou 4,1% em relação ao mesmo período do ano passado.
Existem vários motivos para este boom econômico. Ele foi alimentado pelas exportações, mas também pelo consumo privado dos alemães, que durante anos vinha sendo anémico. O Departamento de Estatística também observou que os programas de estímulo económico do governo alemão tiveram um efeito positivo. Enquanto isso, as empresas do país também começaram a incrementar os seus investimentos.
Em 2009, a Alemanha caiu em uma recessão profunda durante a crise económica global. A economia sofreu uma contração de 4,7%, segundo anunciou na sexta-feira o Departamento de Estatística. Os novos números trazem uma pequena correção para baixo em relação ao índice anteriormente divulgado, que foi de 4,9%. As revisões desses índices, de uma magnitude sem
precedentes, são atribuídas a recentes e fortes flutuações do desenvolvimento económico de curto prazo, provocadas pela crise, segundo informou o departamento.
"Uma grande retomada do crescimento"
A maioria dos pesquisadores económicos acredita que a Alemanha terá que crescer pelo menos 2% em 2010. O ministro da Economia do país, Rainer Brüderle, que é membro do Partido Democrático Liberal, simpático ao empresariado, também manifestou o seu optimismo: "Atualmente nós estamos experimentando uma grande retomada de crescimento", declarou Brüderle. "Um crescimento de mais de 2% para 2010 está começando a ingressar no reino das possibilidades reais". Até então, o governo vinha prevendo um crescimento económico anual de 1,4%.
Brüderle já está pedindo ao governo que comece a reduzir as medidas de estímulo económico. Segundo ele, os números recentes consistem em um "nítido encorajamento para que continuemos a retirar os programas de estímulo governamentais". Em vez disso, ele afirmou que o governo deveria "continuar resolutamente" com as suas medidas económicas. De acordo com Brüderle, ao fazer isso, o governo contaria com uma maior margem de manobra para aliviar o peso tributário sobre os assalariados médios.
Mesmo assim, a Alemanha foi alvo de estridentes críticas de Washington devido às suas iniciativas de cortar programas de estímulo económico e adotar uma rota de austeridade fiscal. O presidente Barack Obama está preocupado com a possibilidade de que, se os governos europeus abandonarem as medidas de estímulo, o crescimento económico possa cessar, ameaçando empurrar a economia global para uma nova recessão. Mas, após a crise do
euro, os países europeus implementaram ambiciosos programas para economizar recursos, com o objetivo de reduzir as dívidas nacionais e fortalecer a moeda comum.
Entretanto, ainda não se sabe se este boom terá continuidade até 2011.
Especialistas calculam que o crescimento no próximo ano ficará em torno de 1,5%. Essa estimativa é um pouco menor do que as previsões para 2010 porque ela leva em consideração o facto de que muitos programas de estímulo governamentais estão chegando ao fim, o que poderia resultar em uma desaceleração da recuperação económica da Alemanha.
in «Der Spiegel», 14.08.2010