21/06/2010

Vuvuzelas

FIFA, deus e as vuvuzelas

Joseph Blatter teve um sonho com Afonso Costa, e não quer que os jogadores brasileiros expressem a sua religiosidade em campo. A FIFA pediria o mesmo a jogadores muçulmanos?

I. A patetice politicamente correta sempre fez parte do património da FIFA. Mas agora a FIFA bateu os seus próprios records: a selecção brasileira foi intimada. Motivo? As celebrações religiosas dos jogadores brasileiros após a marcação de golos, etc. (no i de hoje). A FIFA não quer religião dentro do campo.

II. Perante esta parvoíce, faço uma perguntas: a FIFA vai dar o mesmo aviso a selecções muçulmanas? E, já agora, a FIFA também vai proibir as danças dos jogadores africanos? Aquilo não são danças das crenças pagãs africanas? O sr. Blatter quer que todos os jogadores se comportem como suíços chatos e ateus?

III. Em vez de estar ocupada com a fé dos jogadores, a FIFA devia estar preocupada com a porcaria das vuvuzelas, aquelas gaitas que estragam o prazer de ver um jogo do mundial - mesmo quando o vemos pela TV. A FIFA devia proibir a entrada daquela porcaria nos estádios. Ah, mas esperem: a FIFA não pode fazer isso, porque os africanos diriam que essa proibição seria um desrespeito pelas tradições africanas e um exemplo do "imperalismo" branco. A FIFA é um bom representante do politicamente correto europeu. Mudem a sede da FIFA para o Rio de Janeiro, sff.

Henrique Raposo
in «Expresso», 14.06.2010

(a propósito do jogo Portugal - Coreia do Norte, a fotografia é dedicada à equipa da autodesignada República Popular e Democrática da Coreia, uma prisão em ponto grande)