O problema das SCUT, que rebentou agora, foi criado por António Guterres. É bom ter memória: Guterres é o grande responsável pelo estado do país.
I. A ideia de que podia haver auto-estradas gratuitas é uma ideia típica do guterrismo. Nesse período, o PS elevou ao máximo o dogma de que o Estado pode dar tudo às pessoas. Desde o rendimento mínimo (a SCUT de Ferro Rodrigues) até às SCUT (de João Cravinho), António Guterres fez do Estado o pai natal dos portugueses. Criou-se a ideia de que tudo era de borla. Foi esta sorridente maneira de governar que criou o tal "pântano". E, quando viu a sua obra pantanosa, Guterres abandonou o país de forma inacreditável. Guterres abandonou o país.
II. O actual problema das portagens nas SCUTs representa, de forma quase perfeita, a relação entre o "guterrismo" e o "socratismo": a governação de José Sócrates tem consistido na retirada das benesses dadas por António Guterres; Sócrates está a tirar ao país aquilo que Guterres deu de maneira totalmente irresponsável. Verdade seja dita, quando penso em Guterres, a minha aversão a Sócrates até diminui um pouco. Antes de José Sócrates, o grande culpado pelo estado do pais chama-se António Guterres.
III. Portugal devia fazer um acordo como a ONU: devíamos pagar uma taxa para manter Guterres como alto-comissário vitalício para os refugiados. Guterres será um bom diplomata lá fora, mas foi um péssimo político cá dentro.
Henrique Raposo
in www.expresso.pt), 24.06.2010