Em 2010, a pobreza em Portugal só tem uma causa: este modelo económico semi-socialista, e este Estado Social que vive na pirâmide demográfica de 1970. Os donos deste regime, desde Manuel Alegre a António Arnaut, são os únicos culpados.
I. Este Estado Social mui tuga e a caminho do Pacto de Varsóvia foi criado com o objetivo de diminuir a pobreza em Portugal. É o que diziam e dizem os seus criadores, desde António Arnaut e Manuel Alegre. Em paralelo, esta boa gente também dizia e diz que não pode existir uma política não-socialista em Portugal. Ou seja, segundo esta boa gente, um Governo conservador e liberal deve ser ilegal em Portugal. É por isso que qualquer desvio à norma estabelecida é recebida com aquele ímpar indignadinho dos donos do regime. O regime é deles. As leis são deles. As praxis dão deles. Isto é deles. O país só pode viver como eles querem. Sim, eles, os senhores Arnauts, os senhores Alegres, os senhores Soares, essa boa gente que nos governa desde 1976.
II. Ok, o regime é deles, o nosso modo de vida é deles. Mas, curiosamente, esta boa gente não assume as responsabilidades pelos resultados do seu regime. Sim, responsabilidades. O seu menino criou pobreza. Ela está aí. O Estado de Soares, de Alegre, de Arnaut, não diminuiu a pobreza. Pelo contrário, ela está a aumentar. E este aumento deve-se, em exclusivo, ao modelo socialista que temos. Porque, como já vimos, só esse modelo pode existir em Portugal. Mas esta boa gente não assume responsabilidades, nem admite reformas profundas no sistema. Não, nem pensar. A culpa é do "neoliberalismo", esse conveniente papão. Reparem: Manuel Alegre e companhia responsabilizam uma coisa que não pode existir em Portugal, e que nunca existiu em Portugal, porque eles nunca o permitiram.
III. Isto, no fundo, é uma bela comédia: de manhã, os donos do regime dizem "ah, em Portugal nunca houve, nem haverá esse neoliberalismo; a nossa Constituição proíbe essas porcarias calvinistas". Mas, à tarde, com o objetivo de desviar atenções do seu fracasso, dizem "isso é culpa do neoliberalismo" (a tal coisa que nunca existiu em Portugal). As relações de causa - efeito do nosso regime estão no campo do realismo mágico.
Henrique Raposo (www.expresso.pt)
in «A pobreza de Manuel Alegre», «Expresso», 05.01.2011