26/04/2011

Desmascarar os farsantes

A gravidade da situação económica portuguesa, lamentavelmente, ainda mal percepcionada por muitos portugueses, impõe que chamemos a atenção para o desastre, a catástrofe,  a ruína, em que o país está metido.

Lamentavelmente, há muitos portugueses que ainda estão convencidos de que os problemas resultam da crise internacional e que o governo PS tudo tem feito para defender Portugal da "cobiça" dos mercados. Esses mesmos portugueses estão convencidos que é o PS quem melhor pode tirar o país do sarilho em que o meteram.

Nada mais errado! Como demonstra o Professor Álvaro Santos Pereira, Portugal foi metido num enorme sarilho pelos sucessivos governos PS desde 1995.

E não colhe o argumento de que o PSD (ou Cavaco Silva) também são responsavéis pela situação. Cavaco deixou a governação em 1995 e o PSD esteve cerca de dois anos (Durão Barroso e Santana Lopes), entre 2002 e 2005.

Seria uma grande inconsciência partir do princípio que, em função do pacote FMI, qualquer governo de outro partido fará o mesmo que o PS. Essa é a mentira que Sócrates propagandeia. Essa é a mentira que serve Sócrates e a sua sobrevivência.

Se isso tivesse que ser assim, então Portugal "fecharia portas" e abria bancarrota total.

E também não serve a ir pela abstenção sob o pretexto de que "os partidos são todos iguais".
Não são todos iguais. Os portugueses terão que admitir que se deixaram enganar pelo PS.

Os portugueses terão de ser exigentes com qualquer governo que substitua o do PS nas eleições de 5 de junho. Terão que impedir que se repitam os desmandos socretinos. É preciso retomar a ética e a seriedade na política.

Porque é preciso salvar Portugal! É preciso retirar o PS do poder! É preciso afastar Sócrates do governo! É preciso mudar Portugal!

Os verdadeiros factos da campanha
Álvaro Santos Pereira
Professor de Economia na Universidade Simon Fraser do Canadá
14.02.2011

Nos últimos dias, a "campanha" eleitoral tem sido constituída por um rol de "factos" que só servem para distrair os portugueses daquilo que realmente é essencial.

E o que é essencial são os factos.
E os factos são indesmentíveis.
Não há argumentos que resistam aos arrasadores factos que este governo lega.
E para quem não sabe, e como demonstro no meu novo livro, os factos que realmente interessam são os seguintes: 

01) Na última década, Portugal teve o pior crescimento económico dos últimos 90 anos.

02) Temos a pior dívida pública (em % do PIB) dos últimos 160 anos. A dívida pública este ano vai rondar os 100% do PIB. 

03) Esta dívida pública histórica não inclui as dívidas das empresas públicas (mais 25% do PIB nacional). 

04) Esta dívida pública sem precedentes não inclui os 60 mil milhões de euros das parcerias público-privadas (PPP) (35% do PIB adicionais), que foram utilizadas pelos nosso governantes para fazer obra (auto-estradas, hospitais, etc.) enquanto se adiava o seu pagamento para os próximos governos e as gerações futuras. As escolas também foram construídas a crédito.
05) Temos a pior taxa de desemprego dos últimos 90 anos (desde que há registos). Em 2005, a taxa de desemprego era de 6,6%. Em 2011, a taxa de desemprego chegou aos 11,1% e continua a aumentar.

06) Temos 620 mil desempregados, dos quais mais de 300 mil estão desempregados há mais de 12 meses.

07) Temos a maior dívida externa dos últimos 120 anos.

08) A nossa dívida externa bruta é quase 8 vezes maior do que as nossas exportações

09) Estamos no top 10 dos países mais endividados do mundo em praticamente todos os indicadores possíveis.

10) A nossa dívida externa bruta em 1995 era inferior a 40% do PIB. Hoje é de 230% do PIB.

11) A nossa dívida externa líquida em 1995 era de 10% do PIB. Hoje é de quase 110% do PIB.

12) As dívidas das famílias são cerca de 100% do PIB e 135% do rendimento disponível.

13) As dívidas das empresas são equivalentes a 150% do PIB.

14) Cerca de 50% de todo endividamento nacional deve-se, directa ou indirectamente, ao nosso Estado.

15) Temos a segunda maior vaga de emigração dos últimos 160 anos.

16) Temos a segunda maior fuga de cérebros de toda a OCDE.

17) Temos a pior taxa de poupança dos últimos 50 anos.

18) Nos últimos 10 anos, tivemos défices da balança corrente que rondaram entre os 8% e os 10% do PIB.

19) Há 1,6 milhões de casos pendentes nos tribunais civis. Em 1995, havia 630 mil. Portugal é ainda um dos países que mais gasta com os tribunais por habitante na Europa.

20) Temos a terceira pior taxa de abandono escolar de toda a OCDE (só melhor do que o México e a Turquia).

21) Temos um Estado desproporcionado para o nosso país, um Estado cujo peso já ultrapassa os 50% do PIB.

22) As entidades e organismos públicos contam-se aos milhares. Há 349 Institutos Públicos, 87 Direcções Regionais, 68 Direcções-Gerais, 25 Estruturas de Missão, 100 Estruturas Atípicas, 10 Entidades Administrativas Independentes, 2 Forças de Segurança, 8 entidades e sub-entidades das Forças Armadas, 3 Entidades Empresariais regionais, 6 Gabinetes, 1 Gabinete do Primeiro Ministro, 16 Gabinetes de Ministros, 38 Gabinetes de Secretários de Estado, 15 Gabinetes dos Secretários Regionais, 2 Gabinetes do Presidente Regional, 2 Gabinetes da Vice-Presidência dos Governos Regionais, 18 Governos Civis, 2 Áreas Metropolitanas, 9 Inspecções Regionais, 16 Inspecções-Gerais, 31 Órgãos Consultivos, 350 Órgãos Independentes (tribunais e afins), 17 Secretarias-Gerais, 17 Serviços de Apoio, 2 Gabinetes dos Representantes da República nas regiões autónomas, e ainda, 308 Câmaras Municipais, 4260 Juntas de Freguesias. Há ainda as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional, e as Comunidades Intermunicipais.

22) Nos últimos anos, nada foi feito para cortar neste Estado omnipresente e despesista, embora já se cortaram salários, já se subiram impostos, já se reduziram pensões e já se impuseram vários pacotes de austeridade aos portugueses. O Estado tem ficado imune à austeridade.

Isto não é política.
São factos. Factos que andámos a negar durante anos até chegarmos a esta lamentável situação. Ora, se tomarmos em linha de conta estes factos, interessa perguntar: como é que foi possível chegar a esta situação?

O que é que aconteceu entre 1995 e 2011 para termos passado termos de "bom aluno" da UE a um exemplo que toda a gente quer evitar?
O que é que ocorreu entre 1995 e 2011 para termos transformado tanto o nosso país?
Quem conduziu o país quase à insolvência?
Quem nada fez para contrariar o excessivo endividamento do país?
Quem contribuiu de sobremaneira para o mesmo endividamento com obras públicas de rentabilidade muito duvidosa?
Quem fomentou o endividamento com um despesismo atroz? Quem tentou (e tenta) encobrir a triste realidade económica do país com manobras de propaganda e com manipulações de factos?

As respostas a estas questões são fáceis de dar, ou, pelo menos, deviam ser.
Só não vê quem não quer mesmo ver.

A verdade é que estes factos são obviamente arrasadores e indesmentíveis.
Factos irrefutáveis.
Factos que, por isso, deviam ser repetidos até à exaustão até que todos nós nos consciencializássemos da gravidade da situação actual.
Estes é que deviam ser os verdadeiros factos da campanha eleitoral.
As distrações dos últimos dias só servem para desviar as atenções daquilo que é realmente importante.