"Um grupo de amigos de Carlos Castro, em que se inclui La Féria, propõe ao presidente da Câmara de Lisboa que o nome do cronista seja incluído na toponímia da cidade" in «Correio da Manhã».
Não vamos ficar pelo óbvio que seria dizer apenas e só: quem foi Carlos Castro para dar o nome a rua, esquina, rotunda ou beco? Tem falecido muita gente de grande valor nos últimos tempos. Por exemplo, a recente perda do jornalista Carlos Pinto Coelho, um grande, enorme comunicador e ícone da cultura e sua transmissão em Portugal.
Mas pelos visto é outro Carlos quem está na calha para ser eternizado dando o seu nome a uma rua. Sugere-se antes uma ladeira ou rampa. Não era ele que servia de rampa de lançamento para tudo o que é paraquedista social?
Estou a ver daqui a uns anos o avô com o netinho pelo braço, a passearem e a desfrutar do Sol da capital quando o petiz se sai com esta: "Ó avô, quem foi o Carlos Castro?" "Quem? Diz o velhote visivelmente atrapalhado..." "Ali avô - apontando - a placa diz rua Carlos Castro." "Ah sim meu filho... Olha esse senhor lançava muita gente no mundo cor-de-rosa com as suas crónicas de grande veia poética e conhecimentos no mundo do jet-set. Sabes o que é o jet-set filho? "Não avô, o que é isso?"
"Olha rapaz, em Portugal o jet-set são aqueles tesos que não têm dinheiro para comprar um pacote de "Sugus" mas que parecem varejeiras em volta das festas do social. Desde que haja imprensa especializada em revistas de leitura de WC eles estão lá. Tarólogas, bruxos, manequins tenrinhos, desconhecidos ou conhecidos porque apareceram dois minutos na televisão a dizer bacoradas, e depois um grupo de gente que o teu avô não sabe bem o que faz ou como ganha a vida, mas que tem sempre um diminutivo no nome: Vivis, Kaquis, Mimis, Kócos, Pipis, Xonés e assim."
"Não estou a entender avô... Olha filho, nem eu, mas é assim querido".
"Então e o que aconteceu ao senhor?"
"Bem, o senhor foi viajar e a coisa correu mal. Lembras-te quando o avô te diz que é perigoso para os miúdos pequenos abrirem garrafas de vinho sozinhos? Mas deixa lá, isso a avó depois explica-te melhor..."
Se querem eternizar a vida de Carlos Castro sugere-se um show travesti. Algo que ele adorava, faz mais sentido. Até damos umas dicas ao encenador La Féria: "As bichas de Nova Iorque" se for musical ou "E tudo o vento do túnel de Metro levou" se for drama.
Agora, deixem-se é de ideias bacocas. Chamaram de tudo à população de Cantanhede por fazerem a missa e a vigília de solidariedade e agora querem dar o nome de uma rua da capital ao Carlos Castro? Antes dele estariam milhares de pessoas. Milhares.
Nota da Redação: a rua lisboeta já existe e com aplauso geral - o Beco da Bicha (aqui)