Silva Lopes, um senhor muito ouvido e respeitado, defendeu recentemente, com autoridade e bonomia, o congelamento dos salários dos portugueses que, recorda o boletim estatístico de Janeiro passado do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, se cifrava, em termos médios, em 891,40 euros mensais.
Socorro-me de um estudo realizado pelo economista Eugénio Rosa para trazer à colação que aquele senhor: auferia mensalmente 102.562,30 euros quando, em Maio transato, deixou a presidência do Montepio; por 4 anos de atividade naquela instituição, vai receber cerca de 4.000 euros de reforma mensal, que somará a outra da Caixa Geral de Depósitos e, ainda, a uma terceira, do Banco de Portugal; embora invocando a necessidade de descansar para sair do Montepio aos 74 anos de idade, aceitou, de seguida, o cargo de administrador da EDP Renováveis, provavelmente em coerência com a sua visão socialista da economia e do mercado de trabalho.
Obviamente que o pecúlio de Silva Lopes é legalmente imaculado e não me incomoda a sua abundância. Mas, do alto do seu luxo, não lhe sobra moral para vir a público referir-se à miséria dos outros. Isto, que numa sociedade civilmente vigorosa teria merecido vivo questionamento, foi, outrossim, tranquilamente retomado para outros excelsos intérpretes do politicamente correto anunciarem que o garrote continuará a torturar o indígena.
"A putrefação"
Santana Castilho
in «Público», 01.04.2009
(*) esquemático, que se baseia num esquema, isto é, num jeito ou expediente.
O esquematismo é uma forma de representar objetos reais com um estilo caraterizado pelo uso de traços simbólicos e simplificados que não pretendem ser realistas. O desenho resultante, usualmente, omite detalhes irrelevantes para a informação que interessa ressaltar, sendo os elementos reduzidos a diagramas arbitrários ou convencionais que tangenciam a abstração e que, apesar disso, são facilmente acessíveis para a compreensão humana.
Amiúde acrescentam símbolos abstratos, de difícil interpretação se o debuxo está fora de contexto, mas compreensível para o espectador familiarizado com os elementos icónicos e diagramas utilizados.
O esquematismo é um recurso artístico que se dá em numerosas correntes ao longo de toda a História; mas também é utilizado em outros campos da vida humana nos que se precisa um sistema comunicativo universal e acessível, por exemplo, os sinais de tráfego, os planos, os esquemas de reparação ou montagem de objectos compostos, os processos cientistas (Wikipedia)