28/06/2012

Alentejano no tribunal

Porque o Juiz deve sempre ouvir as duas partes.

Ti Maneli, alentejano de Castro Verde, pensou bem e decidiu que os ferimentos que sofreu num acidente de trânsito eram sérios o suficiente para levar o dono do outro carro ao tribunal.

No tribunal, o advogado do réu começou por perguntar ao Ti Maneli:
- O Senhor na altura do acidente não disse "Estou ótimo"?

Ti Maneli responde:
- Bem, eu vou contar o que aconteceu. Eu tinha acabado de colocar minha mula favorita na camionete...

- Eu não pedi detalhes! - Interrompeu o advogado.

- Responda somente à questão:
- O Senhor não disse na cena do acidente: "Estou ótimo"?

- Bem, eu coloquei a mula na camionete e estava descendo a rua...

O advogado interrompe novamente e diz: - Meritíssimo, estou tentando estabelecer os factos.

Na cena do acidente este homem disse ao soldado na GNR que estava bem.

Agora, várias semanas após o acidente ele está tentando processar meu cliente, e isto não pode ser.

Por favor, poderia dizer-lhe que deve responder somente à minha pergunta.

Mas, nesta altura, o Juiz mostra-se muito interessado na resposta do Ti Maneli e diz ao advogado:
- Eu quero ouvir a versão dele.

Ti Maneli agradece ao Juiz e prossegue:
- Como ê estava dizendo, coloqi a mula na caminete e estava descendo a rua quando uma pick up passou o sinal vermelho e bateu num lado da minha caminete.

Eu fui lançado fora do carro para um lado da rua e a mula foi lançada pro outro lado. Eu fiquei muito ferido e mal me podia mexer.

Mas eu conseguia ouvir a mula zurrando e grunhindo e, pelo barulho, percebi que ela estava muito ferida.

Em seguida chegou o soldado da GNR. Ele ouviu a mula gritando e zurrando e foi ver como ela estava.


Depois de ter olhado bem para a mula, abanou a cabeça, pegou na pistola e deu-lhe três tiros.

Depois ele atravessou a estrada com a arma na mão, olhou para mim e disse:
- Sua mula estava muito mal e eu tive que a abater.


E o senhor, como é que se está a sentir?

- Aí ê pensi bem e disse: ... Eu? Estou ótimo!