Não queria renegar o memorando da troika, que o PS tinha assinado, mas ao mesmo tempo queria mostrar que discordava das medidas mais impopulares.
Não chumbava as alterações às leis laborais mas também não as aprovava.
Não rejeitava a redução do número de freguesias mas fazia-a depender da concordância das populações.
Não punha liminarmente em causa a austeridade mas dizia que o Governo ia para além do que estava acordado.
E assim sucessivamente.
SEGURO, para se aguentar, foi dando uma no cravo e outra na ferradura.
Não chumbava as alterações às leis laborais mas também não as aprovava.
Não rejeitava a redução do número de freguesias mas fazia-a depender da concordância das populações.
Não punha liminarmente em causa a austeridade mas dizia que o Governo ia para além do que estava acordado.
E assim sucessivamente.
SEGURO, para se aguentar, foi dando uma no cravo e outra na ferradura.
Acontece que quem quer agradar a todos acaba por não agradar a ninguém.
E assim este discurso não convenceu muitos socialistas, que começaram a morder-lhe as canelas, acusando-o de fazer uma oposição frouxa ao Governo 'de direita'.
Mas também não convenceu muitos portugueses, porque cheirava a demagogia, a facilitismo, a fuga às medidas impopulares – quando todos sabem que o tempo é de exigência e não de facilidades.
Assim, o próprio Seguro foi percebendo que por este caminho não ia lá.
Que andava a fazer figura de tolinho, correndo o país de lés a lés a fingir que fazia oposição – enquanto alguns 'camaradas' comodamente sentados à secretária lhe cortavam na casaca.
Até que Seguro se cansou.
E decidiu dar um murro na mesa.
MUDOU os estatutos do partido para tentar travar António Costa, que lhe fazia uma oposição surda, e entrou em rota de colisão com a bancada parlamentar, que lhe estava a fazer uma guerra sem quartel, parecendo mais inspirada por Sócrates a partir de Paris do que fiel à linha definida pela direção legítima do partido.
«Não escondo que há dificuldades [no grupo parlamentar] que prejudicam a ação política do PS e a minha liderança», disse esta semana à TVI.
Seguro percebeu que por este caminho só se estava a desgastar, perdendo a pouco e pouco, mas inexoravelmente, o limitado poder que detinha.
A pior oposição é sempre a interna – e torna-se mais desgastante quando não se mostra.
António José Seguro decidiu, assim, citar o toiro – para o poder combater.
Decidiu ir para a luta e dizer: 'Ou eu ou eles'.
TODOS os partidos, a seguir à saída de um líder forte, passam por isto.
O PSD, depois da partida de Durão Barroso para Bruxelas, experimentou Santana Lopes, Marques Mendes, Luís Filipe Menezes e Pedro Passos Coelho.
Só acertou à quarta – quando muitos já diziam que o PSD estava em risco de acabar.
Ora o PS ainda vai na primeira experiência após a saída de Sócrates – e só por sorte acertaria já.
Acrescente-se que, quanto mais depressa Seguro cair, pior será para o seu sucessor.
Faltam mais de mil dias para as próximas legislativas.
Ora alguém aguenta mil dias na oposição, a ter de fazer diariamente declarações, a combater adversários internos e externos, a ter de inventar factos políticos, a não ter espaço para fazer promessas porque as pessoas já não acreditam nelas?
Quando a esmola é grande, o pobre desconfia.
É este, hoje, o problema dos políticos.
As pessoas já não vão em conversas da treta.
José António Saraiva, jornalista
E assim este discurso não convenceu muitos socialistas, que começaram a morder-lhe as canelas, acusando-o de fazer uma oposição frouxa ao Governo 'de direita'.
Mas também não convenceu muitos portugueses, porque cheirava a demagogia, a facilitismo, a fuga às medidas impopulares – quando todos sabem que o tempo é de exigência e não de facilidades.
Assim, o próprio Seguro foi percebendo que por este caminho não ia lá.
Que andava a fazer figura de tolinho, correndo o país de lés a lés a fingir que fazia oposição – enquanto alguns 'camaradas' comodamente sentados à secretária lhe cortavam na casaca.
Até que Seguro se cansou.
E decidiu dar um murro na mesa.
MUDOU os estatutos do partido para tentar travar António Costa, que lhe fazia uma oposição surda, e entrou em rota de colisão com a bancada parlamentar, que lhe estava a fazer uma guerra sem quartel, parecendo mais inspirada por Sócrates a partir de Paris do que fiel à linha definida pela direção legítima do partido.
«Não escondo que há dificuldades [no grupo parlamentar] que prejudicam a ação política do PS e a minha liderança», disse esta semana à TVI.
Seguro percebeu que por este caminho só se estava a desgastar, perdendo a pouco e pouco, mas inexoravelmente, o limitado poder que detinha.
A pior oposição é sempre a interna – e torna-se mais desgastante quando não se mostra.
António José Seguro decidiu, assim, citar o toiro – para o poder combater.
Decidiu ir para a luta e dizer: 'Ou eu ou eles'.
TODOS os partidos, a seguir à saída de um líder forte, passam por isto.
O PSD, depois da partida de Durão Barroso para Bruxelas, experimentou Santana Lopes, Marques Mendes, Luís Filipe Menezes e Pedro Passos Coelho.
Só acertou à quarta – quando muitos já diziam que o PSD estava em risco de acabar.
Ora o PS ainda vai na primeira experiência após a saída de Sócrates – e só por sorte acertaria já.
Acrescente-se que, quanto mais depressa Seguro cair, pior será para o seu sucessor.
Faltam mais de mil dias para as próximas legislativas.
Ora alguém aguenta mil dias na oposição, a ter de fazer diariamente declarações, a combater adversários internos e externos, a ter de inventar factos políticos, a não ter espaço para fazer promessas porque as pessoas já não acreditam nelas?
Quando a esmola é grande, o pobre desconfia.
É este, hoje, o problema dos políticos.
As pessoas já não vão em conversas da treta.
José António Saraiva, jornalista
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