No dia 2 de agosto de 1977, uma violenta explosão na mina de carvão conhecida por Chipanga 3, em Moatize (Moçambique), vitimou 64 trabalhadores que se encontravam nas galerias. No ano anterior, uma explosão idêntica fizera 98 mortos numa mina ao lado, a Chipanga 6.
Tomados de um sentimento incontrolado de dor e fúria, vingança e ódio, mineiros, familiares e populares mataram todos os engenheiros da Carbonífera de Moçambique e mais algumas chefias da empresa.
A tragédia foi sumariamente noticiada pelos órgãos de comunicação de Portugal e Moçambique, mas cedo desapareceu da agenda mediática.
Apostados em ultrapassar uma fase especialmente difícil nas suas relações, os dois países preferiram desvalorizar e abafar o assunto. Volvidos 34 anos, o Expresso investigou este episódio soterrado pelos interesses momentâneos dos dois países e que faz parte da história recente de Moçambique.
in «Expresso», 30.07.2011 [documento aqui, temporariamente]
NR: Joaquim Chissano, um antigo inquilino do Palácio da Ponta Vermelha, declarou que, caso tivessem escapado com vida, os nove massacrados teriam sido julgado e, certamente fuzilados, por terem sido negligentes nas causas dos acidentes. Marcelino dos Santos, um velho nhoca que agora se dedica às "pitas", teve à época, um comportamento selvagem. É, pois, preciso muita falta de vergonha e de escrúpulos da parte de quem integrava o governo frelimista que fuzilava sem julgamento, deu cabo da economia do país, tornou ingeríveis as empresas e lançou Moçambique numa guerra sangrenta com milhares de mortos e estropiados. Na verdade, um exemplo do partido corrupto que a Frelimo sempre foi.
Saude-se a excelente reportagens dos jornalistas do «Expresso», a melhor homenagem a todos trabalhadores mortos na tragédia de Moatize.